[Flávio Bittencourt]

A Banda de Pífanos de Caruaru

A famosa Banda é de Pernambuco, mas quem criou o primeiro conjunto musical de pífanos foi Manoel Biano, em 1924, na região da Mata Grande, Estado de Alagoas, para perpetuar a tradição zabumba.

 

  

 

 

 

 

 

  

 

FLAUTISTAS ANDINOS, BOLÍVIA:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://barcamor.blogspot.com/)

 

 

 

 

BANDA MUSICAL DO FOLCLORE ESTADUNIDENSE:

 

"Foghorn Stringband plays old time string band music deeply rooted in the American folk tradition. (...)"

(http://www.wildandscenicmusicfest.com/musicians/foghorn.html,

trad.: "A Foghorn Stringband toca música para conjunto de cordas dos velhos tempos profundamente enraizada na tradição folk [POPULAR] americana")

 

  

 

 

CARNAVAL VALLEGRANDINO, BOLÍVIA:


(http://boliviandances.blogspot.com/2009/01/carnaval-vallegrandino.htmlnde,

onde se lê:

"CARNAVAL VALLEGRANDINO
Vallegrande se caracteriza por su topografía accidentada con valles, montañas y varias serranías.Su clima es templado, poco variable y su principal producción es la Agricultura y sus campos son apropiados para el cultivo de especies de flora ornamental.Los pobladores de esta región fueron grandes comerciantes que unieron rutas entre el occidente y oriente bolivianos. También son conocidos por su gran afición a la abundante comida y los festejos carnavaleros de cada año.
Mucha gente carnavalera para esas fechas visita Vallegrande, ya que piensan que el carnaval es más bonito, por las tradiciones que estos llevan. - Algo muy tradicional en las festividades es la tojpina (pequeña orquesta local) la cual interpreta cuecas, kaluyos y carnavalitos. Las coplas que se cantan contestando las mujeres a los hombres suelen tener letras bastante pícaras y le dan el condimento al carnaval vallegrandino...
"

 

 

 

 

 

"A PRIMEIRA BANDA DE PÍFANOS EXISTIU NA REGIÃO DA MATA GRANDE, ALAGOAS (BRASIL), MAS A CAPITAL DO FORRÓ E DOS PÍFANOS É CARUARU, PERNAMBUCO (IDEM)"

(COLUNA "Recontando...")

 

 

 C-1047 - Instrumentos Musicais - Pifanos

(http://www.emule.com.br/lista.php?keyword=Pifanos&ordem=BARATOS;

DESENHO DO SELO: JÔ OLIVEIRA)

 

 

  

  

(http://www.emule.com.br/lista.php?keyword=Pifanos)

 

  

 

 

 

Flauta De Bambu Pífaro Pífano  F-Maior Frete Grátis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

Flauta De Bambu

Pífaro Pífano F-Maior

(http://www.emule.com.br/lista.php?keyword=Pifanos)

  

Cd Banda De Pífanos De Caruaru -  A Bandinha Vai Tocar

(http://www.emule.com.br/lista.php?keyword=Pifanos&ordem=BARATOS)

 

 

 

 

 

"(...) COMENTÁRIO [ao artigo adiante reproduzido] - Olá, sou de Caruaru/PE, cidade de origem dessa banda e queria deixar registrado uma curiosidade sobre ela: No inicio dos anos 70, Gilberto Gil visitou nossa cidade a convite de Carlos Fernando (poeta caruaruense autor de "Banho de Cheiro", música gravada por Elba Ramalho) e a Banda de Pifanos de Mestre Biano se apresentou para o Gil, que ficou maravilhado com a sonoridade de "taquara (bambú) rachada" dos pífanos.
Em 1972, Gil gravou o LP "Expresso 2222" e deu a última faixa do lado "B" à "Família Biano", que gravou a belissíma "Pipoca Moderna". Anos depois dessa gravação, Caetano Veloso colocou
letra nessa música e o que era belo ficou melhor ainda.
Há poucos anos, Gilberto Gil gravou uma música de Carlos Fernando (Banho de Cheiro) que, no inicio, diz assim: "No apertar da hora, periferia de Caruaru, onde moravam os Beatles, os Beatles de Caruaru...".
Os Beatles de Caruaru! Tem definição mais rica??? (...)"

