[Antônio Carlos Rocha]

 

O problema do inter-relacionamento de história e literatura vem cada vez mais ocupando tanto os críticos literários como os próprios historiadores. Para o crítico, o problema se torna importante, mesmo fundamental, por duas razões principais. Primeira, em virtude da necessidade de compreender como um todo e historicamente as produções literárias de diferentes autores, épocas e nações. Segunda, ampliar os critérios de compreensão do que seja a obra literária, do que deva ser considerado como literário quando as modas e as pressões ideológicas não se fazem mais presentes. Sucede então que muitas obras, que em seu tempo conheceram o sucesso, passam com a moda. E outras, rejeitadas em seu tempo, são resgatadas literariamente. Importa, pois, ao verdadeiro exercício crítico, não só fundamentar o fenômeno literário mas igualmente histórico.

Na medida em que o literário se institui como um fazer histórico, o crítico e o historiador literário não lhe podem ser indiferentes. Toda história literária, implícita ou explicitamente expõe um conceito de história.

(...)

Pensar a história literária é pensar o histórico, o literário, a crítica em seu fundamento. A amplitude e radicalidade do conceito de crítica é que dará, em última instância, os parâmetros para a realização da história literária. Não podemos, é evidente, confundir crítica literária exercida historiograficamente com história literária. Algumas perspectivas críticas negam ou abandonam inteiramente o histórico, embora sejam posições críticas históricas, apesar de.

(Manoel Antônio de Castro, O acontecer poético. Editora Antares, 1982, págs. 117 e 118).