[Flávio Bittencourt]

A lenda da cabra-cabriola

Francisco Augusto P. da Costa, em Folclore Pernambucano, recontou a monstruosa lenda da cabra-cabriola, que implacavelmente devorava criancinhas, ainda que não fosse adepta de ideologias exóticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.amoresnovelhochico.com.br/category/lenda/)

 

 

 

 

 

"(...) Por último, poderei aludir a um romance de caráter muito antigo, que anda na boca do povo com os nomes de Conde Alarcos, Conde Iano, D. Silvana, D. Infanta, e ainda ouitros, do qual estão publicadas muitas versões, desde Garrett. [CFR. D. CAROLINA MICHAËLIS DE VASCONCELOS, NA REV. LUSITANA, II, 213.).  Neste lindo romance, em que um rei manda um conde matar a mulher para poder depois casar com a princesa D. Silvana, a condessa, à hora da morte, dá o seio ao filhinho mais novo, e canta con ternura:   Mama, mama, meu menino!    Este leite é de pesar:    Amanhã por esta hora, Já m'estão a degolar.     Mama, mama, meu menino!    Este leite é de paixão:   Amanhã por esta hora    Ja eu 'starei no caixão.    Mama, mama, meu menino!       Este leite é d'amargura:   Amanhã por esta hora    Já estarei na sepultura.  [SIRVO-ME DE UMA VERSÃO INÉDITA, QUE OUVI E COPIEI NO CENCELHO DE BAIÃO. ALÉM DESTA, CONSERVO MANUSCRITAS, E GUARDO NAS MINHAS GAVETAS, MAIS DOZE VERSÕES. - EM ALGUMAS HÁ VARIANTES NO 2º VERSO."    Tais versos, embora não consituam propriamente nina-nana, ou canção de acalentar, pertencem à classe. Segundo o que tenho observado, não é costume geral cantarem-se cantigas enquanto os meninos mamam; todavia transcrevo adiante uma canção mirandense, em que se diz ao menino: Cala, cala! Quem te há-de dar la mama?; e há ouitras alusões na literatura popular ao acto de que se está falando. (...) 

(JOSÉ LEITE DE VASCONCELOS, Opúsculos - Vol. VII - Etnologia (Parte II) - Lisboa, Imprensa Nacional, 1938, pp. 798 - 799,

http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/etnologia/opusculos/vol07/opusculos07.html)

 

 

 

 

 

GIANE - DOMINIQUE,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=QtvJo9IKoVw&feature=related

 

 

 

 

MENINO INTELIGENTE (O PEQUENO ARTUR), QUE ACORDOU ASSUSTADO

COM A CABRA-CABRIOLA, CONTA À SUA MÃE QUE O TERRÍVEL RELATO

LHE FORA TRANSMITIDO NO COLÉGIO, OCASIÃO EM QUE AQUELA GENITORA 

EXPLICA QUE O MONSTRO NÃO EXISTE ("NA VIDA REAL", DIZ ELA) E QUE SÓ

EXISTE "NA ESTORINHA", "NO LIVRO",

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=OIHa9OB36Js

 

 

 

 

Unbeliable mountain goats jumping down from 50 meters!!!,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=oT-Ywtf23ho

 

 

 

 

Amalia Rodrigues "Estranha forma de vida" Fado,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=dKvcm2QV9tA

 

 

 

 

"EXISTEM AS CANÇÕES DO BERÇO E AS CANÇÕES DO COLO, mas se a intenção era a de aterrorizar crianças, tanto elas sendo "divertidas" no berço, quanto sendo "embaladas" no colo, AS ESTÓRIAS E CANÇÕES ASSUSTADORAS ERAM-LHES ATENCIOSAMENTE TRANSMITIDAS PELOS ADULTOS DOENTES QUE AS IAM, DE FORMA SISTEMÁTICA E REPETITIVA, NEUROTIZANDO, NAQUELA ESTRANHA FORMAÇÃO DE bons cidadãos e cidadãs QUE ATÉ HOJE PERSISTE, PORQUE O CARÁTER PERVERSO E PARANÓICO DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL NÃO PARECE TER SIGNIFICATIVAMENTE MUDADO (com os requintes de exploração de pulsões erótico-visuais [EXIBIÇÃO INDISCRIMINADA DE IMAGENS DE SACANAGEM] e de curiosidade mórbida [VIOLÊNCIA EXTREMA, EXIBIDA ROTINEIRAMENTE A CRIANÇAS, além de videogames que deflagram sentimentos de aniquilação do próximo (ainda que adversário)], que são exponenciados pelo sensacionalismo dos meios de comunicação de massa, além de conflitos interpessoais absurdamente propiciados nas lutas por grandes somas em dinheiro exibidas em reality shows como BIG BROTHER BRASIL, CASA DOS ARTISTAS, A FAZENDA e outras aberrações televisivas)"

