A ORIGINALIDADE DA POESIA DE DIEGO MENDES SOUSA - ENSAIO DE ELIAS BORGES DE CAMPOS
Por Diego Mendes Sousa Em: 29/11/2025, às 18H58

A ORIGINALIDADE DA POESIA DE DIEGO MENDES SOUSA
ENSAIO DE ELIAS BORGES DE CAMPOS
É isso, a poesia de Diego Mendes Sousa sempre me surpreende, porque original, não é uma lírica fácil, exige mineração para que obtenhamos os frutos do seu rigor formal.
Lembra-me muito um dos meus mestres, João Cabral de Melo Neto, que ofertava versos perenes como a rocha, sem ligar para a passagem do tempo, centrados na certeza de que a compreensão era algo para uma vida.
Diego Mendes Sousa é concreto, estético, plástico, racional e econômico, não gasta palavras onde o leitor tem a possibilidade de encontrar o minério mais valioso.
Assim ele trabalha de mãos dadas com quem persevera em seus versos, sua poética. Ele absorve rapidamente o mais necessário e nos oferta o indispensável.
Lê-lo é adentrar em um laboratório de experimentos químicos e mágicos onde só o mais importante resistirá.
CHINELOS DO MAR
Hoje penso!
Sou terra em abundância.
Couro seco de boi
para a minha terra.
No rio do céu.
No rito rebocador
do curso
que se salga no mar.
Creio:
sou água corrente,
bucho de peixe
do rio Igaraçu,
que rega a terra
na secagem do sol.
No céu espelhado do rio,
a terra,
sempre as toras da terra
e a vagação nas sombras
das lamparinas invisíveis
da torrente.
(Poema de Diego Mendes Sousa)
O poema "Chinelos do mar", de Diego Mendes Sousa, nos traz alta voltagem telúrica.
Há de nossa parte uma predisposição genética pela água, talvez porque somos 60% água.
A vida na terra originou-se na água.
A primeira vez que me deparei com o mar já era adulto.
O cheiro do ar salgado me proporcionou uma experiência sensorial que carrego até hoje.
E longe do mar, essa experiência é ativada quando leio o misterioso encantado na poesia de Diego Mendes Sousa.
Já disse isso uma vez: sobre a incrível fusão de água e de terra revelada pelo poeta da Parnaíba, tão necessária à nossa sobrevivência.
Ensaio de Elias Borges Campos, filósofo e sociólogo, poeta, contista e educador. Reside em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

