Escritora Graça Vilhena, ladeada pelo poeta Diego Mendes Sousa
Escritora Graça Vilhena, ladeada pelo poeta Diego Mendes Sousa

Graça Vilhena é nome festejado entre os cultores da poesia de excelência. Escritora de um lirismo ímpar que desnuda a voz feminina e aspectos identitários do Piaui, sem perder de vista a dimensão universal da linguagem, ela acaba de ofertar aos seus leitores, por meio da ação editorial do editor-mor do Piauí, Cinéas Santos, uma coletânea completa de seus poemas. A publicação tem como título Poesia Reunida de Graça Vilhena.

O lançamento aconteceu na Oficina da Palavra,  casa de promoção de eventos culturais em Teresina, em ação coletiva. A obra de Graça foi apresentada pelo professor José de Nicola, que veio de São Paulo, exclusivamente, para a apresentação.Ganharam visibilidade no evento, edições da Poesia Reunida de Paulo Machado, além de antologia de Da Costa e Silva e Salgado Maranhão. 

A edição foi produzida, sobretudo, para as bibliotecas de escolas públicas do Piauí sob o patrocínio da Lei Audir Blanc. A poesia de Graça Vilhena será tema em breve do Círculo Literário Virtual de Entretextos, projeto de leituras compartilhadas que ocorre mensalmente em meio virtual.

BREVE BATERIA DE POEMAS DE GRAÇA VILHENA

 

CANÇÃO PARA NINAR MENINO GRANDE

Dorme menino grande
em tuas remotas manhãs
dorme sujo de quintais
de goiabeiras e romãs

Dorme que o vento lá fora
nos papagaios de seda
assovia tua canção

Dorme menino grande
dorme que a eternidade
precisa dormir também.

POEMA COMUM

A moça do sim entrou no bar
olhou em volta, o coração em flor
enfeitava-lhe os cabelos
cuspiu semente de noites pelos olhos
e preparou a boca ardentemente
para os beijos mudos.

Desapareceu na noite
gargalhou a madrugada
e voltou sozinha na manhã

Tentou encarar seu destino
no ralo da pia
mas o peso da lágrima
foi mais forte
transfigurada
recolheu o coração
murcho de engano
fugiu no sono
e sonhou que vivia.

O ENCONTRO

Vinha pelo beco
ia pela vida
seco de solidão
de repente se encontrou
na mulher perdida.

DESEJO
Teu olhos queimam meu corpo
quero ser arada
pelas tuas mãos
quero gemer ser pisada ser ferida
pelo teu beijo de semente
depois o descanso
teu suor moreno
chovendo sobre mim.

OUTUBRO
O amor acabou
mas é outubro
e respiro o perfume desse alívio
como se respira os lírios
e a flor da sapucaia.

O amor acabou
meu coração passeia
por sobre as veias quentes das calçadas
bebendo o sangue dos oitizeiros
se avivando nos pau-d'arcos.

O amor acabou
mas é outubro
meu coração amadurece doce de sol
nos cajus e mangas-rosas
da cidade

LEIA ENTREVISTA DE GRAÇA VILHENA A ENTRETEXTOS

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