Aborto: bandeira machista

Pouca coisa - ou nenhuma - pode haver, mais machista que o aborto. E o supra-sumo do machismo é, justamente, a prática do aborto seletivo contra meninas, largamente espalhada em países asiáticos como Índia e China, mas que também atinge o Ocidente. Temos notícia do feticídio machista na Suécia e nos Estados Unidos; com certeza o Brasil também não escapa.
Essa prática nefanda surgiu com a possibilidade de identificar o sexo da criança através da ultra-sonografia. A invenção que, em si, deveria contribuir para aumentar o respeito para com os nascituros - já que ela ajuda a desvendar os mistérios dessa maravilhosa vida intra-uterina - acabou por estimular um desrespeito maior.
Ainda há quem diga que o aborto é um "direito da mulher". Só se for o direito de ser exterminada.
Mesmo sem esse "massacre das inocentes" já denunciado até em Seleções, o aborto sempre foi um crime que identifica os machistas. É a atitude do libertino, donjuan ou casanova, que seduz e engravida namoradas de ocasião (até porque hoje em dia não se namora, "fica-se", e o conceito cristão de namoro é ignorado por muitos) e depois diz a ela que "tire" - característico eufemismo, pois "tirar" no caso significa "matar". A linguagem dos abortistas, de resto, é altamente eufemística: matar a criança passou a ser "interromper a gravidez".
E muitas delas são menores de idade.
Outra típica atitude machista é a do pai ou marido que decide o aborto por conta própria. Quantas mulheres, quantas meninas são induzidas, coagidas e intimidadas para abortar! Nos piores casos elas são espancadas e levadas sob sequestro ao abortório. As feministas em geral silenciam sobre detalhes desse tipo.
Na verdade, nesse assunto, machistas e feministas são unha e carne; poderiam dar o braço e passear na avenida, para usar uma expressão que minha saudosa mãe costumava empregar para se referir a pessoas de comportamento semelhante.
E o pior é que essas pessoas - homens em sua maioria - que empurram grávidas em situação difícil para a solução fácil mas impiedosa do aborto, depois que a mulher arruina a sua vida (o remorso é terrível) abandonam-na à própria sorte.
No grande filme "Blood money" (Dinheiro de sangue), produzido e dirigido por David Kyle e exibido no Brasil com o título eufemista de "Aborto legalizado", ocorre o doloroso depoimento de uma mulher que foi empurrada para o feticídio pela família em peso, como se fosse uma obrigação. E quando ela resolveu comparecer no abortório, ninguém sequer a acompanhou nem para dar apoio moral. E lá ainda tiveram a caradura de lhe dizer: "Em dez minutos você esquecerá tudo!"
A esta infâmia, a pobre vítima comentou com trágica ironia: "Dez minutos? Eu estou no inferno há vinte anos!"