Situado entre a crônica e o noticiário, o rodapé era assinado por intelectuais que, a exemplo de Álvaro Lins, cultivavam a eloquência e a erudição com o intuito de convencer rapidamente os leitores num tom subjetivo e personalista.

CLÁUDIA NINA

 

      Na definição do verbete “rodapé,” o dicionário Aurélio consigna quatro acepções, uma das quais nos interessa aos objetivos deste capítulo, a 4, como segue: (...) 4. “A crônica, folhetim, etc. de jornal ou revista, publicação no rodapé da folha e geralmente separado do resto do texto por um filete horizontal.” [1]
     Afrânio Coutinho, o escritor que por tanto tempo verberou contra o rodapé da imprensa nos decênios de 1940 a 1960, considerando estas datas sempre com a devida flexibilidade, é justamente um dos estudiosos brasileiros que mais aprofundou a questão tanto no jornal quanto principalmente nos seguintes livros: Correntes cruzadas (1953), Da crítica e da nova crítica (1957) e Crítica & críticos (1969).
    Não só o crítico esmiuçou o assunto, mas também procurou situá-lo nos termos que, no juízo dele, ensejaram esclarecimentos isentos de parcialidade, ou seja Coutinho não era contra o rodapé em si, conquanto algumas vezes em livro demonstrasse sinais de contradição, em especial quando polemizava sobre duas questões que o colocavam na defensiva de seus princípios teórico-conceituais:a defesa da Nova Crítica e o combate sem trégua contra o Impressionismo crítico, cuja práxis embutia a questão da crítica de rodapés. Disso fez, durante pelo menos duas décadas um exaustivo exercício de defesa de suas ideias no campo teórico.
    Empregou um artifício retórico em seus artigos, ensaios e críticos que jamais negou: a retomada de seus temas prediletos na área da crítica literária, da teoria literária e da historiografia literária, mas retomada no sentido progressivo, de alargamento de visões teóricas, de aprofundamento atualizado das questões desenvolvidas sob o signo da redundância conscientemente usada como estratégia para repisar temas e assuntos para os quais desejava soluções de mudanças efetivas e saneadoras nos estudos de crítica literária e na pedagogia do ensino de literatura, de que foi no país um dos maiores doutrinadores.
Chegou mesmo a usar uma espécie de lema de suas pesquisas e investigações, uma epígrafe extraída de Napoleão:” A repetição é a melhor figura de retórica.”[2]
     No que dizia respeito ao rodapé, foi, sim, contrário ao uso inadequado dessa forma de jornalismo literário e, neste sentido, entendia ser ela um modo de apenas informar o leitor sobre livros recém-lançados, contudo, sem intenção alguma de analisá-los em profundidade e com pretensões de fazer crítica literária, a qual era algo a ser exercido propriamente em livros, revistas especializadas, na universidade, em congressos, na cátedra, e não pelo uso do espaço do jornal, em suplementos semanais.
    O rodapé deveria ser um texto breve, superficial, sem aparato crítico-teórico, atividade do resenhista, não do critico literário, a quem caberia a atividade de análise, interpretação e julgamento de obras implicando disponibilidade de maior tempo e instrumental crítico-metodológico
Coutinho se opunha a este exercício de crítica, o qual, para ele, não passaria de book-review do tipo que, nos Estados Unidos, era largamente difundido pelos jornais. Segundo ele, o espaço de tempo de uma semana não era suficiente para avaliar-se uma obra recém-lançada. Entretanto, acentuava, em alguns casos excepcionais de competência e erudição do crítico, era possível a judicatura crítica nestas condições.
     Convém, antes de tudo, aclararmos uma questão que se tornou controvertida na biografia intelectual do crítico Coutinho: é voz corrente que ele foi um aguerrido inimigo da crítica de rodapé, período em que dominava a corrente critica conhecida pelo nome de Impressionismo.
Quem, todavia, se der ao trabalho de ler os três livros de Coutinho citados linhas atrás, verificará que os fatos não foram exatamente assim. Coutinho reprovava o rodapé, repetimos, daqueles críticos sem nenhum preparo para o ofício de julgar livros. Entretanto, não se dirigiam suas diatribes contra figuras de reconhecida capacidade e erudição para o exercício da crítica militante. Ele não citava nomes, somente generalizava suas ponderações.
     Enfatizava, ademais, a circunstância de que escrever artigos sérios e profundos em exíguo período de tempo, i,e, em coluna semanal, não poderia se definir como crítica literária, disciplina que requer leitura e releitura, paciência e metodologia combinada com levantamento e atualização bibliográficos, normas técnicas de preparação de trabalhos ensaísticos, técnicas de documentação, conhecimento de edição de texto.
