AGRADECIMENTOS DE DIEGO MENDES SOUSA
Por Diego Mendes Sousa Em: 21/05/2022, às 21H00
AGRADECIMENTOS
Diego Mendes Sousa
(tarde-noite de lançamento do livro “Rosa numinosa”)
Como eu sabia que ficaria visivelmente emocionado, cuidei de preparar os meus agradecimentos.
Hoje é um dia muito especial para mim. Dia de encontro com os leitores e, sobretudo, de reencontro com amigos tão queridos que fazem parte da minha atmosfera de ser humano, que pensa e sente.
Meus amigos, o exercício da literatura é árduo. Exige dedicação, devoção, sacrifício e renúncia. É na solidão que este poeta abisma o tempo com os seus fantasmas e com os seus silêncios doloridos. Quem nunca ouviu os oásis mudos? Quem nunca sentiu a explosão do mar nas entranhas?
Todos nós somos feitos de suor, sangue e lágrima, ou seja, temos algo identitário que verte a vida de antagonismos (amor / desamor, alegria / tristeza, vivência / morte) que são liames, camadas profundas da experiência humana.
Estou muito emocionado, com o coração cheio de contentamento! É a graça que recebo por anos, anos e mais anos de dedicação a uma arte tão sublime que ultrapassa este mundo tão pequeno e tão cíclico, como aquele carrossel que embarcamos na infância e nunca mais desembarcamos.
Diz Fernando Pessoa: “Meu coração é um almirante louco / que abandonou a profissão do mar.”.
Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...
No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas — esta é boa! — era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação? ...
(Fernando Pessoa)
Nunca esqueço o que fazem por mim. Sou da entrega, uma pessoa grata. Quero expressar a minha gratidão e a minha nobreza de homem perante os amigos, todos os que aqui estão presentes, nesta tarde-noite do lançamento de “Rosa numinosa”, que considero ser o ápice da minha carreira literária, que ano que vem alcançará os seus vinte anos, desde que me descobri poeta.
“Rosa numinosa” é meu décimo primeiro livro de poemas. Isto é apenas um detalhe.
Dentre os meus gestos de reconhecimento, quero agradecer ao João Batista Mendes Teles, mentor do Instituto Amostragem, que confiou o seu selo editorial, através de um generoso convite, para a publicação de “Rosa numinosa”. De modo que, “Rosa numinosa” é o primeiro livro de poemas na coleção editorial do Instituto Amostragem.
João Batista Mendes Teles é um entusiasta da literatura realizada por autores viventes no Piauí. Através do Instituto Amostragem publica vários livros, como exemplo, o importante livro Veredas da meia lua – o boi de São João da Parnaíba, de autoria do ilustre filho da Parnaíba, Benjamim Santos.
Destaco que a obra “Rosa numinosa” possui doze belas ilustrações casadas aos poemas, de criação de Paulo Moura, esse artista tão competente, que na verdade é um mestre enquanto designer editorial. Destaco também a belíssima capa feita com exclusividade e muita sensibilidade pelas mãos desse mesmo Paulo Moura.
Minha gratidão eterna aos primeiros quatro leitores de “Rosa numinosa”, que se manifestaram de primeiro, em relação ao livro, como gesto de amizade. Quero agradecer publicamente ao Ronaldo Costa Fernandes que disse: “Diego escreve com a unha em vez de caneta, por isso esta poesia que rasga a alma da gente”. Adoro essa passagem. Agradeço também à extraordinária orelha de Roberto Nogueira Ferreira, o lúcido prefácio de Clauder Arcanjo e a delicadeza da apresentação de Noélia Ribeiro.
O livro “Rosa numinosa” é dedicado ao Deputado Federal, José Francisco Paes Landim, intelectual e piauiense arraigado ao coração da pátria. Amante da Parnaíba e meu amigo.
Agradeço as palavras de Yeda Prates Bernis, Nélida Piñon, José Francisco Paes Landim e Dimas Macedo, que deram voz ao livro com pensamentos sobre a minha criação poética.
Alguns poemas de “Rosa numinosa” apresentam dedicatórias, com isso, quero reafirmar a minha admiração por Miriam Castelo Branco, por Moisés Chaves, pelo formidável romancista Márcio Souza, por Fonseca Neto, por Celso Barros Coelho Neto, por Regis de Moraes Marinho, além das saudosas lembranças de Stella Leonardos e de Jorge Tufic, com quem convivi e tive experiências inesquecíveis. Essas homenagens foram escritas com muita verdade, páginas sensíveis de viva vivida.
