O inicio da Ode III de Horacio assim traduzimos e nos diz:
Para a nave que leva Virgilio
Nave, que leva Virgilio, você leva
A metade de minha alma.
Por isso peço à amorosa deusa
de Chipre e ao pai dos ventos
que o restituam a salvo
para as areias Áticas
Como fizeram aos irmãos da bela Helena,
brilhantes astros.
O seguimento da ode é de difícil e trabalhosa tradução. Faz uma reflexão sobre os perigos do mar.
Minha primeira professora de latim na Faculdade foi Z. Autran. Na época havia latim no
vestibular. Não me lembro como se escrevia seu primeiro nome. Era tia de Paulo Autran.
Certa vez ficamos dias reunidos para traduzir uma Ode horaciana. O texto não fazia sentido.
Nunca estudei tanto quanto naquele tempo o latim.
Mas eu era burro mesmo e tinha péssima memória.
Meu professor de latim no Vestibular foi Antonio Pio. Um verdadeiro gênio. Lia no original
o texto latino como quem lê português. Anos depois foi professor da Universidade mas
aposentou-se cedo, vítima de doença misteriosa. Voltou para Franca, SP, e nunca mais o vimos.
Depois de dias de luta com uma estrofe de Horácio, recorremos a ele. E ele, como quem toma um
jornal, deu uma olhadela nos versos e logo disse:
- Não dá sentido porque esta palavra aqui não é latina, mas grega. E imediatamente nos dava a tradução.