Para os que já sentiram o valor nobilíssimo da amizade sincera – sentimento tão raro nos dias que correm -, nada é mais agradável do que ler ou reler o belo poema de Henry Wadworth Longfellow (1807-1882), cujo título utilizei para esta coluna. Conforme sempre tenho feito, a tradução se apresenta na sua forma bilíngüe, expediente que já está se tornando uma prática usual nas obras traduzidas .Ei-lo:

The arrow and the song


I shot an arrow into the air,
It fell to earth, I knew not where;
For, so swiftly it flew, the sight
Could not follow it in the flight.

I breathed a song into the air,
It fell to earth, I knew not where;
For who has sight so keen and strong,
That it can follow the flight of song?

Long, long afterward, in an oak
I found the arrow, still unbroken;
And the song, from beginning to end,
I found again in the heart of a friend.


A flecha e a canção
 

No ar uma flecha atirei,
Caiu na terra, mas não sabia onde;
Pois tão veloz foi dela o vôo que a vista
Acompanhá-lo não conseguira.

Uma canção espalhei ao vento,
Caiu na terra, mas não sabia onde;
Pois que visão é tão ágil e tão forte
Que ao vôo de uma canção possa igualar-se?

Muito, muito tempo se passou, num carvalho
A flecha encontrei, ainda perfeita;
Mas, a canção, do início ao fim,
Num coração de um amigo outra vez se aninhara.