A completa realização de P'ang Yün 

Rogel Samuel


Primeiramente o texto tece o tempo. Não existe. O passado não existe, é passado. Não tente lembrar o passado. Deixo-o onde está. Onde (não) está. 
O presente não é tangível. Passa rápido. Ao tocá-lo já é outro, já não é.
Quanto ao futuro... que futuro? Qual futuro? Ainda nada sabemos dele. Não é pensável, antes.
Não tente julgar, não avalie as coisas que vierem aos olhos: não existe ordem a ser mantida nem sujeira a ser limpa.
O dharma não tem vida (nem não vida). 
A realização está completa.
Assim é o poema:

“A realização última 

P'ang Yün 


O passado já é passado 
Não tente recuperar. 

O presente não fica 
Não tente tocá-lo. 

Momento a momento 
O futuro não veio 
Não pense nisto 
Antes. 

Tudo que vem ao olho, 
Deixe que seja 
Não há nenhuma ordem 
A ser mantida, 
Não há nenhuma sujeira 
A ser limpa. 

Com a mente realmente vazia 
Penetrado, o dharma 
Não tem nenhuma vida. 

Quando puder estar assim, 
Você completou 
A realização última. 

P'ang Yün”.