     Comentando historicamente alguns acidentes por que passou a crítica militante, “jornalística, de folhetins periódicos” [3] de rodapé, ou review, lembra Coutinho que, tendo-se popularizado a militância crítica da França para outros países, que passou a valer como “padrão da crítica,” com o tempo, segundo ele, surgiram “divisões” incontornáveis no “sistema” sobretudo “entre a crítica e a história literária”[4] em que a primeira cuidaria da produção do presente, praticada nos jornais, e a segunda, se ocuparia da produção do passado, com a denominação de erudita, historiográfica, ensaística. Quando do desenvolvimento dos estudos literarios brasileiros, estas duas divisões, a meu ver, corresponderiam, respectivamente, às atuais resenhas e monografias, dissertações e teses universitárias, guardadas as proporções e as grandes modificações sofridas no tempo
      Todavia, o próprio Coutinho utilizou por décadas em jornais a militância crítica, porém mais dirigida a analisar questões teóricas de literatura, história literária e sobretudo de crítica literária, o que levou Antonio Candido a chamá-lo de “critic’s critic.” Julgamos que Candido teria sido mais exato se definisse Coutinho como o “critic of criticism.”
      A rigor, esta classificação não pode ser tomada ao pé da letra, porquanto Coutinho tinha uma concepção de crítica muito mais ampla, não se restringindo apenas à militância crítica. Ou seja, não concordava com aqueles que só consideravam crítico quem militasse nos rodapés.
      Na realidade, sempre se cobrou do autor de A tradição afortunada uma militância crítica, a análise, interpretação e julgamento de livros do momento. Mesmo no concurso a que se submeteu para provimento da cátedra de literatura no Colégio Pedro II, um dos examinadores, Affonso Arinos de Melo Franco, indagou, em tom de severidade que o momento exigia, por que Coutinho não passava da teoria para a prática. “não se confinasse à crítica da crítica, aplicasse sua instrumentação à crítica das obras de arte”[5]
      Esta posição de Coutinho torna-se bem mais explícita numa passagem de sua longa introdução à obra Correntes cruzadas - texto fundamental ao conhecimento do pensamento do crítico e do caráter combativo que imprimiria ao seus estudos do fenômeno literário.
      Talvez haja lugar aqui para mais uma nota pessimista,ou ao menos de humildade: nossa incompetência para realizar-nos, para concretizar aquilo que idealizamos ou visualizamos. Falecem-nos as disciplinas, os recursos, mesmo quando não ignoramos onde estão. As gerações como a de quem aqui escreve, comprometidas por graves deficiências de formação e falta de orientação, agravados tais defeitos pelas circunstâncias locais, é natural que se vejam peadas no realizar a operação de passagem dos princípios básicos e dos planos teóricos para o campo da prática.[6]
      Entretanto, na “Apresentação” de seu livro Crítica & críticos, pondo de lado aquela atitude tíbia, acima-citada, Coutinho assume aberta e corajosamente a sua posição quanto ao fato de a crítica brasileira dele estar sempre exigindo militância no sentido de analisar e julgar livros novos lançados no mercado. Para essa insistência dos críticos, Coutinho dirige estas palavras: “Afirmar que não faço crítica só porque não escrevo rodapés (deitados ou verticais) sobre os livros do momento é uma total deformação dos fatos.”[7]
     Em seguida, em forma de indagação ao leitor, Coutinho apresenta uma série de atribuições fundamentais do papel de um crítico que, a despeito de sua decisão de não exercer o julgamento de obras novas, não estará abdicando de sua função quando faz a crítica da crítica, quando especula sobre teoria literária, quando planeja, organiza e edita uma história literária, quando prepara edições de autores, quando analisa problemas literários e críticos.
      O que faz – se pergunta – não seria também crítica estudar o passado e o presente, empregando o instrumental crítico, a erudição, a história, a pesquisa dirigida ao passado ou ao presente? Sua assertiva é direta e firme: “Sim, crítica é tudo isso, disciplina global de análise, aferição, interpretação, compreensão do fenômeno literário.”[8]
      Nos períodos do recorte que assinalamos atrás, houve críticos de alto fôlego que mantiveram este tipo de atividade, quer dizer, a militância crítica, tais como Tristão de Athayde, Agripino Grieco, Álvaro Lins, Sergio Buarque de Holanda, Mário de Andrade, Wilson Martins, Antonio Candido, entre tantos outros, mais importantes ou menos importantes críticos militantes de então.