(CARLOS A. SÁ, Caruaru, PE 5/9/2007 19:58)

 

  

 

 

 

 
A banda recebendo a Ordem do Mérito Cultural do Presidente Lula em 2006

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Banda_de_P%C3%ADfanos_de_Caruaru

   

 

Banda De Pífanos De Caruaru, São João, Cd Original
(http://www.emule.com.br/lista.php?keyword=Pifanos&ordem=BARATOS;

SENDO QUE HÁ DISCOS DE VINIL DA BANDA DE PÍFANOS DE CARUARU

QUE AINDA NÃO RECEBERAM A VERSÃO ATUALIZADA EM CD,

o que significa que colecionadores de discos por vezes têm o privilégio

de ouvir sons produzidos por essa formidável BANDA que, espera-se,

no futuro a todos estejam disponíveis)

 

 

 

 

                                     HOMENAGEANDO-SE A MEMÓRIA DO FUNDADOR

                                     MANOEL BIANO

 

 


 

27.5.2011 - A Banda de Pífanos de Caruaru conquistou, em 2004, o Grammy Latino, na categoria Melhor Grupo Regional de Raiz, com o disco “Banda de Pífanos de Caruaru: No Século XXI" - Prêmios como o Grammy Latino não deixam dúvida quanto à qualidade do produto cultural que aquele Grupo musicalmente nos oferece.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

 

"BANDA DE PÍFANOS DE CARUARU - 83 ANOS DE MÚSICA [jun. / 2007]

 
PAUTA MUSICAL · São Paulo, SP
 
25/6/2007
 


Próximo de comemorar seus 83 anos, a Banda de Pífanos de Caruaru apresenta o show “No Século XXI, no Pátio do Forró”, e que também dá o nome ao oitavo disco do sexteto. Nele, a lendária banda de Pernambuco, retoma a trilha iniciada no álbum anterior, Tudo Isso É São João, o primeiro lançado pela Trama, que saiu em 1999.

Criada pelo trabalhador rural e zabumbeiro Manoel Biano, em 1924, na região de Mata Grande (em Alagoas), a Banda de Pífanos nasceu para perpetuar a tradição da Zabumba Cabaçal, cultivada ao longo de décadas pela família Biano. Ao lado de Manoel estavam seus dois filhos: Benedito (pai de João) e Sebastião, hoje o único remanescente da formação original.

Nos primeiros tempos, a banda tocava em novenas, enterros de anjos (crianças) e comemorações religiosas, enfrentando longas caminhadas para se apresentar em cidadezinhas distantes. Até que em 1939 a família Biano chegou a Caruaru, no interior pernambucano, onde decidiu se estabelecer. Com a morte de Manoel, em 1955, a zabumba foi assumida por João, o primeiro neto do fundador a integrar o grupo, então batizado oficialmente de Banda de Pífanos de Caruaru. Hoje, Amaro (surdo), José (prato) e Gilberto (tarol), todos membros da família, completam a atual formação, o sexteto.

“Forró é a casa onde se dança”, ensina João Biano, explicando que, diferentemente do que pensam muitos, forró não é um ritmo musical específico, mas sim um local em que se dança diversos ritmos da música nordestina. Veio daí a inspiração para o “No Pátio do Forró”, xote composto por João e Gilberto Biano, que inspirou o título do álbum. “O Pátio do Forró”.

Fiel ao espírito desse gênero, o novo álbum da Banda de Pífanos exibe em suas 14 faixas uma rica variedade de ritmos. Do arrasta-pé “Marina” (de João Biano) ao clássico xote “Vida de Viajante”, a banda contagia o ouvinte passando por cirandas, baiões e rojões.

Trazendo cinco faixas que mencionam Caruaru nas letras, o novo álbum da Banda de Pífanos também não deixa de ser uma homenagem carinhosa, mesmo que indireta, à cidade pernambucana que acolheu a família Biano durante quatro décadas.

Certo de que esta fase mais orientada para o forró não contraria em nada o passado musical da Banda de Pífanos, João Biano lembra que o grupo já tinha tradição nesse gênero. “Nós tocamos muitas vezes com o Luiz Gonzaga, com Jackson do Pandeiro, Anastácia, Marinês, Trio Nordestino, com todo mundo”, diz ele, referindo-se aos artistas que deram consistência a esse gênero musical. Todos eles estejam vivos ou não, certamente vão receber de braços abertos mais esse trabalho dos quase octogenários Beatles de Caruaru.

O PRÊMIO TIM DE MÚSICA

No dia 7 de Julho de 2005, aconteceu a segunda edição do Prêmio TIM de Música. A premiação, que ocorreu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, incentiva a música brasileira. Na categoria regional, a Banda de Pífanos de Caruaru (artista da gravadora TRAMA) levou o prêmio de Melhor Grupo.

