[Flávio Bittencourt]

A explosão criadora em Arthur Koestler

Segundo Koestler, a criatividade manifestada na ciência, na arte e no humor tem análogos em todos os níveis da hierarquia orgânica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dilma Rousseff cita Basho

 
Compartilho [MONICA MARTINEZ COMPARTILHA] a matéria publicada na Folha de S. Paulo do dia 26 de dezembro de 2010, onde a presidenta eleita Dilma Rousseff fala de suas preferências literárias, citando Matsuo Basho. Em tempo: não foi ele que inventou o haicai, mas aperfeiçou-o de tal forma que se tornou, até hoje, o haicaista mais citado de todos os tempos. [MONICA MARTINEZ]

 

Dilmoteca básica

Eleita não tem autor favorito, gosta de Proust e faz "estoque" de livros
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

No início deste ano, numa das sessões de entrevistas que concedeu à Folha, Dilma Rousseff falava sobre suas preferências no futebol. Declarou-se fã do Atlético, em Minas Gerais, e do Internacional, no Rio Grande do Sul.
Recordou-se de sua primeira vez no Maracanã
[ESTÁDIO JORNALISTA MÁRIO FILHO], no Rio, em 1969. Um jogo do Flamengo. Estava na clandestinidade. "Eu fiquei assim abestalhada com as bandeiras. Você já viu as bandeiras?", perguntou e já respondeu: "É de perder o fôlego".
Mas foi uma memória seletiva. Não se lembrava do placar nem contra quem o Flamengo jogava. Com quem estava? Nenhuma lembrança.
Começou então a falar sobre como as imagens vão se colando -ou não- na memória das pessoas. "Eu fico pensando se sou eu ou se todo mundo é assim. Você sabe que eu nunca havia me lembrado disso até hoje?", disse.
A recordação veio porque a conversa era para compor um perfil biográfico. Naquele instante, esporte e cultura popular dominavam a entrevista. Foi quando ela citou suas referências literárias.
"Sobre a memória, quem tem razão era o [Marcel] Proust. Ele falava do sabor e do odor, dois sentidos primitivos que suportam um edifício imenso da recordação".
Descreveu o trecho do romance "Em Busca do Tempo Perdido", publicado no início do século passado, no qual Proust fala de comer madeleines e tomar chá -e como o cheiro e o sabor desencadeiam recordações
. (...)".

(http://espacodohaicai.blogspot.com/)


 

 

 

 

 

(http://www.mitob.com.br/)

 

 

 

 

"O haicai é um pequeno poema com uma métrica de três versos, de 5-7-5 sí­labas, que surgiu no Japão no século 16. No século 20 disseminou-se por todo o mundo. Sua maior expressão é Matsuo Bashô (1644-1694), poeta japonês criador do mais famoso de todos os haicais: "velho lago / mergulha a rã / fragor d'água".

Em português aceita-se que a contagem de 17 sí­labas não seja seguida à risca, não devendo, no entanto, ultrapassar um máximo de 21 sílabas. Também não é necessário haver rima dos versos. O haicai deve ter um "kigô", ou seja, uma referência a uma estação do ano, elemento básico de sua ligação com a natureza. O haicai passa-se no presente, tem um olhar de cinema que mostra uma imagem e nos permite ver seu movimento, sem discurso opinativo do autor. (...)"

(CARLOS SEABRA,

http://haicaisequetais.blogspot.com/)

 

 

 

Basho, Matsuo (1644-1694)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Matsuo Bashō [?, 1644 – November 28, 1694]

(http://www.muckypig.com/thepen/some-of-my-favorite-poems/basho)

 

 

 

 

 

Noite de piracema.

A lua indiscreta mostra

a rota do cardume.

(LUIZ BACELLAR,

http://omalfazejo2.wordpress.com/2009/02/16/tres-haicais-ineditos-de-luiz-bacellar/)

 

 

 

 

Fim do campeonato.

No repleto Maracanã,

o gol de Pelé. 

(FLÁVIO BITTENCOURT,

em 18.2.2011, lembrando que

pode haver uma variação

talvez radicalizante

sob ótica semiótico-poética,

NA HOMENAGEM AO BARULHO

DO SAPO OU RàNO TANQUE

OU POÇO OU LAGO OU LAGOA 

OU AÇUDE OU REPRESA DE BASHÔ:

 

Tarde domingueira.

