A vida é estranha
A vida é estranha

 Quando a gente acha que tem todas as respostas vem a vida e muda todas as perguntas...

Luis Fernando Veríssimo

Margarete Hülsendeger

A vida é estranha. Estamos sempre correndo. De lá para cá. De cá para lá. Agimos como se o mundo fosse, a qualquer momento, deixar de existir. No próximo instante. Muitas vezes, até esquecemos do porquê corremos, tão acostumados que estamos a apenas correr.

A vida é estranha. Estamos sempre lutando. Brigamos com os outros e até com nós mesmos. Quando nos questionamos sobre por que lutamos, geralmente respondemos: “Luto para sobreviver”.

Sobreviver a quê? Sobreviver a quem?

E se lutamos tanto é porque algo queremos conquistar. Um objetivo desejamos atingir. Mas, qual será ele? Será que sabemos? Será que você sabe?

A vida é estranha. Estamos sempre sofrendo. Sofremos por tudo e por todos. Sofremos até quando não há necessidade de sofrer. Quem sabe, o sofrimento não se tenha tornado uma forma de expiar as nossas culpas.

Culpa do quê? Culpa pelo quê?

Não interessa. Há muito tempo descobrimos que não precisamos de desculpas ou motivos para nos sentirmos culpados.

A vida é estranha. Estamos sempre sonhando. Sonhamos em ter e esquecemos de sonhar com o ser. Queremos que os nossos filhos sonhem os nossos sonhos e nos martirizamos quando eles não o fazem. Corremos e lutamos para concretizar o que sonhamos. No entanto, passamos boa parte de nossas vidas sofrendo e nos culpando por não conseguirmos realizar metade do que imaginamos.

A vida é estranha. Queremos ser o que não somos. Exigimos que os outros sejam como nós acreditamos que somos. E, no final, acabamos esquecendo tudo isso porque nos perdemos correndo, lutando, sofrendo e sonhando. E quando a morte finalmente chega, ela não quer saber. Lá vamos nós com nossas culpas e sonhos tentar mais uma vez, nos minutos finais da nossa existência, entender por que a vida nos pareceu tão estranha.