João Biano, da Banda de Pífanos de Caruaru, disse que não esperava o prêmio, mas que foi muito especial. "Foi totalmente diferente do acostumado”. A gente recebia muitos elogios, “mas esse foi um prêmio", disse Biano. "Foi muito contagiante, uma alegria muito forte pegar o prêmio lá em cima do palco", completou o músico.

Fundação de Cultura destaca premiação da Banda de Pífanos de Caruaru

Fonte: http://www.caruaru.pe.gov.br/interna.asp?idmat=1030

A Fundação de Cultura parabeniza os integrantes da Banda de Pífanos de Caruaru pela homenagem recebida na tarde da última quarta-feira, 08, no Palácio do Planalto. O grupo foi condecorado com a entrega da Ordem do Mérito Cultural 2006, que há 12 anos premia artistas e entidades da cultura brasileira.

O líder da banda, Sebastião Biano, recebeu a medalha das mãos do Presidente da República, Luiz Inácio da Silva. O tema da congratulação este ano foi Patrimônios, Memórias e Valores Brasileiros, que teve o objetivo de iniciar as comemorações dos 70 anos de criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

“É com enorme satisfação que recebemos esta notícia. A Banda de Pífanos de Caruaru representa neste momento a riqueza dos valores que nossa cidade gera. A condecoração da Ordem do Mérito Cultural revela que estes artistas, que se destacam no sul do país com a nossa música popular, mantêm suas raízes e continuam engrandecendo nossas tradições”, diz José Seródio, Presidente da Fundação de Cultura, sobre a satisfação em ter o grupo destacado na premiação.

BANDA DE PÍFANOS DE CARUARU

Essa história começou de longa data, em 1924, no sertão alagoano. Lá vivia o precursor de tudo isso, Manoel Clarindo Biano. Herdeiro dos instrumentos de seu pai, um bombo, um prato e dois pífanos de taboca, deu início a uma verdadeira saga.

Assim, participava das festas da região, ao mesmo tempo em que repassava seus conhecimentos aos filhos, Sebastião e Benedito. Prosseguiram entre Alagoas e Pernambuco até chegarem, em 1939, à Capital do Forró e dos Pífanos: Caruaru. Passados 16 anos, a família perderia Manoel Biano. Antes de morrer, deixou a incumbência aos filhos, Sebastião e Benedito, de darem continuidade à tradição da banda que ia além, era de geração a geração. Eles então atenderam ao pedido e com seus filhos formaram a Banda de Pífanos de Caruaru, em 1955.

Em 1972, a banda viria a gravar o primeiro LP, “Banda de Pífano Zabumba Caruaru”. Foi então que rumaram para São Paulo, onde participaram de documentários, espetáculos e de discos de outros artistas. Em 1973, gravaram o volume 2 de “Banda de Pífano Zabumba Caruaru”. Partiram para apresentações no exterior, onde reforçaram o valor dado, também em outros países, à cultura popular nordestina.

Vítima de problemas cardíacos, um dos fundadores da banda, Benedito Biano, faleceu em 1999, em São Paulo.

A banda continua e ao longo dos tempos, viria a gravar mais seis discos e com eles ser reconhecida no cenário musical nacional e internacional, como o Grammy Latino, na categoria Melhor Grupo Regional de Raiz, com o disco “Banda de Pífanos de Caruaru: No Século XXI”, em 2004.

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Ouça as músicas nos LINKS:

http://www.trama.com.br/portalv2/album/index.jsp?id=1701

http://trama.uol.com.br/portalv2/noticias/index.jsp?id=6166".

(http://www.overmundo.com.br/overblog/banda-de-pifanos-de-caruaru-83-anos-de-musica

 

 

 

 

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DIÁRIO DO NORDESTE PONTO GLOBO PONTO COM

(entrevista com o mestre João Biano, jun. / 2003):

 

“ 'Inovação sem ferir a tradição'

Publicado em 11 de junho de 2003
 

 

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O MESTRE João Biano (em pé, segurando o chapéu) e seus companheiros: agenda lotada
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O mestre João Biano, 60 anos, conversou com o Caderno 3, por telefone. Na entrevista, concedida em um intervalo da agenda lotada de shows durante os festejos juninos, ele conta casos dos seus 48 dedicados à Banda de Pífanos, fundada em 1924 por seu avô, Manoel Biano, e defende a proposta mais popular do grupo, em seu novo disco. Entre outros motes, fala da influência do grupo sobre a Tropicália e critica o jabá e o forró eletrificado. Confira os principais trechos:

Caderno 3 — Qual a primeira lembrança que o senhor tem da música na sua família e da existência da Banda de Pífanos?

