A PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS
Por Obras integrais Em: 13/04/2017, às 16H22
Passion Unseres Herrn Jesu Christi
Nach dem Evangelisten Matthäus
Musik: Johann Sebastian Bach
Text: Christian Friedrich Henrici,
Música: Johann Sebastian Bach
Texto extraído das Sagradas Escrituras
com comentários poéticos de C. F. Henrici,
conhecido como Picander
Primeira parte
Jesus é ungido em Betânia
(Mateus 26, 1-13)
Nº 1. CORO, CORAL
Coro
Venham, filhas; ajudem-me a chorar!
Olhem! (quem?) O noivo.
Olhem-no! (como?) Como um cordeiro.
Olhem! (o quê?) A sua paciência.
Olhem! (para onde?) Para as nossas culpas.
Olhem-no! Por amor e clemência
Ele carrega a madeira da própria cruz.
Coral (Sopranos “in ripieno”)
Ó inocente Cordeiro de Deus,
Sacrificado no tronco da cruz,
Sempre paciente;
Apesar de seres desprezado,
Suportaste todos os nossos pecados.
Sem ti teríamos nos desesperado.
Compadece-te de nós, Jesus!
Nº 2 Recitativo (26, 1-2)
Evangelista (EV):
Quando Jesus terminou suas palavras,
disse aos seus discípulos:
Jesus:
Bem sabeis que daqui a dois dias
será celebrada a páscoa e, o filho do homem
será entregue
para ser crucificado.
Nº 3 CORAL:
Amantíssimo Jesus,
em que transgrediste,
para que caia sobre ti
tão severa sentença?
Qual é a tua culpa?
Que más ações cometeste?
Nº 4 Recitativo (26, 3-4)
EV.
Então reuniram-se os principais sacerdotes,
os escribas e os anciãos da cidade
no palácio do sumo-sacerdote,
que se chamava Caifás. E resolveram buscar
o modo de prender a Jesus com ardis, para matá-lo.
Mas disseram:
Nº 5 Coro (26, 5)
Que não seja durante a festa (páscoa),
para não provocar tumulto no povo.
Nº 6 Recitativo (26, 6-7)
EV.
Estando Jesus em Betânia,
em casa de Simão, o leproso,
aproximou-se dele uma mulher
que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo precioso, e lho derramou sobre a cabeça,
estando ele reclinado à mesa.
Quando os discípulos viram isso,
indignaram-se, e disseram:
Nº 7 Coro (26, 8-9)
Para quê esse desperdício?
Este perfume poderia ter sido vendido por alto preço
e o lucro dado aos pobres.
Nº. 8 Recitativo (26, 10-13)
EV.
Jesus, porém, percebendo isso, disse-lhes:
Jesus
Por que molestais esta mulher?
pois praticou uma boa ação para comigo.
Porquanto os pobres sempre os tendes convosco;
a mim, porém, nem sempre me tendes.
Ora, derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo,
fê-lo a fim de preparar-me
para a minha sepultura.
Em verdade vos digo que onde quer que for pregado
em todo o mundo este evangelho,
também o que ela fez será contado
para memória sua.
Nº 9 Recitativo (Contralto)
Salvador bem amado,
Enquanto teus discípulos imprudentes
Murmuram vendo esta piedosa mulher
Preparar com ungüento o teu corpo
Para a sepultura,
Permite-me que, enquanto isso,
Meus olhos vertam sobre a tua cabeça
Um copioso fluxo de lágrimas.
Nº 10 Ária (Contralto):
Contrição e arrependimento
Torturam o meu coração culpável.
Que minhas lágrimas tornem-se para ti,
Fiel jesus, em agradáveis aromas.
A Última Ceia
(Mateus 26, 14-35)
Nº 11 Recitativo (26, 14-16)
Ev.
Então um dos doze discípulos,
chamado Judas Iscariotes
foi aos principais dos sacerdotes e lhes disse:
Judas:
Que me dareis se o entregar a vós?
Estou disposto a traí-lo.
Ev.
Ofereceram-lhe trinta moedas de prata,
e a partir de então procurava ocasião
para traí-lo.
Nº 12 Ária (Soprano):
Sangra, querido coração!
O menino que criaste,
que amamentaste no teu peito,
ameaça assassinar-te,
pois converteu-se em serpente.
Nº 13 Recitativo (26,17)
Ev.