No Maracanã lotado,

o som da torcida.

 

ONDE O SEGUNDO VERSO,

como se vê,

PERMANECEU (quase) O MESMO,

uma vez que NO MÁRIO FILHO

NÃO SE MEXE, a menos

que seja para a realização de

uma boa reforma do grande Estádio! fb)

 

 

 

 

[5ripple_big[4].jpg] 

 

 

 

 

 Arthur Koestler

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Arthur Koestler. Photograph: Jane Bown

(http://www.guardian.co.uk/books/2010/feb/21/arthur-koestler-robert-mccrum)

  

 

 

 

(3.6.2010)

 Lygia Fagundes e Décio Pignatari - Jair Bertolucci/Cultura
"O programa Letra Livre, às 23h, na Cultura, recebe nesta quinta (3) a escritora Lygia Fagundes Telles e o poeta concretista Décio Pignatari. Os dois vão lembrar dos tempos de estudantes da Faculdade de Direito do largo de São Francisco, em São Paulo, nos anos 1940. Eles ainda vão falar sobre como funciona o processo de criação para cada um. Foto: Jair Bertolucci/Cultura"


(http://entretenimento.r7.com/famosos-e-tv/noticias/decio-pignatari-e-lygia-fagundes-telles-se-encontram-na-tv-20100603.html)
 

  

 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paint Table - John Nouanesing

(http://design-vs-artesplasticas.blogspot.com/)

 

 

 

"04 Janeiro 2010
(...)



o velho lago
o salto da rã
o som da água
- Bashô
(tradução literal)
 


"a rã, de fato saltou na água?"  Kai Hasegawa é um haikaista (poeta de haikai),  diz que 
há 300 anos, este que é o clássico dos clássicos, o mais famoso haikai do bashô, vem sendo interpretado erroneamente. E se não erroneamente, pelo menos mal compreendido. Diz o autor que a rã não pulou no lago, mas ao ouvir o som do sapo pular na água, o poeta Bashô imaginou, criou uma imagem do velho lago. Isto é, o som da agua é real, mas o velho lago não seria um lago que tenha existência real em algum lugar, mas um velho lago imaginário que surgiu na mente do Bashô. E que faz mudar a interpretação, é a presença da letra や "ya" que faz o corte na frase. Diz ele que se a rã tivesse de fato pulado, a construção do poema seria de outra forma. (...)".
 

 

[leminski.jpg] 

(http://blogcoisasnossas.blogspot.com/2008/04/ensaio-sobre-leminski.html)

 

 

 

            VELHA
            LAGOA


           UMA RÃ
MERG               ULHA 
           UMA RÃ


          ÁGUÁGUA


Décio Pignatari
citado em Matsuo Bashô, de Paulo Leminski, 1987
(http://www.kakinet.com/caqui/furuike.shtml)
 

 

 

 

velha lagoa
o sapo salta
o som da água


Paulo Leminski
Matsuo Bashô: A Lágrima do Peixe, 1983

(http://www.kakinet.com/caqui/furuike.shtml)

 

 

 

PINTURA DE PAUL CÉZANNE

  
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A landscape by Paul Cezanne, coming to a Phillips auction on May 7, could become the most expensive painting in history. The buzz says the No. 3 auction house is looking to leapfrog itself into dominance by selling the painting for more than $82 million--currently the highest price ever paid for art at auction.

The painting in question is Cezanne's "Le Montagne St.Victoire," an acknowledged masterpiece depicting a landmark promontory visible from most parts of Provence, the artist's native region. It is one of the stars of a sale of Impressionist masterworks from the collection of Heinz Berggruen, considered one of the finest in the world (...)".
 

  

 

 

"(...) Que nos resta dizer? Em verdade, bem mais, sobre as muitas faces da sua [DE JORGE TUFIC] poesia, a começar por alguns aspectos formais da sua experiência concretista e sua concepção da Poesia de Muro. Na área do concretismo, por exemplo, depois de levar seus experimentos aos limites extremos da palavra, “pintando”, por assim dizer, uma paisagem bucólica com apenas três vocábulos —

Ode
campo
bode.

