John D. Sörensen, fotógrafo  dinamarquês.
John D. Sörensen, fotógrafo dinamarquês.

                                                                                   Reginaldo Miranda*

No mês de agosto de 1839, em sessão conjunta das academias de Belas-Artes e de Ciências, deu-se em Paris a comunicação oficial da invenção do daguerreótipo, evento anunciado no Brasil por meio de uma notícia veiculada no Jornal do Comércio, do Rio. Porém, ainda não conseguia registrar a imagem de objetos em movimento.

No entanto, para alegria de seu inventor Mandré Daguerre, ainda em 1839, de maneira acidental consegue ele retratar o primeiro ser humano, ao visar a imagem de um bulevar em Paris. Estava, assim, completada a invenção, necessitando apenas de pequenos aperfeiçoamentos. Esse invento fora recebido com euforia em todo o mundo, como símbolo de modernidade, vez que antes, somente a preço altíssimo, através de litogravuras, pinturas, esculturas e aquarelas se reproduziam imagens.

O Brasil absorve com rapidez o novo invento, por obra e graça do imperador Pedro II, primeiro fotógrafo brasileiro, primeiro soberano-fotógrafo do mundo. Ainda em dezembro de 1839, um francês radicado em S. Paulo, Hércules Florence divulga o resultado de suas experiências com o novo aparelho. Em março de 1840, o imperador adquire seu equipamento de daguerreotipia, antecipando-se em oito meses à sua comercialização no Brasil e já em 1841, se exercita na nova arte. Por esse tempo o Jornal do Comércio (edição de 17.1.1840) noticia de maneira eufórica a existência do primeiro ensaio fotográfico brasileiro, ocorrido na hospedaria Pharoux, no Rio de Janeiro. E dessa forma, o invento se populariza no Brasil.

Sempre primando pelo pioneirismo, o imperador Pedro II, em 8 de março de 1851, concede seu imperial patrocínio a um fotógrafo, e em seguida confere o título de Fotógrafo da Casa Imperial a Buvelot & Prat, antecipando-se dois anos à rainha Vitória, da Inglaterra, conforme lembra a historiadora Lilia Moritz Schwarcz, em seu livro As Barbas do Imperador. Era seu desejo divulgar a imagem de modernidade de seu reino.

Em pouco tempo a Corte estava repleta de novos especialistas que, logo passam a outras capitais e até cidades do interior. Entre 1840 e 1855, daguerreotipistas ou fotógrafos itinerantes visitam várias localidades em busca de clientela na aristocracia rural brasileira, revelando imagens interessantes. Na década de sessenta um importante filão são os fazendeiros do vale do Paraíba, de Minas Gerais, Bahia, etc.

Na busca de novos clientes invadem o nordeste, chegando a Teresina e cidades do interior com seu novo invento. A clientela era sempre os fazendeiros e suas famílias. Ao que sabemos, o primeiro fotógrafo que andou no Piauí foi o dinamarquês John D. Sörensen, em princípio do ano de 1872. Percorreu o vale do Gurgueia fotografando diversos representantes da sociedade rural piauiense. Deixou em Jerumenha um seu retrato com dedicatória a um nosso parente datado de 2 de fevereiro daquele ano (a cópia ilustra a presente matéria). Em 1883, foi a vez do fotógrafo francês E. B. Brobié visitar o Piauí, percorrendo várias cidades do interior. Estava, assim, o Piauí inserido na rota dos fotógrafos itinerantes e no contexto da fotografia.

Evidentemente, a realização de pesquisa nos arquivos relativos à segunda metade do século XIX, principalmente nos jornais da época, deve trazer mais alguns dados sobre esse assunto. Para o momento, são essas as informações disponíveis.  

(Meio Norte, 2.2.2007).

_____________________________

REGINALDO MIRANDA, autor de diversos livros e artigos, é membro efetivo da Academia Piauiense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí e do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-PI. Atual presidente da Associação de Advogados Previdenciaristas do Piauí. Contato: [email protected]