(COLUNA "Recontando...")

 

 

 

 

"Ainda que não sendo adepta da ideologia marxista-leninista, a cabra-cabriola ingeria criancinhas"

(IDEM)

 

 

 

 

"(...) Ainda que, segundo vimos, haja canções do berço propriamente ditas, e canções, por assim dizer, do regaço, do colo ou dos braços, dou à minha coleção o título geral de Canções do berço, porque, com faltar do nosso léxico termo próprio que, à maneira do francês berceuse (derivado do verbo bercer, que significa ao mesmo tempo balouçar o berço e balouçar a criança), designe os dois grupos de poesias, coincide o aplicar-se comumente a expressão do berço às ideias correlacionadas com a primeira infância: pode, pois, essa expressão desempenhar, sem violência nenhuma, a função que lhe atribuo aqui. Noutras línguas observam-se fatos análogos, por exemplo em alemão, onde o termo Wiegenlied, seja qual for dos dois grupos de canções aquele a que se aplique, significa literalmente 'canção do berço' "

(JOSÉ LEITE DE VASCONCELOS, Opúsculos - Vol. VII - Etnologia (Parte II) - Lisboa, Imprensa Nacional, 1938, p. ,

http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/etnologia/opusculos/vol07/opusculos07.html)

 

  

 

 

 

(http://noticias.r7.com/blogs/hildegard-angel/2011/02/21/jantar-de-muitos-chefs-e-muitas-ausencias/,

tendo sido apresentada a seguinte legenda,

pela jornalista Hildegard Angel, em

sua conceituada coluna social:

"Taryn Szpilman [CANTANDO] e a Rio Jazz Orchestra")

 

 

 

 

 

April in Portugal,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=pgekMkn6YKQ&feature=related,

onde se pode ler:

"Fado em versão jazzística cantado por Satchmo [L. D. ARMSTRONG]. Video feito em jeito de homenagem a Louis Armstrong."

 

 

 

 

 

"PRODUZ PERPLEXIDADE, ATÉ HOJE, A ESTÓRIA DA CABRA-CABRIOLA, DO FOLCLORE PERNAMBUCANO, QUE FOI IMPORTADA DE PORTUGAL PELOS COLONIZADORES DO BRASIL E CONTÉM UMA CANÇÃO QUE ERA UTILIZADA PARA ATERRORIZAR CRIANÇAS DE TENRA IDADE, AINDA NO BERÇO - daí a expressão CANÇÕES DO BERÇO -, DEIXANDO CLARO, ASSIM, QUE NOSSOS ANCESTRAIS NÃO-AUTÓCTONES CONSIDERAVAM NECESSÁRIO PRODUZIR PAVOR EM INFANTES QUE SE IAM NEUROTIZANDO COM TAIS RELATOS, IMPLACAVELMENTE VIOLENTOS, PSICOLOGICAMENTE DEVASTADORES E CUJA moral da estória, NO CASO DA LENDA DA CABRA-CABRIOLA, ERA MAIS OU MENOS A SEGUINTE: quem abre a porta a um estranho ou a uma estranha pode ser estraçalhado por algum tipo medonho de bicho-papão"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

"QUANDO SE FALA EM EXTRATERRESTRE CHUPA-CABRA, a palavra CABRA, no vocábulo composto CHUPA-CABRA, não situa esse mamífero como monstro devorador, mas como vítima de predador vindo do espaço ou, como querem algumas pessoas que discutem fenômenos fantásticos, de outras dimensões, não se sabe bem se, propriamente, físicas, ou espirituais"

(IDEM)

 

  

 

"(...) Poderia eu ter escolhido a expressão canções de acalanto ou de arrolar, em virtude do que disse acima, quando falei destes vocâbulos; mas acalanto é arcaico, e arrolar, além de não ter em todo o país [*] o sentido lato que tem em algumas regiões, não possui clareza suficiente para título, pois que há outros vocábulos homófonos. (...)"

