[Flávio Bittencourt]

A Linguagem do futebol no Brasil

O Prof. Luiz César Saraiva Feijó, da UFF e da UERJ, é um craque da linguística e escreveu sobre a linguagem do futebol no Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MILTON NEVES APRESENTOU-NOS

A SEGUINTE FOTOGRAFIA,

EM SEU EXCELENTE site:

 

"Apresentação dos jogadores convocados pela Seleção Brasileira para excursão à Europa. Observem como a reunião de parte da delegação brasileira, mesmo com dois títulos mundiais (1958 e 1962) era improvisada, em sala apertada no dia 25 de maio de 1965. Da esquerda para a direita: Fefeu, Sebastião Leônidas, Garrincha, Jairzinho, Murilo, um diretor da CBD, Orlando Peçanha (atrás), Gérson, Altair, Bianchini, Doutor Hilton Gosling (médico da Seleção), senhor Ernesto Santos (dirigente) e João Havelange, então presidente da CBD."
 

(http://desenvolvimento.miltonneves.com.br/QFL/Conteudo.aspx?ID=61300)

 

 

 

 

 

Tarde domingueira.

No Maracanã lotado,

o som da torcida.

 

FLÁVIO BITTENCOURT,

haikai produzido especialmente

para o portal ENTRETEXTOS,

apresentado em:

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/a-explosao-criadora-em-arthur-koestler,236,5632.html (18.2.2011)

 

  

 

 

"02/04/2008 16:55
Alguma rádio vai perder cabine;
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Alguma emissora no Rio de Janeiro vai perder sua cabine de transmissão no Maracanã . Com a volta da rádio Nacional ,nas semifinais do campeonato carioca ou no campeonato brasileiro , uma emissora vai ter que passar para o "puleiro" como é chamado . A Radio Nacional ja fez seu pedido de linha e de cabine para a SUDERJ . As rádios Globo , Tupi , Manchete e Bandeirantes não correm risco por transmitirem tudo."
(http://www.blog-se.com.br/blog/conteudo/home.asp?idBlog=11959&arquivo=mensal&mes=04&ano=2008)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Jairzinho em ação contra a Venezuela em 1969, no Maracanã. (...)" 
 

 

 

 

"Futebol na ponta da língua

(26/05/10) quarta-feira

Livro fala sobre os vários termos usados no esporte mais conhecido do mundo

 

Luiz Cesar Saraiva Feijó

LUIZ CÉSAR SARAIVA FEIJÓ

O futebol é uma paixão mundial. Segundo o mestre de Língua Portuguesa Luiz Cesar Saraiva Feijó, autor de mais de 40 livros e membro da Academia Brasileira de Filologia, existem mais países no mundo ligados a Fifa do que a ONU (Organização das Nações Unidas).

O livro Futebol Falado e a sua dramática linguagem figurada, é um trabalho sobre a Língua Portuguesa vista através do futebol. Nele o autor fala sobre vários termos, tanto nacionais, quanto estrangeiros, usados nesse esporte que quase todo mundo entende, mas quando se trata das palavras utilizadas para interpretá-lo, muitos se tornam leigos sobre o assunto. Além de crônicas sobre o gênero.

Desde 1994, em todos os anos de Copa do Mundo o autor escreve livros sobre a linguagem utilizada no futebol. Os termos descritos, são resultados de pesquisas feitas com radialistas e pessoas do meio futebolístico. Depois de confirmadas as palavras, ele segue em busca de seus significados. “O livro reúne cerca de 500 termos listados, mas também com outros termos paralelos. Se você computar tudo, dá uns 600, 700 termos”, comenta Feijó.

Vários termos utilizados no futebol são passageiros. O autor comenta que neste livro, aproximadamente cinco termos não são mais utilizados. Como por exemplo, friquiqui, que é quando o goleiro coloca a mão na bola na grande área. Essa expressão já foi extinta, e provavelmente substituída por outra.