       Na realidade, a ligação entre o jornal e o leitor e, em seguida, a convivência entre jornalismo e literatura, historicamente se inicia com a introdução da imprensa no Brasil, ou melhor com a criação da Impressão Régia conseguida graças à maquinaria necessária trazida pela Corte portuguesa (1808), propiciando, assim, a instalação do primeiro jornal em nosso país, a Gazeta, lançado a 10 de setembro de 1808, publicação não-oficial, conforme afirma Massaud Moisés, que veio preencher um atraso de completa ausência de jornais e revistas durante o período colonial, embora, ainda de acordo com Massaud Moisés, nos anos de 1706 e 1747 e 1807 tivesse havido “tentativas” de implantar tipografias no país.[9]
       A publicação daquele jornal deveu-se aos esforços de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Com a transferência da família real da Bahia para a cidade do Rio de Janeiro (1808), o príncipe D. João VI alçou esta cidade à dignidade de capital da monarquia lusa. Seu governo foi produtivo em muitos aspectos, porquanto ainda realizou outros melhoramentos: construções de prédios, fundação do Jardim Botânico,criação de uma fábrica de pólvora, fundação de uma academia de marinha e da Biblioteca Nacional, com importante acervo trazido de Portugal.[10] No passado mais remoto, tivemos o exemplo de José Veríssimo que, segundo Nelson Werneck Sodré,[11] militou intensamente na imprensa como crítico literário nos rodapés do Correio da Manhã, jornal fundado em 1901 por Edmundo Bittencourt Era um tempo em que o Rio de Janeiro imitava as modas francesas e até comportamentos intelectuais da imprensa parisiense.
     Um exemplo referente ao mimetismo de atitude intelectual e de voluntária dependência da influência francesa da época, é o do crítico José Veríssimo, o qual, por imitação do crítico Sainte-Beuve, cujos artigos rodapés saíam às segundas-feiras (Causeries de lundis), igualmente publicava seus rodapés nesse mesmo dia da semana..
     Tudo que vinha da França era motivo de encantamento e subserviência cultural. O maior exemplo disso é o de Olavo Bilac. O mesmo diríamos da construção da Academia brasileira de Letras, também conhecida como Petit Trianon, por imitação arquitetônica da Académie Française, que tem o mesmo número de membros eleitos, ou seja, quarenta ocupantes.
Sodré, aludindo a esse período de influência francesa na cultura brasileira, afirmava com razão: “Literatura e mundanismo confundiam-se, então.”[12] Ironizando ainda este colonialismo cultural em relação à França e tendo como protagonista Olavo Bilac, acrescenta:

(...) O cúmulo do prestígio estava, para quem se dava às letras, aqui, era viajar à Europa. Mais do que isso: estava em detestar o Brasil e delirar por Paris. Bilac de lá escrevia a um amigo no Rio: ‘Paris 2. Cheguei. Dormi primeira vez em meu berço. Sinto-me um recém-nascido, Vou aprender a falar.’ Terceiro, que passava na capital francesa largos períodos, ia longe, também: ‘Dizia gastar o quádruplo do que ganhava, fazer dívidas para seguir o exemplo de luminoso de Balzac e distrair o tédio, pois alguns julgavam também muito chique entediar-se em Paris’ [13]

      Desde o final do século XIX, e na maior parte do século XX, a moda do rodapé crítico se estabelece no país e se estende aproximadamente até os anos 1960, sendo que, seu ponto culminante, pelo menos quantitativamente, pode ser localizado nos anos 1940, ou seja, quando o Impressionismo crítico é duramente questionado em seus alicerces pelas novas correntes do pensamento crítico mundial no tocante aos estudos da obra literária.Este aspecto será analisado com maior profundidade ainda neste capitulo, nas seções 3.1 e 3.2 ao discutirmos a crítica de Álvaro e a de Afrânio Coutinho.
       Além do citado Veríssimo e, mesmo antes dele ou simultaneamente à sua militância em jornal, revista e livro, contamos com notáveis críticos e historiadores brasileiros, no Realismo e Naturalismo Sílvio Romero, Araripe Júnior, Machado de Assis; no Simbolismo, Nestor Vitor; no Pré-Modernismo, João Ribeiro; no Modernismo, Tristão de Athayde, Agripino Grieco, Álvaro Lins, Olívio Montenegro, Eugênio Gomes, Lúcia Miguel Pereira, Brito Broca, Augusto Meyer, Sérgio Buarque de Holanda, Astrogildo Pereira, Sérgio Milliet, Antônio Candido, Wilson Martins, Temístocles Linhares, Afrânio Coutinho, Roberto Alvim Correa, Otto Maria Carpeaux (este de origem austríaca).
       Em seguida, já pelos anos 1950 e 1960, novas gerações de críticos de diversos approaches da nova crítica, servindo-nos aqui do conceito abrangente de Afrânio Coutinho, iam surgindo, Massaud Moisés, Fausto Cunha, M. Cavalcanti Proença, Antônio Olinto, Hélio Pólvora, Cassiano Nunes, Paulo Rónai (este também estrangeiro, de origem húngara) Darcy Damasceno, Mario Faustino, Eduardo Portella, Cassiano Nunes, Fábio Lucas, Assis Brasil, Luiz Costa Lima, José Guilherme Merquior, Oswaldino Marques, entre muitos outros.