No dia primeiro dos pães asmos,
aproximaram-se de Jesus os seus discípulos
e lhe perguntaram:
Nº 14 Coro:
Onde queres que façamos os preparativos
para a ceia da páscoa?
Nº 15 Recitativo (26, 18-22)
Ev.
Ele lhes disse:
Jesus:
Ide à cidade, a casa de fulano
e dizei-lhe: o mestre encarregou-me de dizer-te
que a sua hora se aproxima
e quer celebrar, na tua casa, a páscoa
com seus discípulos.
EV.
E os discípulos fizeram
como Jesus lhes havia ordenado
e prepararam a páscoa.
E ao entardecer, sentou-se à mesa
com os doze.
E quando estavam comendo, lhes disse:
Jesus:
Em verdade vos digo
que um de vós me trairá.
Ev.
Eles se entristeceram profundamente,
e, um por um, lhe perguntaram:
Coro:
Senhor, sou eu?
Nº 16 CORAL:
Sou eu, e deveria sofrer em seu lugar,
atado pelos pés e mãos,
no inferno.
A flagelação, as ataduras
e tudo quanto padeceste
minha alma é que merecia.
Nº 17 Recitativo (26, 23-29)
EV.
Ele respondeu, dizendo:
Jesus:
O que puser comigo a mão no prato
esse é o que me trairá.
O filho do homem continua o seu caminho,
conforme dele está escrito:
Mas ai daquele
por quem o filho do homem
for traído. Melhor seria
não ter chegado a nascer.
EV.
Judas, o que ia traí-lo,
lhe perguntou:
Judas:
Mestre, sou eu?
EV.
E ele lhe respondeu:
JESUS:
Tu o disseste.
EV.
Enquanto comiam, tomou Jesus o pão
e, dando graças, partiu-o
e deu-o aos seus discípulos, dizendo:
JESUS
Tomai e comei: este é o meu corpo.
EV.
E tomou o cálice e, dando graças,
ofereceu-lhes, dizendo:
JESUS
Tomai e bebei todos vós;
este é o meu sangue do novo testamento,
que será derramado por muitos
para a remissão dos seus pecados.
E digo-vos que não beberei mais
deste fruto da videira
até o dia em que o beba de novo
convosco no reino do meu Pai.
Nº 18 Recitativo (SOPRANO)
Apesar de o meu coração
se desfalecer em lágrimas,
quando Jesus se afasta de mim,
seu testamento enche-me de gozo.
Sua carne, seu sangue, apreciado tesouro!
põe-nos em minhas mãos.
Assim como na terra
só podia amar aos seus,
assim os amará até o fim.
Nº 19 Ária (Soprano)
Quero oferecer-te meu coração,
Mergulha-te nele, meu Salvador.
Quero em ti fundir-me;
Se o mundo é pequeno demais para ti,
Que sejas tu só para mim,
Mais que o céu e o mundo.
Nº 20. Recitativo (26, 30-32)
EV.
E tendo cantado um hino,
Saíram para o Monte das Oliveiras.
Então Jesus lhes disse:
Jesus:
Todos vós esta noite
vos escandalizareis de mim;
pois está escrito:
Ferirei o pastor,
e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
Todavia, depois que eu ressurgir,
irei adiante de vós para a Galiléia.
Nº 21 Coral:
Reconhece-me guardião e pastor meu,
leva-me contigo!
De ti, fonte de todos os bens,
procedem todos os meus.
Tua voz me deliciou
com leite e doces alimentos.
Teu espírito satisfez-me
com mil gozos celestiais.
Nº 22 Recitativo (26, 33-35)
Ev.
Mas Pedro, tomando a palavra,
disse-lhe:
Pedro:
Mesmo que todos se envergonhem de ti,
eu jamais me envergonharei.
Ev.
Jesus lhe respondeu:
Jesus:
Em verdade te digo:
esta noite, antes que o galo cante,
me negarás três vezes.
Ev.
Pedro lhe respondeu:
Pedro:
Mesmo que tiver que morrer contigo,
não te negarei.
Ev.
E o mesmo disseram os outros discípulos.
Nº 23 Coral:
Quero ficar aqui, junto de ti,
não me rechaces.
Não estarei afastado de ti,
quando se fecharem os teus olhos;
quando teu coração se detiver
no último estertor da agonia,
então quero tomar-te entre meus braços
e colocar-te em meu seio.