Jorge Tufic leva tais experimentos ainda mais longe, mediante a inclusão de elementos extraverbais no texto poemático. (...)".

 

(ALENCAR E SILVA, escrevendo sobre o itinerário do poeta JORGE TUFIC) 

 

 

 

 

poesia de altissima tensão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"A mão firme do poeta [LUIZ BACELLAR]: poesia de altíssima tensão"

(ZEMARIA PINTO,

http://omalfazejo2.wordpress.com/2009/02/16/tres-haicais-ineditos-de-luiz-bacellar/)

 

 

 

 

 

                     COMO HOMENAGEM DE SAUDADE A

                     NELSON RODRIGUES (NELSON FALCÃO RODRIGUES, 1912 - 1980) E A SEU IRMÃO

                     MÁRIO RODRIGUES FILHO (1908 - 1966), QUE, MERECIDAMENTE,

                     ESTÁ NO NOME OFICIAL DO

                     MAIOR ESTÁDIO DO MUNDO, PARA

                     DILMA VANA ROUSSEFF, RESPEITOSAMENTE, E

                     EM MEMÓRIA DE ARTHUR KOESTLER

 

 

 

 

18.2.2011 - Em 1964, Koestler apresentou uma consistente teoria da criatividade - Segundo esse autor, no pensamento comum a pessoa segue apenas um plano de experiências, enquanto no pensamento criador, ela pensa simultaneamente em mais de um sistema de referências.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

 

George Frederick Kneller escreveu a respeito do pensamento de Arthur Koestler:

"Koestler (1964) apud Kneller (1978) apresenta uma teoria da criatividade que tenta integrar todas as suas expressões – ciência, arte e humor. Sua fundamentação lança recursos da psicologia, da neurologia, da fisiologia, da genética e diversas ciências na proposição de um padrão comum – a bissociação –, que consiste na conexão de níveis de experiência ou sistemas de referências. Koestler argumenta que, no pensamento comum, a pessoa segue rotineiramente em um mesmo plano de experiências, enquanto, no criador, pensa simultaneamente em mais de um sistema de referências.

 

A formação de tais planos de experiências pressupõe a existência de estruturas de pensamentos e de comportamentos já adquiridos, que dão coerência e estabilidade, mas deixam pouco espaço para a inovação. Todo padrão de pensamento ou de comportamento (que Koestler chamou de “matriz”) é regido por um conjunto de normas (ou “código”), que tanto pode ser aprendido quanto inato. Esse código possui uma certa flexibilidade e pode reagir a algumas circunstâncias.

A explosão criadora ocorre quando duas ou mais matrizes independentes interagem entre si. O resultado, segundo Koestler, pode-se apresentar de três formas (ver quadro 3).

Quadro 1:      Resultado da interação de duas ou mais matrizes segundo Koestler

Tipo de interação

Resultado

Explicação

Colisão

Humor

É a interseção de duas matrizes, cada qual consistente por si mesma, porém em conflito com a outra. No decorrer da bissociação, emoção e pensamento separam-se abruptamente. Esse conflito causa uma tensão emocional e resolve-se em riso.

Fusão

Ciência

A criação surge do encontro de duas matrizes até então desprovidas de relação. Trata-se de uma convergência de pensamentos em direção a um objetivo previamente estipulado – as matrizes fundem-se em uma nova síntese.

Confrontação

Arte

As matrizes não se fundem nem colidem, mas ficam justapostas. Os padrões fundamentais de experiência são expressos novamente a cada novo olhar, em cada época ou cultura. Há uma transposição dos sistemas de referências.

 

Koestler vai ainda mais longe, ao relacionar a criatividade a todas as formas de padrões existentes:

“Segundo Koestler, a criatividade manifestada na ciência, na arte e no humor tem análogos em todos os níveis da hierarquia orgânica, desde o mais simples organismo unicelular até o maior dos gênios humanos. (...) Todo padrão de pensamento, ou ação, organizado – toda matriz, afinal – é governada por um código de regras, sem deixar de possuir entretanto um certo grau de flexibilidade em sua adaptação às condições do meio ambiente.” [1]



[1] KNELLER, George Frederick. Arte e ciência da criatividade. 17 ed. São Paulo: Ibrasa, 1978, p. 58.