        Uns e outros representam correntes do pensamento crítico da sua época, com suas limitações de meios e dos mais diversos contextos políticos, econômicos, históricos e ideológicos enfrentados pela história mundial e brasileira: Revolução Russa (1917), Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e ainda, no país, fundação do Partido Comunista, em 1922, Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, Revolução de 30, Estado Novo (1937-1945) os interregnos dos períodos democráticos, ditadura militar nos anos 1964 a 1984, redemocratização do país, processo crescente de industrialização e urbanização (formação de megalópoles (São Paulo e Rio de Janeiro), grande aumento populacional, êxodo rural, ascensão da classe média, fortalecimento do operariado, entre tantos outros fatos de natureza político-social-ideológica
        Antes mesmo do Romantismo brasileiro, é difícil pensar em literatura sem vinculá-la ao jornal, à imprensa. Basta pensar-se em Hipólito da Costa e Evaristo da Veiga, publicistas de grande talento, representantes do “liberalismo de centro” [14] no período do Pré-Romantismo, ambos destinados a defender princípios da liberdade, de consciência histórica, de nosso “direitos civis,’ de “respeito a Constituição” e de desvinculação de nossa cultura das recentes pressões colonialista-lusas. Ainda conforme Bosi, os dois jornalistas inauguram entre nós um “molde brasileiro de prosa jornalística de ideias, não superado no século XIX.”[15] Deram inegável contribuição à cultura brasileira com as agudas análises políticas sobre questões cruciais. Hipólito da Costa focalizou o governo de D. João VI, através do seu Correio Brasilense, jornal que fundou em Londres, onde passou grande parte de sua vida. Evaristo da Veiga abordou questões do Primeiro Império, com seus escritos estampados na Aurora Fluminense.[16]
        Lembra ainda Bosi a contribuição de seus textos, os quais, conquanto não tenham diretamente influenciado o campo das letras, serviu enormemente para despertar no leitor brasileiro o interesse ainda pouco voltado na época para a vida política. Agiram eles, pois, como formadores do “público ledor,” o que significava um grande passo para o amadurecimento e conscientização do público.[17]
        Nos albores do Romantismo brasileiro, pela imprensa já ficara conhecida uma polêmica travada entre Gonçalves de Magalhães e José de Alencar a propósito da publicação do poema do primeiro, “A Confederação dos Tamoios,” poema indianista de feição épica, ao qual já nos reportamos anteriormente.
       No capítulo 2 deste estudo, comentamos o episódio da polêmica entre o poeta Gonçalves de Magalhães e o ficcionista José de Alencar a propósito daquele poema. Alencar fez dura crítica à elaboração estética do poema, o que, como vimos, deu azo à polêmica. Recordamos que a crítica de Alencar, no futuro, lhe daria razões sobre os aspectos falhos apontados não só na sua construção técnico-poética como também nas ideias acerca do elemento indígena. No que tange à polêmica “A Confederação dos Tamoios,” Afrânio Coutinho partilha das posições de Alencar reconhecendo-lhe a validade e a “justeza’ das críticas, para ele “(..) ainda hoje válidas, provando-se que a tentativa de Magalhães foi malograda sob todos os pontos de mira..” [18]
       A vida literária, no passado e no presente, tem lá seus percalços e seus caprichos tanto no que concerne ao esquecimento de autores quanto no que respeita ao destino de um autor. O que critica é, depois, vítima cruel de outros críticos, tal como aconteceu com Alencar nas polêmicas entre ele e os mencionados autores na defesa de Magalhães, até mesmo de além-mar, como os escritores portugueses Antônio Feliciano de Castilho, Pinheiro Chagas, do brasileiro, médico e escritor Antônio Henriques Leal, natural do Maranhão, autor de Elocubrações (1874) além de mais um adversário brasileiro Franklin Távora, com Cartas a Cincinato (1871), subestimando o regionalismo ficcional de Alencar.[19]
       Praticamente, toda a fase do Romantismo é pontuada de controvérsias e debates calorosos e por vezes hostis. É neste contexto de ambiente de vida literária que a imprensa tem sua relevância e sua singularidade, já por mostrar ao público a produção ficcional nos chamados folhetins dos jornais, já por ser veículo de trocas de ideias ou de controvérsias entre escritores.