No Monte das Oliveiras
(Mateus 26, 36-56)
Nº 24 Recitativo (26, 36-38)
Ev.
Então, veio Jesus com eles a um jardim,
chamado Getsêmani,
e disse aos seus discípulos:
Jesus:
Sentai-vos aqui,
enquanto eu vou ali para orar.
Ev.
E levando consigo Pedro
e os dois filhos de Zebedeu,
começou a se entristecer e a se angustiar.
Então Jesus lhes disse:
Jesus:
Minha alma está muito triste;
ficai aqui e velai comigo.
Nº 25 Recitativo (Tenor, Coral)
Solo:
Ó dor!
Aqui treme o coração atormentado!
Como se desfalece,
Quão descomposto está o seu rosto!
O Juiz o leva ante o tribunal.
Não há consolo, não há ajuda.
Sofre todos os tormentos infernais,
Expiando a culpa de todos.
Ah, se o meu amor pudesse, meu Salvador,
acalmar teus estremecimentos,
Suavizar tuas angústias ou ajudar-te a suportá-las!
Com que satisfação ficaria aqui contigo!
Coral
Qual é a causa de tais tormentos?
Ah, são meus pecados
o que assim te tortura?
Ah, Senhor Jesus,
sou o responsável
da culpa que tu expias!
Nº 26 Ária (Tenor, Coro)
Solo (Tenor):
Quero velar junto do meu Jesus.
Coro:
Assim, adormecem os nossos pecados.
Solo:
A dor da sua alma expia a morte da minha.
Seus padecimentos tornam possível
a minha alegria.
Coro:
Deste modo, um sofrimento que nos redime
tem que ser, ao mesmo tempo, amargo e doce.
Nº 27 Recitativo (26, 39)
Ev.
Adiantou-se um pouco
e prostrando-se até tocar a terra com o seu rosto,
orava, dizendo:
Jesus:
Pai, se for possível,
afasta de mim este cálice;
no entanto, não se faça a minha vontade, mas a tua.
Nº 28 Recitativo (Baixo):
O Salvador cai prostrado ante o seu Pai,
para assim levantar-nos a todos
de nossas quedas,
até alcançar de novo a graça de Deus.
Está disposto
a tomar o cálice amargo da morte,
onde estão vertidos
os odiosos e hediondos pecados deste mundo,
porque assim deseja o Pai amado.
Nº 29 Ária (Baixo)
Satisfeito aceitaria eu
carregar a sua cruz
e beber do cálice depois do meu Salvador,
pois a sua boca,
da qual mana leite e mel,
tornou doces, no primeiro sorvo,
o padecimento e o cruel opróbrio.
Nº 30 Recitativo (26, 40-42)
EV.
E voltando para os discípulos,
achou-os dormindo e lhes disse:
Jesus:
Assim nem uma hora pudestes
vigiar comigo? Vigiai e orai,
para que não entreis em tentação;
o espírito, na verdade está pronto,
mas a carne é fraca.
EV.
Retirando-se mais uma vez,
orou, dizendo:
Jesus
Meu Pai, se não é possível passar este cálice,
sem que eu o beba,
bebê-lo-ei, cumprindo assim a tua vontade.
Nº 31 Coral
Que sempre se cumpra a vontade de Deus,
Pois o que ele quer é o melhor;
Sempre está disposto a ajudar
aos que nele crêem firmemente;
Ele nos salva da miséria, o piedoso Deus,
e castiga-nos com moderação.
Quem em Deus confia, constrói sobre ele,
Pois não nos abandonará.
Nº 32 Recitativo (26, 43-50)
EV.
E, voltando outra vez, achou-os dormindo,
porque seus olhos estavam carregados.
E, deixando-os novamente, foi orar terceira vez,
repetindo as mesmas palavras.
Então voltou para os discípulos
e disse-lhes:
Jesus
Dormis agora e descansais?
Eis que é chegada a hora,
e o Filho do homem está sendo entregue
nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamo-nos;
eis que é chegado aquele que me trai.
EV.
E estando ele ainda a falar, eis que veio Judas,
um dos doze, e com ele
grande multidão com espadas e varapaus,
vinda da parte dos principais sacerdotes
e dos anciãos do povo.
Ora, o que o traía lhes havia dado
um sinal, dizendo:
Aquele que eu beijar,
esse é; prendei-o.
E logo, aproximando-se de Jesus, disse:
Judas
Salve, Rabi.
EV.
E o beijou.
