A biblioteca de Hitler

Por Rogel Samuel - especial para Entretextos

Muitos autodidatas se fizeram pelo esforço de ler. Kaganovitch, filho de sapateiro, era grande leitor e foi o autor do primeiro plano qüinqüenal soviético e braço direito de Stalin. Mussolini era filho de ferreiro, Stalin filho de sapateiro, Hitler filho de pequeno funcionário e todos venceram pela leitura. Philip Snowden era filho de um ferreiro, caiu de um andaime e ficou muitos anos entrevado e para não sucumbir à solidão passou a ler intensamente. Aos 18 anos já tinha uma cultura impressionante, voltou a andar e acabou, graças à sua erudição, chefe do Partido Trabalhista inglês e anos depois chegou ao poder. Também Lincoln não freqüentou escola.

Isso vem à mente ao saber do livro de Timothy W. Ryback (Knopf; $25.95), A biblioteca privada de Hitler.

Hitler tinha 16 mil livros e lia um livro por noite e possuía as obras completas de Shakespeare.
Ele era um grande ator dramático: "Hitler entra em um corredor", escreve uma testemunha, "cheira o ar durante um minuto, procura no escuro , sente a atmosfera, de repente explode as palavras que vão como uma seta para seu objetivo, atingindo cada ferida privada , liberando a massa inconsciente, expressando as aspirações mais íntimas, e atingindo o que a maioria dos desejos quer ouvir."