       Se, a princípio, não havia rodapés críticos, havia os múltiplos jornais que estampavam artigos, crônicas, notícias culturais a um público que se ia conquistando, sobretudo os leitores de folhetins, em geral, um publico feminino que, à semelhança da telenovelas de hoje, de resto, classificadas por Afrânio Coutinho como um novo gênero literario, “(...) misto do antigo folhetim, da ficção, do teatro e do cinema (...).”[20] Os nossos folhetins, construídos sob o modelo francês que se popularizou no século XIX, dos quais se destacaram os romances de Eugene Sue, com especial atenção para Os mistérios de Paris, traduzidos para várias línguas, eram aguardados ansiosamente pelo publico que se deleitava com a sequência dos desdobramentos de aventuras amorosas, de lances aventureiros e rocambolescos
       Entre leitores brasileiros, sobretudo do sexo feminino, o mesmo ocorria, seduzidos com a ficção publicada em folhetim ou em livro posteriormente, de Joaquim Manuel de Almeida, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar. Com eles ganhou a ficção brasileira do Romantismo foros de legítima criação literária, a despeito das diferenças de qualidade estética que entre esses autores existem.
Já com os folhetins e calhamaços de Teixeira e Sousa, injetando no espírito do leitor peripécias e destinos dos personagens, em romances com ações romanescas, amedrontadoras e misteriosas, o tempo mostrou, tanto da parte do público quanto da crítica, a indiferença e o esquecimento, conforme esta passagem de avaliação de Antonio Candido que, aliás, dedicou uma seção de boa análise crítica, do capítulo III sobre o infortunado escritor de Cabo Frio:
      No entanto, embora a qualidade literária seja realmente de terceira plana, é considerável a sua importância histórica, menos por lhe caber até nova ordem a prioridade na cronologia do nosso romance, (não da nossa ficção), do que por representar, no Brasil, maciçamente o aspecto que se convencionou chamar folhetinesco do Romantismo Ele o representa, co m efeito, em todos os traços de forma e conteúdo, em todos os processos e convicções, nos cacoetes , ridículos, virtudes..[21]

      O crítico e historiador da vida literária brasileira, Brito Broca, autor, de resto, já citado, na sua indispensável obra, A vida literária no Brasil – 1900, inesgotável fonte de pesquisa para qualquer estudioso da literatura brasileira, realiza um levantamento exaustivo dos mais importantes acontecimentos envolvendo os bastidores de livros e autores, modos de vida dos escritores da época, de escritores famosos que visitaram o país, os seus defeitos e qualidades de nossos homens de letras, sua grandeza e sua miséria, suas atitudes ridículas, suas posições e atitudes desconcertantes, pedantes, medíocres em alguns casos, seu mundanismo e beletrismo vazios, suas polêmicas e desavenças em período conhecido como Belle Époque que, para José Guilherme Merquior na vida cultural brasileira duraria, “no mínimo,” até 1930.[22]
      Não conhecemos outro livro similar que tenha retratado tão bem o homem literário de então e propiciado ao leitor de hoje o que de mais relevante foi observado sobre o tema. Brito Broca, que, pela segurança do que nos relata e analisa com admirável clareza, nos dá um magnífico testemunho do que foram aqueles primeiros anos da vida literária brasileira.
       Na obra de Afrânio Coutinho, Da crítica e da nova crítica, [23] consideramos de particular relevância ao esclarecimento dos pontos de vista desse crítico e historiador o debate da crítica de jornal, ou crítica de rodapé, que, no país, conheceu seu tempo áureo, dos anos 1940 a 1960, aproximadamente, a partir das inovações que se operaram nas práticas da chamada Nova Crítica, a qual em Coutinho teve seu principal divulgador, doutrinário e teórico no país.
       Para uma das finalidades deste capítulo, ou seja propiciar uma visão mais ampla da crítica de rodapé, vale ressaltar e mesmo reafirmar a contribuição daquele livro de Coutinho que de perto fala das relações entre jornalismo e literatura e, em particular, discute dois conceitos da prática crítica, o da crítica militante, correspondente ao rodapé, oriunda dos franceses, sendo Sainte-Beuve (1804-1869) seu mais notável cultor com os seus famosos artigos semanais conhecidos como lundis, e da crítica escrita especialmente para o livro, que principiava a dar seus primeiros passos e encontrou, mais tarde, o lugar mais propício ao seu desenvolvimento - a universidade - quando no Brasil surgiram paulatinamente os cursos de filosofia e letras.
        Podemos situar como o ponto mais brilhante da crítica brasileira, o seu apogeu mesmo, no Modernismo brasileiro, tendo como sua figura mais respeitada o crítico Tristão de Athayde que, em 1919 assumiu a coluna de O Jornal, no Rio de Janeiro, e nele militou por longos anos, acompanhando de perto todas as transformações pelas quais passou a produção literária brasileira. Polígrafo notável, de vasta cultura literária e humanística, abrangendo vários domínios do ser humano, seus estudos sobre o Modernismo têm um valor perene se vistos pelo tempo em que foram escritos e pela atualidade de seus conhecimentos teóricos de literatura, não só nacional, mas estrangeira.
       Ele próprio se definia como crítico expressionista e, no fim dos seus anos dedicados à literatura, teve a humildade de afirmar que a sua geração era de amadores do ofício crítico.