O objetivo de Feijó é fazer com que essas palavras, muitas vezes passageiras no futebol, não sejam esquecidas ao longo do tempo. Existem muitos termos que surgem no futebol e são usados fora de campo. Pendurar a chuteira é um deles, geralmente usado quando a pessoa vai se aposentar.

O livro será lançado em Balneário Camboriú no dia 28 de maio, e depois em outros estados brasileiros, como Rio de Janeiro, onde o lançamento está previsto para 11 de junho [DE 2010, JÁ TENDO ACONTECIDO, PORTANTO], dia da abertura dos jogos da Copa do Mundo [DE 2010]".

(http://www.jornalboca.com.br/futebol-na-ponta-da-lingua/)

 

 

 

 

 

                               HOMENAGEANDO O PROFESSOR L. C. S. FEIJÓ,

                               ERUDITO LINGUISTA, FILÓLOGO E SEMIÓLOGO, PROFESSOR DEDICADO E

                               AMIGO VERDADEIRO, O EX-JOGADOR

                               JAIR VENTURA FILHO - o "Furação da Copa (DE 1970)" -, o JAIRZINHO,

                               EM MEMÓRIA DOS DILETOS AMIGOS

                               DR. WILSON MUFARREJ, MÉDICO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

                               QUE CHEFIOU O SETOR DE NEUROLOGIA DO HOSPITAL SOUZA AGUIAR,

                               NO RIO DE JANEIRO, RENOMADO NEUROLOGISTA QUE

                                FOI CONVOCADO PELO DR. H. GOSLING PARA EXAMINAR,

                                EM SUA ESPECIALIDADE, OS JOGADORES DA SELEÇÃO BRASILEIRA

                                DE 1966 (antes de os atletas seguirem para a Inglaterra: foi a primeira vez

                                que médicos de várias especialidades examinaram os futebolistas da

                                Seleção) E DO BANCÁRIO APOSENTADO E 

                                TEÓLOGO - graduado pelo Mosteiro de São Bento - PROFESSOR

                                JOSÉ DE RIBAMAR PEDREIRA CARVALHO

                                (que morava bem perto do Estádio Mário Filho, mas não

                                gostava de futebol) E

                                DR. HILTON GOSLING, que foi convocado, como médico, pelo

                                DR. JOÃO HAVELANGE, ora também evocado com 

                                respeito e admiração, a quem se deseja muita saúde

                                e vida ainda mais longa

                                              

                                

 

 

 

21.2.2011 - Como foi professor de pós-graduação em Linguística na Universidade mais próxima do Maracanã, a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), talvez por contiguidade geográfico-profissional, talvez por afinidade com o esporte futebolístico, talvez pelas duas coisas ao mesmo tempo, o Prof. Feijó produziu trabalhos admiráveis sobre a Linguagem do futebol no Brasil - E ele, além de professor-universitário-e-linguista-de-longo-curso, é patriota e otimista: no lançamento de livro antes de Copa de 94 afirmou que O BRASIL VENCERIA A COPA (confesso que eu não tinha a mesma certeza, mas, felizmente, errei). Não deu outra, venceu o Brasil! Obrigado, Professor Feijó.  F. A. L. Bittencourt ([email protected]

 

 

 

"Professor Feijó

A linguagem do futebol no Brasil
Luiz César Saraiva Feijó vem pesquisando a linguagem especial do futebol há muitos anos. Seus primeiros trabalhos a respeito apareceram no
jornal O Diário de Notícias, do Rio de Janeiro (já fora de circulação há alguns anos), entre 1963 e 1964. Publicou, em 1965, na Miscelânea
Filológica Em Honra À Memória do Professor Clóvis Monteiro, o seu primeiro trabalho acadêmico, intitulado Aspectos da gíria no futebol.
Apresentamos somente alguns termos e expressões. Nos nossos livros sobre a linguagem do futebol há mais de 500 outros termos explicados.
NC = Neologismo Conceitual
NF = Neologismo Formal
 
