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 A PANTERA (3) - ROGEL SAMUEL

Porque Jara me impeliu como queria não sei o que, saímos dali e pelo caminho entramos alto e selvagem, naquele ar sem estrelas, naquele mundo sem nome e sem traço, à morte acreditando que eu colhia de um largo rio à margem dirigindo, Jara me fez parar e então, baixando os olhos fui vendo uma flexa especada, mas dela, serena, o gesto me fazia, sem vozes, sem blasfêmia, arco em punho:

- Por aqui, meu, Jara dizia, e enquanto assim dizia a terra tremeu num solavanco e foi tão forte o movimento que do medo da terra lacrimosa rompeu um vento e um clarão rompeu avermelhado, como de um sono profundo fui tirado por aquele hórrido estampido, estremecendo.

Mas a Jara perscrutou por saber onde se achava e a tudo no lugar sinistro atenta.

- Temos de partir, nos afastar, - me disse ela, na sua linguagem selvagem, da força daquele vale tenebroso:

- Eia! – disse ela, nos afastemos da treva do mundo – ela me disse enfiando-se por uma descida: “Eu descerei primeiro, tu segundo”. Tornei-lhe, a palidez sua notando:

- “Como hei-de ir, se és de espanto dominada, quando segurança e conforto estou de ti esperando”?

- “Vamos, - disse-me ela, sem se deter – essa jornada exige pressa, porque o abismo a estreitar-se já começa -  e escutei, vibrando no ar do espaço inteiro os murmúrios longínquos das bombas que estrugiam, e eu vi que no meio da selvagem terra nós fugíamos da guerra, sem parar, pela selva penetrando e longe ainda divisando, o hemisfério das trevas alumiando, dali distante de onde nos achávamos, mas não tanto que não discerníssemos em parte o clarão brilhante e o rumor que a nós vinha, como que saíssemos de um fúlgido castelo de aspecto majestoso cujos altos muros, cercados por sombras inimigas e malévolas.