Jesus, porém, lhe disse:
Jesus
Amigo, a que vieste?
EV.
Nisto, aproximando-se eles,
lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
Nº 33 Dueto
(Soprano, Contralto, Coro Duplo)
Solistas:
Assim foi preso meu Jesus.
A lua e as estrelas
de dor se esconderam,
porque meu Jesus foi preso.
Levam-no, amarram-no.
Coro:
Deixem-no, soltem-no, não o amarrem!
Desapareceram os raios e os trovões
no céu?
Ó inferno, abre teu abismo de fogo,
destrói, arruína, devora, aniquila
com repentina fúria ao falso traidor,
ao sangue assassino.
Nº 34 Recitativo (26, 51-56)
EV.
E eis que um dos que estavam com Jesus,
estendendo a mão, puxou da espada
e, ferindo o servo do sumo sacerdote,
cortou-lhe uma orelha.
Então jesus lhe disse:
Jesus
Mete a tua espada no seu lugar;
porque todos os que lançarem mão da espada,
com a espada morrerão.
Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai,
e que ele não me mandaria agora mesmo
mais de doze legiões de anjos?
Como, pois, se cumpririam as Escrituras,
que dizem que assim convém que aconteça?
EV.
Disse Jesus à multidão naquela hora:
Jesus
Saístes com espadas e varapaus
para me prender, como a um salteador.
Todos os dias estava eu
sentado no templo ensinando,
e não me prendestes.
Mas tudo isso aconteceu
para que se cumprissem
as Escrituras dos profetas.
EV.
Então todos os discípulos, deixando-o, fugiram.
Nº 35 Coral
Ó homem,
Chora teu grande pecado,
Pelo qual Cristo deixou o selo do seu Pai,
descendo à terra.
De uma virgem doce e pura
Nasceu para nós,
Para ser o Mediador;
Deu vida aos mortos
E curou os doentes,
Até que chegou a hora
De ser sacrificado por nós,
De carregar sobre a cruz
O pesado fardo dos nossos pecados.
SEGUNDA PARTE
O Falso Testemunho
(Mateus 26,57-63)
Nº 36 Ária (Contralto, Coro)
Solo:
Ai, meu Jesus já não está mais aqui!
Será possível, devo crer nos meus olhos?
Ai, meu Cordeiro nas garras do tigre?
Ai, onde foi o meu Jesus?
Ai, o que devo responder à minha alma, quando, dolorida, me pergunta:
Ai, onde foi o meu Jesus?
Coro:
Aonde foi o teu amado,
Ó tu, a mais bela dentre as mulheres?
Para onde se encaminhou o teu amado?
Queremos ajudar-te a buscá-lo.
Nº 37 Recitativo (26, 51-59)
EV.
E os que prenderam Jesus
o levaram à casa de Caifás, o sumo sacerdote,
onde se haviam reunido
os escribas e os anciãos.
Mas Pedro o seguia de longe
até ao pátio do sumo-sacerdote
e, tendo entrado,
assentou-se entre os serventuários,
para ver o fim.
Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus,
a fim de o condenarem à morte.
E não acharam.
Nº 38 Coral
O mundo julgou-me falsamente,
Com mentiras e enganos,
Com escuras redes e ciladas,
Senhor, defende-me deste perigo,
Livra-me destas perfídias.
Nº 39 Recitativo (26, 60-63)
EV.
Apesar de se terem apresentado muitas testemunhas
falsas, não encontraram nenhuma.
Mas, afinal, compareceram duas, afirmando:
Primeira e segunda Testemunhas
Ele disse: “eu posso destruir o templo de Deus
e reconstruí-lo em três dias”.
EV
E, levantando-se o sumo sacerdote,
perguntou a Jesus:
Pontífice
Nada respondes ao que estes
Depõem contra ti?
EV
Jesus, porém, guardou silêncio.
Nº 40 Recitativo (tenor)
Meu Jesus guarda silêncio
diante das falsidades,
para mostrar-nos assim
que a sua misericordiosa vontade
se oferece para sofrer por nós,
e que também na adversidade
devemos fazer como ele:
permanecer em silêncio na perseguição.
Nº 41 Ária (tenor)
Paciência, paciência
Quando falsas línguas me firam,
Quando sofra injustamente
Injúria e escárnio.
O Deus amado vingará
A inocência do meu coração.