Não era verdade, porque sua formação fora rigorosa como estudioso de nossas letras e, ainda por cima, as obras que deixou no terreno da crítica, do ensaio e da história literária, eram obras que, em muitos aspectos, ainda são fontes de reflexão profunda e original sobre o fenômeno literário, tais como Afonso Arinos (1922) sua obra de estreia, A crítica e o crítico literário, Introdução à literatura brasileira, Quadro sintético da literatura brasileira, afora seus números trabalhos críticos publicados durante a sua militância na imprensa.
.       Tendo sido também professor de literatura brasileira na PUC-Rio e na Faculdade Nacional de Filosofia da ex-Universidade do Brasil, Tristão de Athayde formou gerações de ensaísta e de pesquisadores e, pelo exercício da cátedra de literatura brasileira do curso de letras naquelas universidades, foi um exemplo de um scholar e grande crítico-universitário. Sua atuação foi imensurável na primeira fase do Modernismo.
        Outro crítico que utilizou o rodapé foi Agripino Grieco, inclusive foi ele que substituiu Tristão de Athayde em O Jornal. Grieco, autodidata, ganhou renome como crítico, autêntico bookworm e, por seus dotes intelectuais e competência, pertenceu aos quadros docentes da ex-UEG, hoje UERJ, na condição de professor de literatura luso-brasileira. Angariou vários adversários ao longo da vida em decorrência de sua crítica ferina sobre autores por ele julgados de ínfima qualidade.
Atacou os medalhões da sua época, com um alvo certo e mordaz contra membros da Academia Brasileira de Letras, conforme se vê na sua obra Zeros à esquerda,[24] de leitura recheada de humor inteligente e de espírito sarcástico inigualável, em estilo com forte empatia.
        Deixou obra vasta sobre história da literatura brasileira. Sua abordagem crítica era impressionista, mas de um impressionismo revelador de forte vocação para a critica, de um escritor forrado de vastíssima leitura, um verdadeiro depositário de fatos e curiosidades da vida literária de seu tempo, do qual parecia um demiurgo, altamente informado sobre obras, escritores e fastos da vida literária brasileira.
Se sua crítica agora nos parece ultrapassada, o que nos legou da vida literária ainda merece leitura dos estudiosos de hoje. Da mesma sorte, é válido também seu profundo conhecimento de literatura universal, já que lia em pelo menos, quatro línguas modernas.
        Álvaro Lins é apontado como o último grande crítico de rodapé e, conforme já ressaltamos neste estudo, sua militância crítica concentrou-se na segunda fase do Modernismo. Acompanhou a nossa produção literária e de outras áreas do conhecimento humano a partir dos anos 1940 e sua atividade no jornal e no livro chega até aproximadamente o início dos anos 1960. Se não foi o melhor dos críticos brasileiros da fase em que atuou incansavelmente, teve a consagração de ser talvez o mais influente de sua época.
        A sua liderança era tão forte que uma geração de novos críticos ,na década de 1950, através do jornal e do livro, como Fausto Cunha, Darcy Damasceno, entre outros, desejaram desbancá-lo de seu pedestal. Era, nessa época que aqueles jovens críticos se aliaram de certa forma ao combate que lhe vinha dando Afrânio Coutinho.
        Lins, consoante tantas vezes temos acentuado neste estudo, constituía o grupo de críticos rotulados de impressionista, no caso dele, de um crítico de formação intelectual haurida em amplas leituras de Sainte-Beuve, de Anatole France, do que de melhor havia no domínio francês de crítica literária. Segundo Alfredo Bosi, Lins aliava a “percuciência e de formas de “leituras mais próximas dos franceses pelo “gosto de análise psicológica e moral.”[25]
         Na sua fase de apogeu a produção crítica intensa e contínua de Lins conheceu interrupções apenas quando se afastou de sua atividade no magistério como professor interino do Colégio Pedro II, e quando se afastou de sua atividade de jornalista político e de crítico literário, para, em missão oficial do Ministério das Relações Exteriores, lecionar Estudos Brasileiros na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Lisboa de 1952 a 1954. Mais uma vez se afastou do país para se dedicar a uma outra função pública, a de embaixador do Brasil em Lisboa de 1956 a 1959.
         Nascido em Caruaru, Pernambuco, formou-se em direito, mas desde bem jovem revelava tendência para a política, o magistério e a crítica literária. Em Recife, ainda estudante, lecionou história da civilização no Ginásio do Recife. Como representante do Diretório dos Estudantes da Faculdade de Direito do Recife, na abertura do ano letivo da Faculdade, pronunciou, aos vinte anos, uma conferência sob o título “A universidade como escola de homens públicos.” A conferência causou tão grande impressão que o seu nome ficou conhecido. Ainda em Recife, ingressou no jornalismo escrevendo para o Diário da Manhã, de 1937 a 1940.
