SESSÃO  NOSTALGIA:

NOTA AO LEITOR: CONFORME SE VÊ, PELO ANDAR DA CARRUAGEM,  O NOSSO PAÍS É UM LUTA DE SÍSIFO,  CARACTERIZADA PRATICAMENTE PELA IMOBLLIDADE  DESMORALIZANTE NO TRATO DA COISA PÚBLICA.  PRESOS  POR CORRUPÇÃO SÃO SOLTOS, PERDOADOS,  .COMUTADOS.  AH,  ESSES "WHITE COLLALRS"  DA POLITICAGEM  NACIONAL!  ONDE ESTÁ A JUSTIÇA? UBI SUNT IUSTITIA? UM SAMBA DE CRIOLO DOIDO  UMA RECIDIVA  SEMPITERNA,  UM NÃO A UM SIM,  UM  LAVAR AS MÃOS,  UM  CAOS,  ENFIM,  UM A  FICÇÃO  KAFKIANA E ATÉ PIOR NOS SES HORRORES   E DESMANDOS.  UMM FINAL DE PIZZA.  UMA GRGALHADA PANAGRUÉLICA!. TENHA PENA, DEUS,    DOS  BRASILEROS DESPOSSUÍDOS.

 

 

A Casa e a  Rua: uma apólogo no Brasil de hoje

                                                          

                                                                        Cunha e Silva  Filho

Leitor do século 21,  você que está sempre apressado e não tem tempo para  ninguém, nem para si mesmo, ouça o diálogo abaixo que pode ser um espaço das grandes cidades  brasileiras. Penso  no Rio de Janeiro,  São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte, que são  as que mais  interessam ao subtexto do diálogo :

Casa:  - Quando penso em sair, me vem logo  alguma indisposição, que pode ser gástrica, urinária, ou mesmo uma dor de cabeça. Penso duas, três vezes antes da decisão final de sair à rua. Se não incorro em erro,  foi o antropólogo Roberto DaMatta que, em célebre livro,  afirmou ser a rua  o perigo, o que me leva a lembrar  também  de uma célebre  frase do Riobaldo de Guimarães Rosa: “Viver é perigoso. Esta  frase, na narrativa do escritor mineiro, vale como   um refrão. Há ainda uma  frase equivalente na narrativa do contista João Antônio, do livro Dedo-Duro – “Viver é brabo” -  que parece inspirada em Guimarães  Rosa, só que contextualizada no espaço urbano, enquanto em Guimarães Rosa ocorre no espaço  do sertão mineiro. O que você me diz disso, amiga (!) Rua?

Rua: Não é tanto assim,  porém reconheço  que, no fundo,  você tem razão. Veja, por exemplo, o trânsito, uma viagem de ônibus. O passageiro entra, compra sua passagem ou passa o cartão  eletrônico, senta-se e daí a pouco sente que o motorista não parece ter cérebro, pois  arrisca a vida dele  e a dos passageiros com alta velocidade,  freadas bruscas e desnecessárias,  direção em ziguezague,  numa  palavra,  usa o carro, que é grande, como se fosse uma arma. Por isso, os passageiros ficam apreensivos com  a viagem, não sabendo que o pior pode acontecer por irresponsabilidade do motorista.  A viagem tornou-se uma aventura perigosa. O pior é que a maioria dos passageiros nem está aí para as lambanças do motorista incompetente. Não há solidariedade na reclamação de um passageiro. Você vê,  amiga (!) Casa, que eu sei dos perigos que as pessoas  enfrentam na rua. São  inúmeros; assaltos,  bala perdida, acidentes de carro, engarrafamento e mil e outras inconveniências.

Casa: É verdade, amiga (!), é verdade.   Não tenho vergonha de dizer que tenho medo de você, isso está virando quase uma obsessão, uma patologia. Daqui apouco terei que  procurar um  médico que, provavelmente,  vendo meu estado  psicológico, me prescreverá uns remédios para baixar a crista,   a fim de aguentar tudo  calada, e não me queixar de nada. Mas, não vê que  isso não é bom para mim porque, com  o tempo,  ficarei dependente  dos remédios, se bem que, mesmo  com os remédios,  ainda persiste em mim, lá no fundo,  uma medozinho de encarar  a vida,  ou melhor, a rua. Tenho um amigo que ficou um ano quase sem sair de casa, tinha horror a tudo que fosse espaço  aberto, a tudo que  extrapolasse os muros de sua casa, pois  ele tem  ainda a sorte de morar  em casa.Uma vez, estava dirigindo  seu carro e, de repente,  parou,  largou a direção e ficou sentado na calçada, cego, mudo e surdo. A família só veio dar conta dele porque uma conhecido o viu  naquele estado  catatônico.

Rua:  Na realidade, minha amiga(!), o espaço  aqui fora não está  pra peixe. As pessoas  estão apavoradas com o que  sabem pela televisão onde as notícias  boas  são exceções. Só se ouve falar de  assaltos,  sequestros,  “saidinha do banco”,  clonagem de  cartão  de credito,   estupradores,  pedófilos,  crimes em família,   violência  policial,   corrupção  política,  quadrilhas  para todos os gostos e tipos,   padres  degenerados,  brigas de vizinhos,   brigas em condomínios,   crimes  estúpidos, em suma,  ausência completa  do Bem.  Reconheço, diante de toda s essas misérias, que há algo errado com o nosso  país e, em alguns aspectos, com o nosso Planeta, que não vai bem não.

Casa; Você acha, amiga (!) que  essa desvida tem  conserto?

Rua: Tem, se houver mudanças profundas na essência do ser  humano, e citaria  algumas: na formação  educacional dos jovens, na  procura  de uma orientação  espiritual  séria , na união entre  as pessoas,  na eliminação  do fanatismo de qualquer natureza,  dos preconceitos,   no uso da Ciência e da Tecnologia para fins  pacíficos  voltados  para o bem-estar  da humanidade. Enquanto não existirem   espírito  desarmado,  ausência  de hipocrisia,   desambição entre os homens,  amor ao próximo e  uma mente  estruturada em bases  realmente cristãs, sem contrafações,  as maldades persistirão.  Sei que essas metas  soam  utópicas. Os outros dirão  que essas ideias  são ingênuas e que  muito pouco  há de se  conseguir melhorar moralmente as criaturas  humanas. Quer dizer,  a rua  será o perigo e a casa um  refúgio cercado de grades, concretas ou abstratas,   com calmantes ou sem calmantes.   A concepção  do viver dos dois  ficcionistas, reforçado pelo  antropólogo,  atrás citados,  continuaria a ser “perigo”,  “perigoso” e  “brabo.”  A nossa conversa, por ora,  vou dar aqui por encerrada. Até breve, amiga (!).

Casa: Até...