Jesus perante Caifás e Pilatos
(Mateus 26, 63-75; 27, 1-14)
Nº 42 Recitativo (26, 63-66)
EV
E o sumo sacerdote respondendo,
disse- lhe:
Pontífice
Conjuro-te pelo Deus vivo
que nos digas se tu és o Cristo,
o Filho de Deus.
EV
Jesus lhe respondeu:
Jesus
É como disseste; contudo vos digo
que vereis em breve
o Filho do homem
assentado à direita do Poder,
e vindo sobre as nuvens do céu.
EV
Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes,
dizendo:
Pontífice
Blasfemou; para que precisamos
ainda de testemunhas?
Eis que agora acabais de ouvir
a sua blasfêmia. Que vos parece?
EV
E respondendo, disseram:
Coro
É réu de morte!
Nº 43 Recitativo (26, 67-68)
EV
Então uns lhe cuspiram no rosto
e lhe deram socos;
e outros o esbofetearam,
dizendo:
Coro
Profetiza-nos, ó Cristo;
quem foi que te bateu?
Nº 44 Coral
Quem te golpeou assim,
Meu Salvador, e com tormentos
Tão cruelmente te maltratou?
Tu não és um pecador,
como nós e nossos filhos;
da maldade nada conheces.
Nº 45 Recitativo (26, 69-73)
Ev.
Pedro estava sentado fora, no átrio
e, aproximando-se uma servente, lhe disse:
Primeira servente:
Tu estavas também com Jesus da Galiléia.
Ev.
Mas ele o negou ante todos, dizendo:
Pedro
Não sei o que estás dizendo.
Ev.
Quando ele se encaminhava para a porta
foi visto por outra,
que disse aos presentes:
Segunda servente:
Este estava também com Jesus de Nazaré.
Ev.
E de novo o negou, jurando:
Pedro:
Não conheço esse homem.
Ev.
E pouco depois dirigiram-se a Pedro
os que lá estavam, dizendo:
Coro:
Verdadeiramente, tu és um dos seus,
pois a tua fala te condena.
Nº 46 Recitativo (26, 74-75)
Ev.
Então, começou a amaldiçoar
e a praguejar:
Pedro:
Não conheço esse homem!
Ev.
E, simultaneamente, cantou o galo.
Então lembrou-se Pedro das palavras de Jesus,
que tinha lhe dito: Antes que cante o galo,
me negarás três vezes.
E saindo, chorou amargamente.
Nº 47 Contralto:
Tem piedade de mim, Deus meu,
observa meu pranto;
eis que meu coração e meus olhos
choram amargamente diante de ti.
Tem piedade de mim!
Nº 48 Coral
Mesmo que eu me afaste de ti,
Voltarei de novo ao teu lado;
Pela angústia e tormentos da morte
Fez-se teu Filho semelhante a nós.
Não nego a minha culpa,
Mas a tua graça e benevolência
São muito melhores que o meu pecado,
Que sempre carrego comigo.
Nº 49 Recitativo (27, 1-4)
EV.
Ora, chegada a manhã,
todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo
entraram em conselho contra Jesus, para o matarem;
e, maniatando-o, levaram-no
e o entregaram ao governador
Pontio Pilatos.
Então Judas, aquele que o traíra,
vendo que Jesus fora condenado,
devolveu, compungido,
as trinta moedas de prata
aos anciãos, dizendo:
Judas
Pequei, traindo o sangue inocente.
Ev.
Responderam eles:
Coro
Que nos importa? Seja isto lá contigo.
Nº 50 Recitativo (27, 5-6)
Ev.
E tendo ele atirado para dentro do santuário
as moedas de prata, retirou-se,
e foi enforcar-se.
Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas
de prata, e disseram:
Pontífices:
Não é lícito metê-las no cofre das ofertas,
porque é preço de sangue.
Nº 51 Ária (Baixo)
Devolvei-me o meu Jesus!
Vede: o dinheiro, o preço do sangue,
o filho perdido atira a vossos pés.
Nº 52 Recitativo (27, 7-14)
Ev.
E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas
o campo do oleiro, para servir de cemitério
para os estrangeiros. Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje,
Campo de Sangue.
Cumpriu-se, então, o que foi dito
pelo profeta Jeremias:
Tomaram as trinta moedas de prata,
preço do que foi avaliado,
a quem certos filhos de Israel avaliaram,
e deram-nas pelo campo do oleiro,
assim como me ordenou o Senhor.