 
1- À BANGU
Locução adverbial de modo (à moda Bangu) ouvida nos comentários esportivos em geral e, em particular, relacionada ao futebol. " Saída à Bangu ". " Foi à Bangu ". Extrapolou
as dimensões dos estádios de futebol e caiu na linguagem do povo. Significa sem organização; de modo desorganizado; sem regras; sem ordem. Talvez sua origem tenha sido
um tipo de partida-treino, peladas ou mesmo partidas sem compromissos oficiais, disputadas pelos times das divisões inferiores do Bangu Atlético Clube ou nos campos de
várzea (Ver PELADA) ou praças do bairro carioca de mesmo nome. Por ser a expressão à Bangu uma locução adverbial de modo, ela deve ter surgido para sintetizar uma
expressão maior, como, por exemplo, "...vamos fazer isso como se faz em Bangu"..., referindo-se a uma prática inocente de se jogar futebol, existente nas peladas do subúrbio
carioca do Rio de Janeiro. E' importante assinalar que o Bangu Atlético Clube, então The Bangu, é um dos mais antigos clubes de futebol do Rio, tendo as suas origens na
Companhia Progresso Industrial do Brasil, onde, no início da liga, jogavam alguns negros, mesmo assim, somente se fossem operários da fábrica têxtil daquele distante bairro
carioca. Durante algum tempo, os jogadores do Bangu Atlético Clube foram chamados de os mulatinhos rosados pela imprensa dos anos 40, talvez pelo significativo número de
jogadores de origem negra e pela cor rosada de seu uniforme, em listras verticais. Esta locução adverbial de modo, à Bangu tem ou pode ter conotação pejorativa, identificandose
com outra expressão, à galega. A locução adverbial à Bangu é uma criativa expressão idiomática neológica, porque é utilizada pelo povo, fora do contexto esportivo, portanto,
como gíria, que guarda o seu primitivo sentido de desorganização. Isso se deu pelo inegável prestígio do futebol".
 
CONHEÇA OUTROS VERBETES BALIPÓDICOS OU LUDOPÉDICOS
(futebolísticos), VÁRIOS, EM:
 
 
 
 
 
 
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O PROF. L. C. S. FEIJÓ ESCREVE:
 
 
"28 de outubro de 2010

COMPETÊNCIA E DESEMPENHO NA LINGUAGEM DO FUTEBOL

 

 
“Mas tem a qualidade do passe muito ruim”.


(Caio, ex-jogador e comentarista da TV Globo.


Jogo Fla X Corinthians, dia 27/10/2010, Engenhão, Rio)


 



