A EDUCAÇÃO PELA PEDRA

 


Rogel Samuel
 

Há muitos anos, João Cabral de Melo Neto retratou, com sua habitual precisão, a dureza de um retrato de grande parte do Brasil relegado à margem da versão que se acreditava e se impunha oficial do nosso país.

Uma educação pela pedra: por lições; 
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra.
uma pedra de nascença, entranha a alma.

Hoje, nos orgulhamos de ter um presidente que foi educado pela pedra e que apesar de toda a dureza de seu aprendizado destacou como aspecto central de sua campanha o encontro com a generosidade, com a construção de um país mais justo; construção democrática, legitimada pela negociação de um amplo pacto social.

Longa e difícil foi a história do nosso presidente. Custou-lhe décadas de determinação fazer com que nosso país se encontrasse com sua história e assumisse o enfrentamento de nossos grandes desafios. Através da negociação, da sua firmeza de caráter e determinação, do seu olhar generoso com a multiplicidade de faces do nosso país, nosso presidente conseguiu construir o consenso sobre a necessidade inadiável de enfrentar a questão social como tema central de uma Política de Estado. Um país para todos, com credibilidade inquestionável na condução da política econômica e reformas que resolvam as armadilhas construídas na nossa história. Enfrentar com grandeza, determinação e eficácia o desafio que o país nos impõe, eis o compromisso inegociável assumido por nosso presidente, e obrigação primordial e irredutível da nossa administração.