A broa
Por Chagas Botelho Em: 22/01/2023, às 08H33
[Chagas Botelho]
A broa, meus caros, pode-se e deve-se comer à toa.
No café da manhã, no lanche da tarde sob uma recalcitrante garoa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Há aquelas de goma, trigo, milho, fubá, não importa, a broa é uma boa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Lendo um Vinicius, Bandeira, Drummond ou quem sabe um airoso Pessoa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Na companhia dos filhos, dos netos, da sogra, e da inestimável presença da patroa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Consumida com moderação ou a dentadas vorazes de um leão, ou de uma leoa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Na proa de um navio, na opulência de um iate, numa rústica canoa ou simplesmente à beira da mais bucólica lagoa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Seja qual for a idade. Todos são convidados a degustar — da criança à coroa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Acompanhada de queijo coalho, manteiga, goiabada, de repente, até com amêijoa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
E as melhores, as mais apetitosas, estão nos trailers da Avenida Frei Serafim, e não em Lisboa.
A broa pode-se e deve-se comer à toa.
Coma à vontade, se lambuze de broas frias, broas quentinhas, coma broas e mais broas, é unção, e toda unção, Deus abençoa.