[*] - "(...) NA MINHA COLEÇÃO ESTÃO REPRESENTADAS TODAS AS PROVINCIAS DE PORTUGAL (CONTINENTE) E O ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA. (...)" [Sobre o continente, explica esse Autor: "Aqui, como em todos os meus estudos, adoto a antiga divisão geográfica e administrativa, que é a melhor: Entre-Douro-e-Minho, Trás-os-Montes, Beira (principado), Extremadura, Alentejo e Algarve (reino).]"

(JOSÉ LEITE DE VASCONCELOS, obra citada, p. ,

http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/etnologia/opusculos/vol07/opusculos07.html)

 

 

 

Amália Rodrigues - Coimbra,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=LqB8RAPC9QM

 

 

 

Roberto Carlos - Coimbra,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=W7F1aSpoqJk

 

 

 

 

 

 

                "AO JEITO DE HOMENAGEM AO SATCHMO (Louis Daniel Armstrong - 1901 - 1971)"

                E EM MEMÓRIA DO HISTORIADOR E FOLCLORISTA RECIFENSE

                FRANCISCO AUGUSTO PEREIRA DA COSTA (1851 - 1923) E

                AO POVO DO RECIFE, ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL

 

 

 

26.11.2011 - Francisco Augusto P. da Costa, em Folclore Pernambucano, recontou o monstruoso relato da cabra-cabriola, que implacavelmente devorava criancinhas -  A lenda da cabra-cabriola.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

"CABRA-CABRIOLA

Havia uma mulher que tinha três filhos de tenra idade, e saindo sempre à noite para angariar meios de subsistência para eles, recomendava-lhes, muito insistentemente, que se prevenissem contra as astúcias da cabra-cabriola, não abrindo a porta senão a ela própria, cuja voz e toada particular perfeitamente conheciam.

Certa noite, porém, chega o monstro, bate à porta, e ignorando o acordo estabelecido, pede como se fosse a mãe das crianças, que a deixem entrar; mas, falando naturalmente com a sua voz forte, grossa e horrível, nada conseguiu com suas artimanhas, e saiu desesperada, bramindo:

Eu sou a cabra-cabriola,
Que come meninos aos pares,
E também comerei a vós,
Uns carochinhos de nada.

Retrocede depois, oculta-se, e aguarda a volta da mulher, e com semelhante artifício aprende-lhe a toada, e repara bem no seu metal de voz.

No dia seguinte vai à casa de um ferreiro, manda bater a língua na bigorna, e conseguindo assim modificar a sua voz, tornando-a mesmo igual à da mãe dos meninos, vem à noite, espreita a sua saída e depois bate à porta, cantarolando a conhecida toada:

Filhinhos, filhinhos,
Abri-me a porta,
Qu’eu sou vossa mãe;
Trago lenha nas costas,
Sal na moleira,
Fogo nos olhos,
Água na boca,
E leite nos peitos
Para vos criar.

E as pobres crianças, na persuasão de que era a sua própria mãe que assim lhes falava, abrem pressurosas e alegres a porta, e inopinadamente acometidas pela esfaimada cabra-cabriola, são todas devoradas por ela.


(Costa, Francisco Augusto Pereira da. Folclore pernambucano)"

 

 

 

 

(http://www.scilowcountry.org/brett_barnes'_mt__goat_hunt.htm)

 

 

 

 

cabra cabriola

 

 

(http://sitededicas.uol.com.br/folk_cabra_cabriola.htm)

 

 

 

 

 

Fichier:Lophura diardi.jpg

(http://en.wikipedia.org/wiki/Siamese_Fireback)