A obra "Velas Náufragas", de Diego Mendes Sousa, na leitura de Astrid Cabral (1936-)
Por Diego Mendes Sousa Em: 04/08/2020, às 16H04
Diego Mendes Sousa é um querido amigo e um alado poeta. Li o seu longo, vasto e intenso poema, de um único fôlego. Trata-se de um voo tão fora do comezinho que não pode ser lido com as interferências ordinárias do dia a dia.
São cantos soltos de um lirismo febril e desvairado, que obedece aos cegos impulsos do seu "coração oceânico de emoção".
Sua poesia nos embala pela musicalidade das palavras e pelas ousadias da imaginação.
Há um lirismo entrelaçado de sopro épico, pois não só fala de si como das pessoas e do ambiente que o rodeiam. Aliás, diga-se, a onipresença da Parnaíba, poeticamente metamorfoseada em Altaíba, percorre o poema inteiro. Os elementos vitais da natureza despontam insistentes em meio aos versos: caranguejos, siris, areias, xananas, mares e luas... (Deu-me saudade!)
Penso que a linguagem solta que Diego Mendes Sousa adota, ao longo dos cantos, se casa perfeitamente com a liquidez da água. Ele está impregnado pelas águas batismais da sua Parnaíba, o Delta encharcado de mar.
Quanto a mim, sinto-me mais fluvial, contida pelas margens de uma expressão mais controlada, menos desatada.
Agradeço figurar entre os numerosos amigos que Diego incorpora nos versos. O Poeta usa das palavras com plena liberdade, como é do seu estilo pessoal.
De um modo geral, li “Velas Náufragas” (Editora Penalux, 2019) com o prazer e a alegria que os bons textos conseguem despertar. Aprecio e louvo mais esta fecunda criação da sua transbordante juventude. Gosto do cheiro de terra que dela emana, a contrapelo do mundo atual tão cosmopolita e em vias de uniformização.
ASTRID CABRAL, poeta manauara-carioca.