A Cidade -Luz em pânico: não brinquem com os jovens!

Cunha e Silva Filho

A França, a que costumo chamar de La France Immortelle, inspirado no título de um antigo e preciso livro didático, está dando exemplo de uma juventude irada, seja pela morte de um jovem francês por um policial, seja pela situação desastrosa em que vivem os aposentados feridos em seus salários baixos e em suas reivindicações.

O presidente é mal visto pelos franceses, mal visto até na sua postura moral e política (uma amiga minha francesa o chamou de “voleur” e “ditacteur”. Não há muito tempo, ele levou um tapa na cara de um jovem quando , em público, se juntou a um grupo de pessoa. Ora, estes são sinais evidentes de que seu governo não vai bem e nem atende aos reclamos da sociedade.

Desta vez, a estudantada não faz barulho, mas vai para quebradeira para os incêndios e para o vandalismo, o que é reprovável. Mas reprovável igualmente é tratar a sociedade quero dizer, os aposentados, com salários aviltantes, sabvendo que é na velhice que esse segmento da sociedade mais precisa da ajuda dos governos porquanto são mais suscetíveis a cair doentes e a ter que comprar remédios dispendiosos e continuados e ter planos de saúde de elevado custo em descompasso com os seus minguados salários.

Por que, então, não reduzem os gastos do governo e os salários privilegiados do alto escalão: deputados, senadores, ministros e membros da Justiça e de outros setores públicos. Para dar lautos banquetes no Palais d’Elysées não falta dinheiro a chefes de Estado estrangeiros em visita ao países reuniões de Estado sobre questões pertinentes regionais ou globais.

De resto, quase todos os países fazem o mesmo exibindo vultosos banquetes a Chefes de Estado e até a ditadores, como foi o caso do ditador Nicolás Maduro, da Venezuela. Revelando-se muito pior do que o chavismo no seu pior momento político. Maduro aliás, é bastante conhecido pelas práticas de torturas e de prender ou calar opositores ao seu regime discricionário convidado para a posse do presidente Lula.

Hoje mesmo o jornal O Globo(1/7/2023) informa que a ex-deputada adversária de Maduro, foi “inabilitada,” ou seja, inelegível por quinze anos! Outro igualmente “inabilitado,” foi Henrique Capriles. Da mesma forma, o ditador Maduro a Justiça (sic!) da Venezuela acumpliciada com o governo chavista do ditador havia prejudicado Juan Guiadó, também ex-deputado que, malgrado ter sido considerado como presidente interino por “mais de 50 países incluindo o Brasil” foiobrigadoa pedir abrigo nos Estados Unidos.

Por falar do Lula não ficou bem o que ele definiu há pouco em entrevista a jornalistas afirmando que a democracia é algo relativa. Ora, isso não se coaduna com um presidente que se diz democrático e é apoiado por esquerdistas democráticos, sintagma que, por si só, se torna uma incongruência, visto que democracia autêntica não tem nada a ver com esquerda ou comunismo.

Todos sabemos que Lula nunca foi um homem de esquerda avant la letttre, mas alguém, cuja trajetória política começada nos tempos de liderança sindical em São Paulo era um operário um torneiro mecânico, que lutava por melhorias de sua categoria trabalhista. de um país capitalista. Sua ascensão não se deu num regime comunista nem de esquerda, mas numa fase delicada e sombria , ou seja durante a ditadura militar .

Voltando aos tumultos e incêndios na França, praticamente em todo o país, não vejo que esse comportamento da juventude seja motivado por redes sociais ou mimetização de vídeogames que provocam revoltas dessa magnitude. Não vamos culpar apenas as redes sociais pelo estado de alta violência de jovens contra o governo de Emmanuel Macron.

É até bem possível que os pais estejam ao corrente do que fazem seus filhos diante de um país cujo mandatário não está dando conta de sua governança. Hoje em dia, é bem nuançada a denominação “esquerda” de vez que os esquerdistas desfrutam regiamente, quando no poder, das regalias capitalistas. Basta ver o comportamento social e o cotidiano da chamada esquerda que se confunde com a direita ou mesmo a extrema direita em seus privilégios e prerrogativas.