       Tinha aspirações de ingressar na política local. Atuou em movimentos políticos, chegou a ser Secretário do Governo de Pernambuco e seu nome já estava certo para compor uma das chapas de candidato a deputado federal. A chegada do Estado Novo, em 1937, cortou-lhe a esperança da carreira política. Transfere-se para o Rio de Janeiro, ingressa fundo no jornalismo e dá continuidade ao campo de atividade que lhe deu notoriedade nacional, a crítica literária. Fez logo figura na imprensa carioca, escrevendo para o Suplemento Literário do Diário de Notícias e dos Diários Associados (1939-1940) assim como tornou-se redator-chefe e dirigente político do Correio da Manhã (1940-1956)]
      Seu Jornal de crítica - o núcleo temático de maior abrangência de sua atividade crítica - agasalha a suma mais significativa da militância em rodapés. A fase da crítica de rodapé declina com o afastamento de Lins e a substituição de novos atores no campo da crítica literária, do ensaio, da teoria, i.e., o “bastão” do Impressionismo foi substituído, não sem grandes resistências dos principais críticos ditos impressionistas, por novas correntes da crítica literária mundial, ou seja, entre elas a Nova Crítica. Já entrávamos na era da convivência, não diríamos pacífica, de novas mentalidades de críticos que despontavam a partir da década de 50 do século passado.
      Com muita argúcia observa Cláudia Nina, em seu pequeno e proveitoso livro, Literatura nos jornais: a crítica literária dos rodapés às resenhas:

      Os recém-chegados críticos-scholars foram colocando os impressionistas em desconforto. Enquanto isso, pouco a pouco, os editores dos suplementos eliminavam os rodapés dos jornais e privilegiavam textos mais curtos, menos digressivos e mais objetivos.[26]

      As querelas, daí em diante declinavam, sem mais a intensidade que havia nas brigas intelectuais entre Sílvio Romero e José Veríssimo[27], entre, Lins e Coutinho. Sumiram as polêmicas. Passou-se ao primado das resenhas, feitas por jornalistas ou por acadêmicos ou mesmo autodidatas.
      Contudo, há algo completamente diverso entre a resenha atualmente praticada nos jornais de maior renome e a velha crítica de rodapé exercida pelos críticos franceses do século XIX. Afrânio Coutinho criticara com rigor os chamados “reviews” quando desvirtuados de seu papel de apenas informar ligeiramente sobre livros lançados. A crítica literária, conforme foi propugnada por Coutinho durante décadas, finalmente encontrou seu grande espaço no livro e nas revistas especializadas das universidade públicas ou privadas.
       Lins, por sua vez, reconhecia que, nos rodapés, “pequenos ensaios ou artigos, podiam ser escritos desde que versassem sobre um “aspecto caracterizador,” ora um tipo de crítica que exigia “.. o estudo dos livros do dia, ou dos mês” em rodapés ou revistas, ou ainda a crítica de um “tema” em breves e “espontâneos ensaios” sob enfoques específicos: o estético, o psicológico, o histórico, o sociológico, o folclórico, entre outros aspectos.[28]
       As resenhas, agora, sofreram substanciais mudanças em seus pressupostos técnicos de linguagem; falam uma linguagem jornalística, objetiva, clara, além de dar exemplo de excelência de elaboração na maioria dos casos Assim o atestam alguns críticos como João Cezar de Castro Rocha e a citada Cláudia Nina. Tampouco há maior interesse de divergência explícita entre o que seja melhor, se a resenha escrita por um jornalista, se a de um professor universitário, que já procura, salvo exceções, adaptar-se ao público leitor, optando, em geral, pela eliminação dos jargões acadêmicos nos cadernos de cultura.
      E há algo mais a acrescentar: o caderno “Ilustríssima” amiúde publica até ensaios ou parte de ensaios sobre literatura, de autores nacionais ou estrangeiros traduzidos, e ultimamente textos acerca de assuntos variados, tais como artes plásticas, quadrinhos, cartuns, fotografia, música, cinema, filosofia, ciências, entrevistas, notícias sobre livros lançados, exposições, página de poesia, páginas destinadas a publicações de contos de autores mais conhecidos, colunas com publicações espaçadas, notícias culturais etc.
       Já o “Prosa & Verso” do Globo se divide mais em resenhas, entrevistas, textos de colunistas publicados periódica ou eventualmente, sínteses sobre enredos de livros recém-lançados, a coluna semanal de José Castelo, notícias sobre eventos literários, listas dos mais vendidos em ficção e não-ficção, e-books, cursos, workshops, encontros literários, palestras, conferência e uma última página em que se publicam artigos de relevância cultural.
       De outra parte, de vez em quando se publicam na imprensa, nos cadernos culturais, tomando-se como modelos os dois acima-mencionados, alguns artigos duros e sinalizadores de uma possível polêmica, mas no embate há uma réplica e, no máximo, uma tréplica Os contendores se afastam, cada um, para seu canto.