João Biano — Eu entrei em 1955 na Banda, que já tinha começado em 1924. Participei de muitas festas que até hoje não esqueço, estão gravadas na memória. Fui um dos primeiros netos (do pioneiro Manoel Biano) a entrar na Banda, quando eu era tão pequeno que mal podia com o zabumba. A lembrança que tenho é mais das festas, das viagens. Era uma luta danada. A gente dormia de rede, andava de uma festa pra outra, muitas vezes a pé, de madrugada, no meio do mato, fosse como fosse.

— Como era o seu Manoel, no dia-a-dia, e que tipo de cobrança ele lhe fez para o senhor assumir a zabumba e entrar pro grupo? Foi uma ação espontânea?

João Biano — Ele falava sempre pro meu pai: “Benedito, esse menino tem tendência pra tocar. Ensine esse moleque”. Quando o meu avô, Manoel, tava próximo de morrer, ele chamou meu pai (Benedito) e meu tio (Sebastião, 84 anos, ainda hoje na Banda de Pífanos), e disse pra eles ensinarem os mais novos, e darem seqüência à tradição da família. E meu pai ensinou.

— O que o Manoel dizia, cobrava quanto à Banda? Qual era a idéia dele do que o grupo deveria seguir?

João Biano — O Manoel era tão apaixonado pela zabumba quanto eu. Ele nunca deixou de atender a um convite (para uma apresentação), fosse com dinheiro ou sem dinheiro. Ele dizia pra minha avó: “Pastora, prepare a minha roupa, que amanhã nós vamos tocar”. E ele era também muito exigente. O cabra que não soubesse tocar, não pegava nos instrumentos dele (Manoel). “Desculpa, mas o senhor fica só assistindo”, ele dizia a quem, nas festas, tentasse tocar um pouquinho, sem saber tocar. O Manoel era o carpinteiro da região, e fazia os instrumentos de madeira, a caixa, o zabumba. Os pífanos eram comprados de um artesão, mas o Sebastião pegou o jeito e aprendeu a fazer. Hoje, ele é o único que toca pífano na Banda, e até hoje faz os próprios pífanos. O Zé Biano sabe fazer também, mas é preguiçoso (risos).

— Por que os Biano deixaram as Alagoas e se fixaram em Caruaru? A música contou nessa decisão? Pelo que o senhor sabe, o grupo tinha espaço nessa época, em Pernambuco?

João Biano — O meu avô era tipo cigano, e não gostava de passar privação. Quando era seca, ele juntava a família, montava num jegue, e saía para onde tivesse serviço. Ele se fixou em Caruaru porque soube que era no Agreste, que chovia mais, e que tinha o Brejo, onde se planta, até hoje, muita fruta. E ali ele construiu família. Quanto à música, tinha muitas festas religiosas na região. E a Banda tocava em novenas, festas e também em enterros de “anjos” (crianças), quando tocava umas rezas, umas “inxcelências”, que eu num cheguei a conhecer, não foi do meu tempo.

— E a decisão de ir pra São Paulo, em 1980: o que era que o grupo buscava, o que esperava encontrar? E o que realmente encontrou?

João Biano — São Paulo é o seguinte: nós já viajava muito, pra tocar no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília... Era um mês numa cidade, 15 dias em Caruaru. E esse vai-vém acabou ficando muito cansativo, além de muito caro. A gente ganhava dinheiro numa cidade, voltava quase sem. Até que resolvemos ir morar de vez em São Paulo. É aquela coisa que o Luiz Gonzaga já dizia: “Em São Paulo tem o ouro”.

— O crítico musical Carlos Calado afirma que a Banda de Pífanos de Caruaru influenciou a Tropicália. Como é que é essa história? E como é que vocês, da Banda, perceberam aquele movimento de Caetano, Gil, Tom Zé...?

João Biano — Na época (década de 60), nós não tínhamos noção do que estava acontecendo. Curtíamos mais a música nordestina, Luiz Gonzaga, Abdias, Trio Nordestino. Quando o (Gilberto) Gil quis gravar uma música nossa, foi um susto grande: “Mas quem é esse cabra?”. Ele foi a Caruaru, falou com o prefeito, dizendo que queria falar com a gente. Eu lá sabia quem era Gilberto Gil! Mas ele foi lá, disse que ia gravar, e gravou “Pipoca Moderna” (instigante melodia de Sebastião Biano, que ganhou letra do compositor baiano). Rapaz, quando chegou a música com a letra, nós achamos muito estranho. O que é que ele quis dizer com aquilo ali? Nós não entendemos. Gostamos, mas não entendemos. Depois é que a gente acordou, pra mistura que era aquilo ali.