Jesus, pois, ficou em pé diante do governador;
e este lhe perguntou:
Pilatus
És tu o rei dos judeus?
Ev.
Respondeu-lhe Jesus:
Jesus
É como dizes.
Ev.
Mas ao ser acusado
pelos principais sacerdotes e pelos anciãos,
nada respondeu. Perguntou-lhe então Pilatos:
Pilatus
Não ouves quantas coisas testificam contra ti?
Ev.
E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer;
de modo que o governador
muito se admirava.
Nº 53 Coral
Confia o teu caminho
E tudo o que o teu coração sofre
Ao mais fiel dos guardiões.
Aquele que reina nos céus,
O que rege os rumos
E os caminhos dos ventos
E das núvens sempre será
O melhor guia para ti.
Entrega e Flagelação
(Mateus 27, 15-30)
Nº 54 Recitativo (27, 15-22)
Ev.
Para a festa era costume que o governador
concedesse liberdade a um preso,
àquele que o povo escolhesse.
Havia naquele tempo um preso,
notável entre os demais,
que se chamava Barrabás.
E quando estavam reunidos,
disse-lhes Pilatos:
Pilatos:
A quem quereis que liberte:
a Barrabás ou a Jesus,
o que diz ser o Cristo?
Ev.
Pois ele estava certo de que
o tinham acusado por inveja.
E quando estava sentado no tribunal,
entrou sua mulher para dizer-lhe:
Mulher de Pilatos:
Não te impliques com esse justo,
pois hoje sofri muito em sonhos
por causa dele.
Ev.
Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo
para que pedisse por Barrabás
e condenasse à morte Jesus.
E tomando a palavra,
o governador lhes disse:
Pilatos:
Qual destes dois quereis que liberte?
Ev.
Eles disseram:
Coro:
Barrabás!
Ev.
Pilatos lhes perguntou:
Pilatos:
Que devo fazer com Jesus,
o que diz ser o Cristo?
Ev.
Todos responderam:
Coro:
Crucifica-o!
Nº 55 Coral
Que incompreensível é este castigo!
O bom pastor sofre pelo seu rebanho:
O Senhor, o justo, paga a culpa
dos seus servos!
Nº 56 Recitativo (27, 23)
Ev.
Pilatos, porém, disse:
Pilatos
Pois que mal fez ele?
Nº 57 Recitativo (soprano)
Ele fez o bem a todos:
Deu vista os cegos,
Fez andar os mancos,
Transmitia-nos a palavra do Pai,
Afastou os demônios,
Consolou os aflitos,
Carregou sobre si as nossas culpas;
Só coisas assim fez o meu Jesus.
Nº 58 Ária (soprano)
Por amor quer morrer meu Salvador;
Ele que nada conhece do pecado,
Para que a eterna condenação
E o castigo da justiça
não pesem sobre minha alma.
Nº 59 Recitativo (27, 23-26)
Ev.
Mas eles clamavam ainda mais:
Coro
Crucifica-o!
Ev.
Ao ver Pilatos que nada conseguia,
mas pelo contrário que o tumulto aumentava,
mandando trazer água, lavou as mãos
diante da multidão, dizendo:
Pilatus
Sou inocente do sangue deste homem;
seja isso lá convosco.
Ev.
E todo o povo respondeu:
Coro
O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
Ev.
Então lhes soltou Barrabás;
mas a Jesus mandou açoitar,
e o entregou
para ser crucificado.
Nº 60 Recitativo (contralto)
Misericórdia, ó Deus!
Eis o Senhor amarrado.
Ó açoites, pancadas, feridas!
Verdugos, detende-vos!
Não vos comove a visão dos sofrimentos desta alma,
de tal desolação?
Ah, sim, ainda que tenhais coração,
Deve ele ser mais cruel
que o poste de tortura.
Misericórdia dele, detende-vos!
Nº 61 Ária (contralto)
As lágrimas no meu rosto
são impotentes.
Toma, então, meu coração!
Mas deixa também que seja como um cálice
de sacrifício para o fluxo de sangue
das suas feridas.
Nº 62 Recitativo (27, 27-29)
Ev.
Nisso os soldados do governador
levaram Jesus ao pretório,
e reuniram em torno dele
toda a coorte.
E, despindo-o,
vestiram-lhe um manto escarlate;
e tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça,
e na mão direita uma cana,
e ajoelhando-se diante dele,
o escarneciam, dizendo:
Coro
Salve, Rei dos Judeus!