       Cláudia Nina, na mesma obra, em tom de certo desapontamento sobre o que denomina “esvaziamento das polêmicas” critica (sem trocadilho) em relação aos “cadernos literários,” a “complacência,” o “consenso” e a “superficialidade” das polêmicas; daí, falar ela de “esvaziamento do debate, das ideias e, acrescentaríamos de nossa parte, da ausência e coragem de analisar obras e julgá-las.
      O crítico, o resenhista, ao discutirem sobre um livro novo, fazem análise ou interpretam, mas não mostram defeitos, o que dá ao leitor a convicção de que o livro que lhes chega às mãos é quase sempre, pelo elogio ou admiração subjacentes à leitura que fazem, mais uma obra de boa ou ótima qualidade. Seria o momento de o leitor arguto ou o especialista perguntarem: onde ficou o julgamento, o juízo crítico?     

     Cláudia Nina simplesmente desabafa: “É raro ver um crítico, seja ele jornalista, ou acadêmico, criando algum tipo de discussão no ambiente intelectual e literário, A crítica está morna e acomodada, Falta o debate das ideias.”[29]

 

NOTAS:

[1] HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário da língua portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,. s.d., p. 1242
[2] COUTINHO, Afrânio. Impertinências. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Niterói: EDUFF, 1990. Essa epígrafe se encontra no verso da segunda página.
[3] COUTINHO, Afrânio. Da crítica e da nova crítica. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1957, p. 53-61.
[4] Idem, ibidem, p. 54.
[5] COUTINHO, Afrânio. Correntes cruzadas. Op. cit., p. XXXIII.
[6] Idem, p. XXIII.
[7] COUTINHO, Afrânio. Crítica & críticos. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1969, p. 14.
[8] Idem, ibidem.
[9] MOISÉS, Massaud. Ver verbete “Jornalismo no Brasil” In: Dicionário de literatura. v.1. PRADO COELHO, Jacinto do (Dir.). Op.cit., p. 510-512.
[10] BASTILHA, José. História da América. 2ª série ginasial. Rio de Janeiro/São Paulo/Belo Horizonte: Francisco Alves, 1955, p; 113-114..
[11] WERNECK SODRÉ, Nelson. Literatura e história no Brasil contemporâneo. 2.ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Graphia, 1999, p. 22.
[12] Idem, p. 17.
[13] Ibidem.
[14] BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira, Op.cit., p. 85.
[15] Idem, ibidem.
[16] Ibidem.
[17] Ibidem.
[18] COUTINHO, Afrânio. A tradição afortunada. Op. cit., p. 97.
[19] BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. Op. cit., p. 135.
[20] COUTINHO, Afrânio. O processo da descolonização literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983, p. 173-179.
[21] CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. (Momentos decisivos). 6. ed. v.2. (1836-1880). Belo Horizonte: Itatiaia, 1981, p. 126.
[22] MERQUIOR, José Guilherme. Indicações para o estudo da de Da Costa e Silva. Revista Presença. Teresina, 6 (13): Edição comemorativa do centenário do poeta. Publicação da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo do Piauí. s.d., p. 40-41.
[23] COUTINHO, Afrânio. Da crítica e da nova crítica. Op. cit. Para o desenvolvimento do tema relacionado às concepções de “crítica de rodapé, “review, crítica militante em jornal e outras questões correlatas e, dentro da perspectiva histórica em que foi escrita, a leitura dessa obra é indispensável a quem deseja conhecer o pensamento autor em terreno tão controvertido.
[24] GRIECO, Agripino. Zeros à esquerda. Rio de Janeiro: José Olympio, 1947.
[25] Bosi, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. Op. cit., p. 492.
[26] NINA, Cláudia. Literatura nos jornais: a crítica literária dos rodapés às resenhas. São Paulo: Summus, 2007, p. 26.
[27] Sobre a polêmica entre os dois críticos, ver BROCA, Brito. A vida literária no Brasil – 1900. Op. cit., Ver sobretudo o capítulo XVIII, p. 199-204.
[28] LINS, Álvaro. O relógio e o quadrante. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964, p. 380.
[29] NINA, , Cláudia. Literatura nos jornais. Op. cit., p. 36-37.

NOTA: ESTE TEXTO  É UM DOS CAPÍTULOS (CAPÍTULO 3) DA MINHA PESQUISADE  PÓS-DOUTORADO) CONCLUÍDO  NA FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), SOB A SUPERVISÃO DO  PROFESSOR TITULAR, DOUTOR PHD EDUARDO DE FARIA COUTINHO, RIO DE JANEIRO, 2º SEMESTRE DE 2014. DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIA DA LITERATURA, 167 P.