— E esse apelido de “Beatles de Caruaru”, como é que vocês entendem?

João Biano — É uma brincadeira com a percussão da banda. O Geraldo Azevedo e o Carlos Fernandes (autores da expressão, na canção “Forrozear”) dizem que essa cozinha (cama percussiva) da Banda de Pífanos é inimitável. Fizeram a música ali pelo meio da década de 90. A primeira vez que nós ouvimos foi no (programa) “Bem Brasil”, da TV Cultura, de São Paulo, que nós gravamos junto com o Geraldo Azevedo. E ele mostrou a música pra gente no camarim. De lá, já saímos com a letra, e começamos a tocar a música nos nossos shows. E, além de nós e do Geraldo, o Gil também gravou.

— Como surgiu a proposta do disco pela Trama, em 1999? Qual foi a repercussão do CD (“Balão Azul”)?

João Biano — A Trama estava ainda engatinhando naquela época. E nós ouvimos falar que ela apoiava música de raíz, música regional, e procuramos o João Marcello. Sentamos, e o nosso interesse casou com o deles. O João Marcello queria que a gente fizesse um disco bem tradicional, com as tradições, o dobrado, a reza... O meu tio (Sebastião) queria também esse lado mais tradicional. Mas nós quatro sabíamos que o público não ia aderir, que não ia ter espaço pra isso, no rádio, por exemplo. E resolvemos gravar com sanfona, com músicas cantadas, queríamos batalhar mais espaço.

— Agora, neste novo disco, por que a opção por um repertório ainda mais conhecido? Essa escolha pelo forró não contraria o passado musical da Banda, as tradições desde a época de seu Manoel?

João Biano — Não, porque nós estamos explicando bem. “No Século XXI, no Pátio do Forró” (o título do disco) é um trabalho direcionado à juventude, ao forró pra dançar. Não é uma mudança, é uma criatividade da Banda de Pífanos, sem ferir a tradição. No disco tem um pistom, por exemplo, mas porque uma ciranda pede um sopro, de preferência o pistom. E, ao contrário de muita banda de hoje, desse forró eletrificado, que não sabe nem o que está tocando e só tem uma levada, o nosso disco tem vários ritmos, tem a raíz.

— Então o senhor entende que o papel de uma Banda de Pífanos não é necessariamente, ou somente, o de preservar as tradições? Pode ser também fazer sucesso, cair na boca e no gosto do povo...

João Biano — Exatamente. Nós usamos sanfona, usamos um coro feminino, usamos o pistom, porque queremos uma música pra dançar. Mas o pífano continua lá. É uma criatividade, sem ferir a tradição. E o que está acontecendo agora, com esse disco que nós fizemos pro povo dançar, é que está tendo isso mesmo. As músicas estão tocando no rádio, as casas estão cheias. Agora, em 2004, pra marcar os 80 anos da banda, vamos fazer um trabalho mais tradição: um show, gravado em DVD, só com música instrumental. Já está certo que vão participar como convidados Caetano Veloso, Gilberto Gil, Carlos Malta e Hermeto Paschoal.

— E o forró hoje, de um modo geral, seu João? O que é que o senhor acha? Pra onde é que vai?

João Biano — Ah, eu não sei não. Esse forró eletrificado tornou até chato a gente dizer por aí que toca forró. Muitas vezes, como eu disse, essas grandes bandas, Mastruz com Leite, “Caviar com não sei o que”, “Calcinha não sei o que”, não sabem nem o que estão tocando. E, modéstia à parte, a gente sabe. Como Dominguinhos, Marinês, Geraldinho sabem.

— O senhor é autor de seis das 14 músicas do novo CD. Como é que para o senhor funciona esse ato de fazer música? Há uma inspiração, um tema pré-determinado, para se falar sobre?

João Biano — É, tem isso sim. “Marina”, por exemplo, eu tava num boteco, e entrou um cabra lá falando: “Vamos embora, pro seu barracão, viver lá”. E daí apareceu a música: “Leva eu, Marina / Leva eu pra lá / Leva eu pro teu barraco / Pra nós dois morar” (cantarola). “No Pátio do Forró” e “Caruara Caruaru” falam da nossa cidade. E assim por diante...

— Pra terminar, uma provocação. Afinal, qual é a capital do forró: Caruaru ou Campina Grande?

João Biano — Ah, eu fico com Caruaru. Porque lá não tem preconceito, toca gente da Paraíba, de qualquer lugar. E tem 30 dias de forró em junho, é o mês todo, como Campina Grande agora é também. Mas eu fico com Caruaru. (DM)"
 

 

 

 

 

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