Ev.
E cuspiram-lhe, e com uma vara
davam-lhe na cabeça.
Nº 63 Coral:
Ó fronte ensangüentada e ferida,
dorida e escarnecida!
Ó fronte ferida, para zombaria,
por uma coroa de espinhos!
Ó fronte, antes belamente adornada,
com a mais alta das honras
e agora assim atacada:
Eu te saúdo!
Tu, nobre rosto,
ante o qual teme e treme o juízo final,
de que forma cospem sobre ti!
Quão lívido estás!
Quem apagou de forma tão infame
a luz sem igual dos teus olhos?
A Crucificação
(Mateus 27, 31-54)
Nº 64 Recitativo (27, 31-32)
Ev.
Depois de o terem escarnecido,
despiram-lhe o manto,
puseram-lhe as suas vestes,
e levaram-no para ser crucificado.
Ao saírem, encontraram um homem cireneu,
chamado Simão, a quem obrigaram
a levar a cruz de Jesus.
Nº 65 Recitativo (Baixo)
Sim, certamente a nossa carne e sangue
quiseram ser requeridos para levar a cruz;
Pois isto será melhor para a nossa alma
Quanto mais amargo lhe seja.
Nº 66 Ária (Baixo)
“Vem, doce cruz”, quero assim dizer.
Dá-me-a para sempre, meu Jesus!
Se meu sofrimento é intolerável,
Ajuda-me, então, a suportá-lo.
Nº 67 Recitativo (27, 33-43)
Ev.
Quando chegaram ao lugar
chamado Gólgota,
que quer dizer, lugar da Caveira,
deram-lhe a beber vinho
misturado com fel; mas ele, provando-o,
não quis beber.
Então, depois de o crucificarem,
repartiram as vestes dele, lançando sortes,
para que se cumprisse
o que foi dito pelo profeta:
Repartiram entre si as minhas vestes,
e sobre a minha túnica deitaram sortes.
E, sentados, ali o guardavam.
Puseram-lhe por cima da cabeça
a sua acusação escrita:
ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
Então foram crucificados com ele dois salteadores,
um à direita, e outro à esquerda.
E os que iam passando blasfemavam dele,
meneando a cabeça
e dizendo:
Coro
Tu, que destróis o santuário
e em três dias o reedificas,
salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus,
desce da cruz.
Ev.
De igual modo também os principais sacerdotes,
com os escribas e anciãos,
escarnecendo, diziam:
Coro
A outros salvou;
a si mesmo não pode salvar.
Rei de Israel é ele;
desça agora da cruz,
e creremos nele;
confiou em Deus,
livre-o ele agora, se lhe quer bem;
porque disse: Sou Filho de Deus.
Nº 68 Recitativo (27, 44)
Ev.
O mesmo lhe lançaram em rosto também
os salteadores que com ele foram crucificados.
Nº 69 Recitativo (Contralto)
Ah! Gólgota, funesto Gólgota!
O Senhor da Glória
perecerá aqui ultrajado,
O Benfeitor e Salvador do mundo
foi crucificado como um malfeitor.
Terra e ar hão de privar-se
do Criador do céu e da terra;
o inocente morrerá como culpado;
isto aflige extremamente minha alma.
Ah! Gólgota, funesto Gólgota!
Nº 70 Ária (Contralto, Coro)
Solo:
Vejam: Jesus estende a sua mão
para abraçar-nos. Venham!
Coro:
Aonde?
Solo:
Aos braços de Jesus.
Busquem a redenção e recebam a misericórdia;
busquem!
Coro:
Onde?
Solo:
Nos braços de Jesus vivam, morram, repousem aqui,
jovens abandonados; permaneçam!
Coro:
Onde?
Solo:
Nos braços de Jesus.
Nº 71 Recitativo (27, 45-50)
Ev.
E, desde a hora sexta,
houve trevas sobre toda a terra,
até a hora nona.
Cerca da hora nona,
bradou Jesus em alta voz, dizendo:
Jesus
Eli, Eli, lamá sabactani;
Ev.
isto é, Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?
Alguns dos que ali estavam,
ouvindo isso, diziam:
Coro
Ele chama por Elias.
Ev.
E logo correu um deles,
tomou uma esponja,
ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana,
dava-lhe de beber.
Os outros, porém, disseram:
Coro
Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.
Ev.
