Acompanho a poesia de Maria Azenha desde muito tempo. Desde 2002, com Nossa Senhora de Burka, Editora Alma Azul. A sua poesia tem uma marca: fala do inusitado, do que que está além (ou aquém) do alcance do sentido.
“o futuro é uma água gelada que se esconde atrás das portas
enverniza as unhas”
Azenha é a poética das águas, da água alucinada, do ninho escondido no refúgio das mãos, do garfo atravessado na língua.
Podemos fazer muitas perguntas ao texto, mas os lábios, as aranhas, as lâminas, a ilha com uma flauta, a poesia é visual, é sonora, feita de ossos do ofício e alguma paciência, o poema (como aquele homem) diz, vai responder: sou um poço.
É por isso que ali se encontra um poema para Amy Winehouse, que no céu da boca pendurou o coração, entrou no mar sem norte.
A poesia do inusitado que se encontra nos espelhos que dão adeus aos mortos, é porque a poesia de Azenha é toda esotérica e mágica, irrompe do círculo das horas, do ponto mais azul, da poesia da boca, que é um instrumento do sol, até a biografia de Azenha faz uma poética inusitada, pois ela diplomou-se em Ciências Matemáticas, escreveu em Portugal e publicou no Brasil.
e sei que o mundo abriu uma fenda
em sua iluminada ferida
de alvura
digo então da minha prisão de vidro
.......................
só depois adormeço ao som da chuva...
NUM SAPATO DE DANTE
A coleção Ponte Velha, publicada pela Escrituras Editora com o apoio do governo de Portugal – Secretaria de Estado da Cultura e Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), apresenta Num sapato de Dante, da escritora portuguesa Maria Azenha.
A poesia de Maria Azenha é um algoritmo em que as incógnitas conspiram, e tornam-se cúmplices do silêncio e do infinito. É uma matemática feita de objetos fractais, roturas para com a normalidade. Um testemunho sobre o que vagueia sem limite ou função. Um voo rasante nos abismos dos céus. A palavra “mudou-se para o teto”, como o corpo, “num sapato de Dante”.
“Avisa a autora”, diz João Lutas Craveiro no texto das orelhas do livro, “que o poema também é feito de palavras por inventar, servindo-se das coisas do mundo: solidão, noite, folhas, lâminas. Facas, lábios. Aranhas. O cansaço que se esconde nas dobras de todas as alvoradas. Trocando as voltas às palavras de Maria Azenha: O poema é um louco que queima os pensamentos. O que é um poema? O poema é uma criança que atravessa a rua ‘com uma flor de cinzas na boca’ ”.
A poesia de Maria Azenha é um algoritmo em que as incógnitas conspiram, e tornam-se cúmplices do silêncio e do infinito. É uma matemática feita de objetos fractais, roturas para com a normalidade. Um testemunho sobre o que vagueia sem limite ou função. Um voo rasante nos abismos dos céus. A palavra “mudou-se para o teto”, como o corpo, “num sapato de Dante”.
“Avisa a autora”, diz João Lutas Craveiro no texto das orelhas do livro, “que o poema também é feito de palavras por inventar, servindo-se das coisas do mundo: solidão, noite, folhas, lâminas. Facas, lábios. Aranhas. O cansaço que se esconde nas dobras de todas as alvoradas. Trocando as voltas às palavras de Maria Azenha: O poema é um louco que queima os pensamentos. O que é um poema? O poema é uma criança que atravessa a rua ‘com uma flor de cinzas na boca’ ”.
Outros detalhes
Páginas:
80
Texto das orelhas:
João Lutas Craveiro
Peso:
110 g