[Maria do Rosário Pedreira]

Um dos recentes posts deste blogue, dedicado às mulheres escritoras, suscitou um número de comentários nunca antes aqui visto. É bom saber que as questões de género estão bastante vivas (em alguns casos, em carne viva) e que há muitos que sobre elas se querem pronunciar – e, felizmente, não só mulheres. Contudo, porque foi muitas vezes referido o «machismo» de quem faz crítica de livros, queria apenas relembrar que o principal crítico que tivemos nos nossos jornais nas últimas décadas – e que foi grandemente responsável pela divulgação e o ulterior sucesso de muitos autores portugueses – nunca deu mais espaço a um escritor do que a uma escritora (era mais fácil o contrário ser verdade) e se mostrou sempre invulgarmente atento a todos os que iam aparecendo, sem qualquer preconceito de idade e género: poetas, romancistas, e até contistas e cronistas que, já se sabe, representam uma minoria à qual às vezes é difícil prestar atenção. Porque me lembrei dele enquanto assimilava os mais de cinquenta comentários dos meus leitores – e tive saudades de o ler, ainda que nem sempre concordasse com as suas ideias –, pensei que podia dedicar-lhe hoje o meu post, chamando-lhe um macho man muito feminista. Precisávamos de outro Eduardo Prado Coelho nos nossos jornais…