[M. T. Piacentini]

O sabiá não sabia nadar.

Pelé sofreu um ferimento na pele.

Em maio não se usa maiô.


Observe que as palavras sabiá, Pelé e maiô foram acentuadas para que pudessem ser lidas corretamente. Sem o acento, nós as leríamos como paroxítonas: saBIa, PEle, MAIo (a penúltima sílaba forte). Por que Telê tem acento? Porque a pronúncia é diferente de tele (telecomunicações). O coco-da-baía, por exemplo, não precisa de acento, pois é um paroxítono natural, como soco, bolo, tolo, mofo. A exceção é que deve ser acentuada (cocô).


Oxítonas são chamadas as palavras cujo acento tônico cai na última sílaba.


1. Assinalam-se com acento agudo ou circunflexo os vocábulos oxítonos que terminam em A, E, O seguidos ou não de S:


Iaiá ia ao parque comigo.

Na sua casa tem um pé de cajá.

Pepe veio receber seu cachê.

Vi jacarés nadando no rio.

Acabou o jogo de dominó.

Seus dois avôs usavam chapéu-coco.


Nesta regra se incluem as formas verbais seguidas de pronomes: contá-lo, amá-la, dizê-lo, magoá-las, marcá-la-ei, fá-lo-á, fê-los, movê-las-ia, pô-los, qué-los, dá-nos, etc. (ver também Não Tropece na Língua 251).


2. Marca-se com o acento agudo o E da terminação em ou ens:


Tem alguém aí?

Os que eram louvados são agora mencionados com desdém.

Vários nenéns foram doados ilegalmente.


É necessário colocar acento gráfico na última sílaba de palavra acabada em EM (ou seu plural ENS) para ela não ser lida como paroxítona, como em: forem, morem, desdenhem, cosem, acalmem, bebem, cedem etc. (verbos) ou imagem, imagens, garagem, plumagem, nuvem, item, itens, hifens, liquens, jovens, totem (substantivos) etc. Quando a palavra é monossílaba, o acento não é necessário: nem, vem, sem, tem, cem, quem, bem, trem, tens, vens, bens.


3. Usa-se o acento agudo nas palavras oxítonas com os ditongos abertos éis, éu(s) ou ói(s): anéis, corcéis, fiéis, papéis; céu, chapéus, ilhéus, véu; constrói, corrói, destrói, herói, sóis.


4. Terminação em I e U. Observe:


Aqui estão os livros. Desculpe, não quis feri-lo. Chamou à parte os gurupis.

O urso-panda come bambu. Vendem-se perus congelados. Eles parecem urubus.


Não há necessidade de acentuar graficamente aqui, feri-lo, gurupis, bambu, peru, urubus, por exemplo, porque pronunciar fortemente a última sílaba de palavras terminadas em i e u é o natural. Mas repare que em todos os exemplos o i ou o u formaram sílaba com outras letras (qui, ri, pis, bu, rus, bus). Porém, quando o i e o u estão sozinhos na sílaba, devem ser acentuados:


Sai já daqui – já saí. Ontem caí da escada como laranja cai do pé. Daí disseram: dai-nos seu perdão. Concluí que o tolo jamais conclui com acerto. Ai, como deve doer.

Atravessou a vau carregando um baú. Nas naus portuguesas havia muitos baús. Maus elementos não entram no grupo Emaús.


O hiato, portanto, é a razão de algumas formas verbais serem acentuadas e outras não. Exemplos: atraí-lo, distraí-la, traí-los, construí-la, subtraí-los, distribuí-los, atribuí-lo, destruí-la, instruí-lo, constituí-lo. Mas: admiti-lo, abri-las, adverti-las,  muni-lo, fingi-lo, permiti-nos, garanti-lo, persegui-las, consegui-los.


MONOSSÍLABOS TÔNICOS


Na regra dos oxítonos se incluem os monossílabos tônicos, palavras de uma só sílaba com pronúncia forte. Assinalam-se com o acento agudo os que terminam em a, e, o abertos, e com o acento circunflexo os que acabam em e, o fechados, seguidos ou não de s: pá, pé, pó / pás, pés, pós; dê, dês, vô, vôs; Sé, lá, lê, dá, nó, nós, vó, vós