(http://www.criativ.pro.br/criativ/index.php?option=com_content&view=article&id=12:koestler-e-a-bissociacao&catid=3:teorias-modernas&Itemid=6)

 

 

 

===

 

 

 

JOÃO BERNARDO CALDEIRA

ESCREVE SOBRE PAULO LEMINSKI

 

"O hippie erudito

Quinze anos após sua morte, o cultuado poeta Paulo Leminski começa a ser aceito no meio acadêmico e ganha edição de inéditos

João Bernardo Caldeira

No dia 7 de junho de 1989, morria o poeta curitibano Paulo Leminski, aos 44 anos, vítima de cirrose hepática. De personalidade polêmica e arrebatadora, foi alçado à condição de mito da cultura brasileira graças à vida curta, porém intensa, e aos versos breves, mas profundos. Passados 15 anos da data, seu legado começa a ser melhor avaliado, já que a obra resiste ao personagem. Sua produção literária, popular porém ainda silenciada nas universidades, aos poucos atravessa os muros da academia - um reconhecimento que chega a tempo de celebrar o próximo dia 24, quando o poeta completaria 60 anos.

Recentemente, foram lançados diversos livros e teses que dissecam a obra do poeta, que também escreveu em prosa, fez traduções e biografias e compôs canções gravadas por Caetano Veloso, Moraes Moreira, Arnaldo Antunes e Cássia Eller. Em setembro, chega às livrarias A linha que nunca termina - Pensando Paulo Leminski (editora Lamparina), organizado por André Dick e Fabiano Calixto, com textos, ensaios e poemas de 42 autores, em sua maioria inéditos, sobre o autor de Caprichos e relaxos (1983).

- A idéia era ressaltar a obra e não a pessoa. A maior parte dos textos foi feita por pessoas que não tiveram contato com ele - diz Fabiano, de 31 anos, pernambucano radicado em São Paulo e poeta da nova geração.

Até o fim do ano, seus admiradores conhecerão também o livro inédito de contos Gozo fabuloso (DBA editora), trabalhado por Leminski pouco antes de morrer. Quem administra o baú do escritor é Alice Ruiz, sua ex-mulher, com quem teve três filhos. Também poeta e curitibana, Alice, de 58 anos, acha que o momento é propício para se redescobrir a obra do ex-marido.

- Depois de 15 anos dá para se ter uma idéia das coisas. Desde menino ele amava o saber, mas foi tocado pelas coisas da nossa geração, a contracultura, o rock, e fez a fusão. Era da característica dele ser uma pessoa profundamente moderna no sentido de ver tudo o que acontecia em nosso tempo. Era um hippie erudito - avalia ela, que ainda hoje se emociona ao falar do companheiro.

Para a crítica literária e professora de literatura da Universidade de São Paulo Leyla Perrone-Moisés, já está na hora de a academia incluir Lemisnki em seu currículo. Ela lamenta que o nome do poeta não circule na USP e aponta os motivos:

- Ele era ligado à poesia concreta, que tem seus inimigos. Além disso, sua obra ainda não entrou para o cânone porque é um risco formar alunos com coisas que ainda estão acontecendo, por isso o programa é defasado. Ao mesmo tempo, isso evita que ele se torne um objeto morto, sacralizado.

Na Universidade Federal de Minas Gerais, a mentalidade está mudando, acredita Maria Esther Maciel, que dá aula de literatura na instituição e teve um ensaio incluído em A linha que nunca termina. Ela comemora o lançamento recente de livros como Aço em flor - A poesia de Paulo Lemiski, de Fabrício Marques, e Leminski, guerreiro da linguagem, de Solange Rebuzzi:

- Hoje, a resistência é menor do que há cinco anos. Já percebo que alguns professores daqui têm trabalhado poemas dele. Esses livros ajudam a quebrar barreiras.