De novo bradou Jesus com grande voz,
e entregou o espírito.
Nº 72 Coral
Quando eu tiver de partir,
não te afastes de mim!
Quando eu tiver de sofrer a morte,
Vem para o meu lado!
Quando meu coração estiver
Invadido pelos maiores temores,
Arrebata-me da minha aflição
Com tua angústia e a tua pena!
Nº 73a Recitativo (27, 51-54)
Ev.
E eis que o véu do santuário
se rasgou em dois,
de alto a baixo;
a terra tremeu, as pedras se fenderam,
os sepulcros se abriram,
e muitos corpos de santos que tinham dormido
foram ressuscitados;
e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele,
entraram na cidade santa,
e apareceram a muitos.
Ora, o centurião
e os que com ele guardavam Jesus,
vendo o terremoto
e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor,
e disseram:
Coro
Verdadeiramente este era filho de Deus.
O Sepultamento
(Mateus 27,55-66)
Nº 73b Recitativo
Ev.
Também estavam ali, olhando de longe,
muitas mulheres que tinham seguido Jesus
desde a Galiléia
para o ouvir;
entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria,
mãe de Tiago e de José,
e a mãe dos filhos de Zebedeu.
Ao cair da tarde, veio um homem rico
de Arimatéia, chamado José,
que também era discípulo de Jesus.
Esse foi a Pilatos
e pediu o corpo de Jesus.
Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue.
Nº 74 Recitativo (Baixo)
Ao entardecer, ao refrescar,
Fez-se evidente o pecado de Adão.
Ao entardecer, o Salvador o redimiu;
Ao entardecer, retornou a pomba
Trazendo um ramo de oliveira no bico.
Ó bela hora, momento do entardecer!
Agora estão feitas as pazes com Deus,
Pois Jesus cumpriu já a sua cruz.
Seu corpo já descansa em paz.
Alma bem-amada, roga,
Vem e pede que te entreguem Jesus morto,
Adorado presente!
Nº 75 Ária (Baixo)
Purifica-te, coração meu,
Eu mesmo quero enterrar Jesus.
Pois ele encontrará em mim
para sempre doce repouso.
Ó Mundo, afasta-te, deixa Jesus fazer parte de mim.
Nº 76 Recitativo (27, 59-66)
Ev.
E José, tomando o corpo,
envolveu-o num pano limpo, de linho,
e depositou-o no seu sepulcro novo,
que havia aberto em rocha;
e, rolando uma grande pedra
para a porta do sepulcro, retirou- se.
Mas achavam-se ali Maria Madalena
e a outra Maria,
sentadas defronte do sepulcro.
No dia seguinte,
isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os
principais sacerdotes e os fariseus
perante Pilatos, e disseram:
Coro
Senhor, lembramo-nos de que
aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou:
Depois de três dias ressurgirei.
Manda, pois, que o sepulcro seja guardado
com segurança até o terceiro dia;
para não suceder que, vindo os discípulos,
o furtem e digam ao povo:
Ressurgiu dos mortos;
e assim o último embuste será pior
do que o primeiro.
Ev.
Disse-lhes Pilatos:
Pilatos
Tendes uma guarda; ide,
tornai-o seguro, como entendeis.
Ev.
Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro,
selando a pedra, e deixando ali a guarda.
Nº 77 Recitativo (Solos e Coro)
Solo (Baixo):
Agora o Senhor descansa.
Coro:
Meu Jesus, descansa em paz!
Solo (tenor):
O padecimento que os nossos pecados
lhe causaram terminou.
Coro:
Meu Jesus, descansa em paz!
Solo (Contralto):
Ó corpo bem-aventurado,
vê como te choro contrito e arrependido,
pois minha culpa te causou
estes padecimentos.
Coro:
Meu Jesus, descansa em paz!
Solo (Soprano):
Estarei eternamente agradecido a ti
pelos teus sofrimentos,
Por tua diligência
para a salvação da minha alma.
Coro:
Meu Jesus, descansa em paz!
Nº 78 Coro Final:
Prostramo-nos com lágrimas
Perante o teu túmulo e clamamos:
Repousai docemente, repousai docemente!
Repousai, membros abatidos!
Repousai docemente, repousai bem.
Tua tumba e lápide serão
Para as consciências angustiadas
Suave almofada e lugar de repouso
para as almas.
Em sublime contentamento
Adormecem os teus olhos.
Traduzido por Lukas d’Oro