Quando um comentarista de futebol se expressa, tentando analisar um momento da partida, tem ele poucos segundos para transformar seu pensamento numa frase, dentro dos padrões da língua culta. É exigir muito desse profissional. Ele recebe uma pressão psicológica muito grande, pois a rapidez das jogadas exige sua total atenção para não perder os mínimos detalhes. Ele não pode se distrair, pois os acontecimentos se modificam em segundos. E o que dizer das construções frasais que é obrigado a formular! As suas construções frasais deverão estar de acordo com o uso que fazemos de nossa língua (de qualquer língua), isto é, como o Desempenho ou o uso que fazemos dela, resultado de complexos fatores lingüísticos e extralinguísticos, quando efetivamente falamos, ouvimos, escrevemos e lemos, por exemplo. Essas mesmas construções deverão estar também de acordo com a realização dos enunciados frasais do nosso cotidiano, portanto, de acordo com o que se chama de Competência, que é o conjunto de normas ou regras internalizadas pelo indivíduo falante, que permite a ele emitir e receber mensagens da língua que utiliza para se comunicar. Pode-se dizer que essa Competência é o conhecimento que os indivíduos falantes têm de sua própria língua. Todos nós temos conhecimento de nossa língua e com ela nos expressamos. Assim, passamos a entender o outro, mas ambos, emissor falante e receptor ouvinte não têm consciência das regras que lhes permitem usar sua língua. O lingüista tem por tarefa investigar e explicar esse fenômeno. Vamos tentar. Para tanto, precisamos completar o raciocínio. Há frases que são aceitas por todos, tanto pelo falante, como pelo ouvinte. São consideradas normais. Numa narração de futebol o narrador diz: “O jogo está apresentando muitos passes errados por parte dos jogadores dos dois times”. Todos entendem. Por outro lado, é fácil concluir que pode haver frases que não se entendem imediatamente ou se apresentam sem sentido. Logo, umas são aceitáveis e outras não são aceitáveis. Essa aceitabilidade é um fenômeno intuitivo. Agora, existe uma sutileza, relacionada com à aceitabilidade, conhecida como gramaticidade, que se relaciona com aquela aceitabilidade vista há pouco, mas não se identifica com ela. Essa gramaticidade se refere a uma ordenação, organização, norma, gramática mesmo, internalizada no indivíduo falante/ouvinte, que gera certas sequências e exclui outras. Isso está ligado à competência. Já a aceitabilidade é uma noção ligada ao estudo do desempenho. Quando os locutores e comentaristas dos jogos de futebol transmitidos pela televisão e pelo rádio, ficam empolgados com o jogo, passam essa empolgação para suas análises e quase sempre ocorre o que didaticamente chamamos de incompetência da competência de falar. Isso é comum, mesmo sendo esses profissionais constantemente testados pelas empresas jornalísticas onde trabalham, pois eles possuem, por obrigação de ofício, estudo formal, o que lhes proporciona alguma facilidade de expressão e isso facilita muito seus comentários. Muitos desses profissionais, entretanto, ficaram conhecidos por desrespeitarem quase sempre a norma culta da língua e, principalmente, por se expressarem, construindo uma fraseologia própria, como era o caso do saudoso e vibrante Mário Vianna (com dois enes, como gostava de ser chamado), comentarista de arbitragem dos anos 70, no rádio e na televisão. Os comentaristas de hoje, descobriram outras formas de encenação e se apresentam principalmente na televisão. Apresentam-se quase sempre com um visual bem produzido, numa tentativa semiológica, talvez, de amenizar, com os elegantes fatos com que se vestem o fato de maltratar a norma culta da língua. Mas nos comentários de futebol, transgredir a norma culta não é lá um grande pecado. O grande pecado é pousar de autoridade e escorregar nas construções lingüísticas. A linguagem que se deve utilizar nessas ocasiões, nos comentários relacionados aos acontecimentos no campo de jogo não deve ser o registro culto da língua e sim seu registro menos rígido, menos formal, mais descontraído, digamos: seu registro familiar. Isto porque a emoção é muito significativa e está intensamente presente nos comentários desses profissionais. Deixemos a gramaticidade reger esses comentários e aceitemos os registros menos cultos da fala, sem crucificar a metalinguagem desses profissionais esportivos. Hoje mesmo, no jogo entre Flamengo e Corinthians, no "Engenhão", o ex-jogador, Caio, agora comentarista da Rede Globo de Televisão me saiu com essa: “Mas ele tem a qualidade do passe muito ruim”. Caramba! Está aí o exemplo em que se mostra a aceitabilidade como uma noção ligada ao desempenho. Se o passe é ruim, onde está a qualidade? A norma culta aceita? Não, mas a frase possui gramaticidade e a aceitabilidade intuitivamente se relacionou diretamente ao desempenho lingüístico do comentarista, que por fatores extralingüísticos, desta forma estranha se manifestou. Deu para entender? Deu. Mas, agora, o difícil de entender é o figurino de toda equipe de radialistas, locutores, comentaristas, repórteres e alguns figurantes, que se apresentam impecavelmente uniformizados, com um comportamento visivelmente integrado, para trabalhar num show eminentemente apocalíptico, como é o espetáculo do jogo de futebol. Que o diga Umberto Eco!
 
 
 
ATÉ A PRÓXIMA". (LUIZ CÉSAR SARAIVA FEIJÓ,