A TÍTULO DE POSFÁCIO
Por Elmar Carvalho Em: 26/02/2016, às 13H02
ELMAR CARVALHO
Em janeiro de 2010 a minha filha Elmara Cristina criou o Blog do poeta Elmar Carvalho (poetaelmar.blogspot.com.br), cuja postagem mais antiga data do dia 22.01.2010. No dia 17 desse mês e ano, fiz o primeiro registro deste Diário, publicado no blog no dia 23. No início, as notas eram mais curtas e não tinham título; traziam apenas a data em que foram escritas. Com a publicação na internet (no meu e em outros sítios informáticos), senti a necessidade de lhes intitular.
No entusiasmo dos primeiros registros, fazia duas, três ou mais matérias por semana, para que a obra mais se ajustasse à sua denominação. Posteriormente, optei por fazer apenas uma (no máximo duas). Passei a lhes dar um caráter mais de crônica, e, às vezes, de artigo ou de pequeno ensaio. Na medida do possível, tornei mais denso e aprofundado o conteúdo dessas anotações diarísticas. Seja como for, sem este Diário e sem o blog, com a consequente possibilidade de publicação imediata, eu não conseguiria a motivação e o ensejo de escrever as centenas de textos que escrevi.
Ainda há pouco, nesta manhã agradável e quase chuvosa, em que rolinhas “fogo-apagou” e bem-te-vis cantavam alegremente, contemplei as árvores do quintal vizinho, a farfalharem ao vento, vestidas de intenso verde, entre as quais se destacava uma gigantesca cajazeira, que durante boa parte do período de estiagem se apresenta desnuda, como se tivesse morrido. Sem esta crônica diarística, é evidente que esses ínfimos fragmentos temporais e de vida ficariam para sempre esquecidos. A muitos acontecimentos efêmeros tentei dar a possível e talvez vã perenidade literária.
Como o Diário já completou mais de seis anos (17.01.2010 a 25.02.2016) pude fazer o registro de acontecimentos importantes da cultura e da vida literária piauienses. Em suas páginas, homenageei os noventa anos da vida de meu pai. Narrei em sentidas crônicas a morte de minha mãe e de pessoas amigas, bem como a das cachorrinhas Belinha e Anita. Portanto, como Humberto de Campos, sepultei os meus mortos nestas páginas elegíacas e evocativas do panteão de minha saudade. Para mim eles ainda estão vivos, e fizeram apenas uma viagem para outra dimensão, onde algum dia os reencontrarei.
Ao longo desses seis anos feri os mais variados assuntos. Às vezes rememorei uma conversa instigante; comentei alguma leitura agradável ou enriquecedora; relembrei, aproveitando algum ensejo ou “gancho”, algum fato importante da história piauiense e também de sua literatura; discorri sobre acontecimentos da atualidade e aproveitei para contar fatos que reputei interessantes, dentre os que observei, os de que participei ou mesmo acaso os de que tenha sido protagonista.
Aqui estão insertos os “Retratos” de minha mãe e de meu pai, que publiquei em opúsculos, na época em que foram elaborados. Muitas crônicas foram inseridas em Confissões de um juiz e Amar Amarante. Aliás, um leitor atento, que acompanhou a publicação desses textos na internet, me observou, com muita argúcia e pertinência, que eles, coligidos por temas, dariam vários pequenos livros.
Procurei, com todo zelo e esforço de que fui capaz, dar aos registros deste Diário uma dignidade literária, em que tentei verter o conteúdo em boa taça. E lutei para que a sua forma pudesse ter graça e beleza. E emoção, se fosse o caso. Em suma: aqui estão fixadas nesgas de minha alma, de meu espírito e de meus sentimentos.