Muitos acadêmicos preferem estudar e exaltar o mais célebre livro de prosa de Leminski, Catatau (de 1975), do que sua poesia. A obra é rebuscada, ao contrário de seus versos, curtos e diretos. Em setembro, será lançada a revisão crítica de Catatau, que virá com glossário explicativo e apresentação de Décio Pignatari, que fazia parte do pilar da poesia concretista, ao lado de Augusto e Haroldo de Campos, todos grandes amigos de Leminski. Ele é um dos que separam Catatau de suas poesias:

- Não é que sua poesia seja menor, ele levou oito anos para fazer Catatau e não suportaria passar outros oito anos da mesma forma. Então usou sua habilidade para fazer uma poesia que visava o grande público, assim como seu trabalho na música. Mas, antes, fez uma das prosas mais interessantes da literatura brasileira da metade do século passado.

Leyla Perrone discorda da diferenciação:

- A idéia do livro é absolutamente genial, mas seu estilo de poemas breves também deve ser valorizado, porque necessita de um poder de síntese enorme. Pensam que quem escreve coisa curta é porque ainda não escreveu coisa longa. Quando perguntavam para o (contista) Dalton Trevisan quando ele iria escrever um romance, ele respondia que seu ideal era o hai-kai.

Embate concretista

No calor dos anos 70 e 80, Leminski entrou em grandes polêmicas na defesa do movimento concretista, apesar de não ser considerado um poeta concreto por pessoas como Leyla Perrone, Alice Ruiz e Maria Esther, entre muitas outras. Os poetas Ferreira Gullar e Afonso Romano de Sant'Anna, que faziam críticas ao movimento, ouviram poucas e boas do curitibano. Hoje, Afonso reavalia a contenda:

- Tivemos alguns arranca-tocos, mas são caneladas que acontecem em qualquer partida de futebol. Eu insistia que ele deveria achar sua própria linguagem, pois, enquanto ficasse na periferia do concretismo, seria apenas um afluente.

O tempo aplacou desentendimentos, mas a visão crítica permanece:

- Do ponto de vista poético, ele ficou retido no poema curto, essa poesia aforística e arriscada que pode cair na facilidade do achado, da graça. Foi um poeta interessante e inquieto que surgiu nesse contexto das vanguardas, mas acho que a presença esmagadora do concretismo sobre ele bloqueou uma trajetória que ele poderia ter seguido. É uma obra supervalorizada pela crítica.

Ferreira Gullar diz que não conhece a obra de Leminski, mas, apesar das rusgas do passado, elogia:

- Ele foi um poeta muito talentoso e cheio de humor. Não conheço a obra dele, mas os poemas que li são muito interessantes. Acho que todo poeta inventa a si mesmo e a sua obra. Ele conseguiu. Nem todos conseguem ter um desenho particular facilmente identificável.

Artistas de gerações posteriores, como Arnaldo Antunes, de 43 anos, que compôs uma música em parceria com Leminski, têm nele um exemplo:

- Sua obra é lapidar em vários momentos. Me sinto um pouco filho dessa movimentação toda da qual ele participou ativamente nos anos 80.

Para Alice Ruiz, Leminski se destacou por sintetizar várias tendências literárias da época:

- Se o Paulo tem algum legado é o de ter feito a ponte entre a poesia erudita e a experimental. Ele juntou a coloquialidade da poesia marginal com o lado mais elaborado do concretismo. Seus versos eram cultos mas ao alcance de todos.

O jornalista e amigo de Leminski Toninho Vaz, que escreveu a acurada biografia Paulo Leminski - O bandido que sabia latim (editora Record), arremata:

- Cada vez que tentam bater nele o mito cresce mais. É como diz Jorge Mautner: ninguém amou tanto a poesia quanto Paulo Leminski".

(http://www.casadobruxo.com.br/poesia/p/paulol09.htm

 

 

===

 

 

 

PAULOL

"Paulo Leminski Filho (Curitiba, 24 de agosto de 1944 — Curitiba, 7 de junho de 1989) foi um escritor, poeta, tradutor e professor brasileiro. Filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes. Mestiço de pai polonês com mãe negra, Paulo Leminski Filho sempre chamou a atenção por sua intelectualidade, cultura e genialidade. Estava sempre à beira de uma explosão e assim produziu muito. É dono de uma extensa e relevante obra. Desde muito cedo, Leminski inventou um jeito próprio de escrever poesia, preferindo poemas breves, muitas vezes fazendo haicais, trocadilhos, ou brincando com ditados populares. (...)".

(http://www.brasilcultura.com.br/cultura/paulo-leminski/)