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CONCHITA del Carmen esperou que o homem se voltasse.

 

Não havia ninguém naquela rua. Rua estreita, na Vila de Transvaal. Ladeira. Exuberância de plantas e flores. Do Rio Jordão, que ali passava, no fim da descida. Dois gatos se lambiam na calçada. Conchita, sentada numa cadeira de embalo, olhava o homem e lixava as unhas. Fernandinho de Bará, nervosamente, sorriu para ela quando o homem se voltou. Fernandinho estava de pé, ao lado dela, sob begônias. Antes que o homem se voltasse, ela não tinha reparado bem, distraída, examinando as unhas, a revista francesa caída sobre o colo. Conchita del Carmen uma mulher gorda, muito gorda e muito sexy.



 

ERA De Bará um travesti de meia idade. Começara a vida ali, como faxineira, contratada pelo patrão, o turco Pedrosa, de quem foi amante nos primeiros dias. De Bará, então nova, bela menina, pernas grossas e sorriso fácil, índia de cor clara. Discreta. Tímida. Meiga. O patrão, Pedrosa, sócio do prefeito, homem magro, careca e bigodudo, ficou com ela desde que ela chegou do Celismar, no Rio Embira, especialmente para aquele lugar famoso em toda a região amazônica - corrido pelo pai, que queria matá-lo depois que soube das coisas. O escândalo na Vila do Celismar criou fama.