Agradeço ao Dílson Lages Monteiro pela feliz ideia deste acontecimento!
Agradeço à simbólica presença de Antonio Cicero, que é filho dos ilustres piauienses Amélia Correia Lima e Ewaldo Correia Lima.
O sangue de Antonio Cicero é íntimo da terra onde conheci o mundo e me fiz escritor. Tive o privilégio de organizar a primeira antologia poética da brilhante carreira literária de Antonio Cicero. Ele que é imortal da Academia Brasileira de Letras, compositor de inúmeros sucessos da música popular brasileira e autor do célebre poema “Guardar”.
Sua presença aqui reverte-se de importância, por seu valor na historiografia deste país. Preservo você, querido Antonio Cicero, no coração. Você que sempre abriu os seus braços para que este poeta encontrasse caminhos. Minha gratidão. Sou seu perene admirador.
Agradeço igualmente as fortes leituras de encantamento de amigos pessoais que dão voz à literatura de onde venho. Meus aplausos ao Daniel Glaydson Ribeiro, Decio Machado, Francisco Carlos Pontes, Jailson Júnior, Jairo Nunes Leocádio, Luiz Ayrton Santos Júnior, Rogel Samuel, Décio Torres Cruz e Adriano Gonçalves. O brilhantismo das suas apresentações ficará indelével na minha memória. Gratidão, só gratidão.
Agradeço ainda às notáveis presenças de Antonio Carlos Secchin (imortal da Academia Brasileira de Letras), Julio Lellis; Vanize Lemos; Cilsa; Luiz Otávio Oliani; Teresa Maria Fontenelle Sousa; Francisco Pereira Filho; Maria do Carmo Mendes Souza; Murilo Moreira Véras; Marcos Airton de Sousa Freitas; Adriano Espínola; Rossana Silva; Mardson Soares; Kori Bolívia; Josiel Barros; Gisleno Feitosa; Glória Fontes Puppin; Cecy Barbosa Campos; Cesar A. S. Nascimento; Benjamim Santos, Jota Cunha, J. L. Rocha do Nascimento, Vanda Santana, Morgana Sales, Sérgio Nunes, Natanael Lima Jr., Alberto Araújo do Focus Portal Cultural e outros amigos que por aqui passaram e eu não consegui registrar.
Oferto o meu amor para a Musa Altair, a grande respiração da minha linguagem, a susana da minha vida.
Esta tarde-noite foi um passeio pelo conhecimento, pela força das imagens e pela beleza que o tempo nutre pela inteligência e pela sensibilidade.
O PIAUIENSE
Andarilho das percepções do tempo
o meu ser piauiense tem rosto
e sangue de Capivara
os Tremembé, os Tabajara, os Potiguara
todas as etnias extintas
transpuseram léguas de Caatinga
a roçar no Cerrado das Serras
Confusões, Pradarias, Sete Cidades
até alcançarem o oceânico
Poti, Canindé, Longá
do mar do Piauí
que se desmemoria
no Delta do Rio Parnaíba
em ilhas, dunas, guarás...
Igaraçu
paisagem barrenta
alma de lama
dos caranguejos
e exílio da noite
dos siris...
O Rio Parnaíba
em seu curso
de peregrino
caminha em estirão
por dentro
da Mata de Cocais
e suas águas sibilinas
com braços fecundos
de espanto
são outros retratos
Atalaia, Arrombado, Peito de Moça
Coqueiro, Macapá, Maramar,
Barra Grande, Barrinha
espelhados
no olhar abismado
e celestial das xananas
Oeiras, Teresina,
Parnaíba...
cajuína
cajueiros e cajus
os bodes as éguas
os vaqueiros
os horizontes
de carnaúbas
e os carnaubais
no assobio
desse vento Nordeste
que atravessa também
a existência das cousas
campos verdes, chapadas,
lagos e lagoas
terra dos piaus
terra dos piagas
Piauí... meia
geográfica brasileira
que calça
o meu sentido
de pertencimento
e não peço novo nome
para a minha origem,
sou daqui!
(Diego Mendes Sousa)
Meu muito, muito obrigado a todos vocês!
Parnaíba, costa do Piauí, 21 de maio de 2022.
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ACESSE O REGISTRO DO LANÇAMENTO DE "ROSA NUMINOSA" (2022), DE DIEGO MENDES SOUSA:
https://youtu.be/Pbn11k_KJkY