Estava meio afastado da igreja católica, da qual sou simpatizante, mas entendi, depois dos pensamentos pecaminosos que ando tendo, que preciso me penitenciar. Tenho pensado muito mal a respeito dos políticos, notadamente, dos profissionais, como Sarney, Juquinha, Roriz, Jáder Barbalho, Luiz Estevão e tantos outros, que acreditava haverem enriquecido com a política. Perdoem-me senhores. Talvez tenha sido a mídia, esse sistema de comunicação que aquele famoso advogado de mensaleiros bem que gostaria de censurar um bocadinho, que me haja induzido a ter ideias tão disparatadas em relação a esses digníssimos cidadãos. Claro, não há outra explicação para a riqueza e poder de tantos homens públicos, que não seja a força de vontade e a extrema e incansável dedicação ao trabalho árduo.
     Logicamente, alguns, que não se dedicam com afinco ao labor político, preferindo o caminho mais fácil, o da corrupção, arrebanham e amealham enormes patrimônios. Sorte existe, felizmente. Estão por aí os grandes ganhadores de loterias oficiais e paralelas. Quem não conheceu o deputado João Alves, que faturou centenas de vezes grandes prêmios das loterias? Cá entre nós, tenho ouvido dizer, também - mas de antemão aviso-lhes que não aceitaria testemunhar muito menos endossar tais acusações –, que diversos “sortudos ganhadores”, na verdade se valem da existência dos que ganham, esporadicamente, para lavarem dinheiro. Só pode ser falácia. Por aqui, o máximo que se faz é incentivar o cidadão que dispõe de alguma quantia, digamos, algo como seiscentos mil reais, em determinado lugar, para livrar-se das aviltantes taxas de serviços bancários, a pedir a um amigo que a leve até ele da melhor forma possível, o que quer dizer, não mediante depósito ou a transferência bancária, em mãos ou dentro de cuecas, outra boa providência. Se, mesmo com cuidado e, principalmente, discrição, a tramoia for descoberta, nada de o transportador dar com a língua nos dentes, o dono dos recursos cuidará – ele jura que o fará - de salvaguardar a pele da mula, ou seja, do idiota, não é isso: do coitado que transporta os reais.
     Pois bem, ainda em relação à história de que a lide política, necessariamente, não leva seu agente ou profissional a enriquecer com ela, tenho algo a acrescentar, reiterar. Licença para um parêntesis, quem sabe para melhor caracterizar o que pretendo concluir: muitos homens, dedicados, probos, trabalhadores, que antes de se aventurarem na duríssima atividade política possuíam riqueza e poder, chegaram a perder a ambos ao se envolver com ela; amargando ao final de suas vidas o ostracismo social e a bancarrota econômica. Confesso-lhes: já cheguei a cogitar que isso somente acontece com os políticos tolos, os bobalhões. Tudo indica que, novamente, enganei-me: de fato, são os “altruístas”, os “abnegados”, os principais elementos que compõem o grupo dos que empobrecem com a “arte política”. Duvidam? Que é isso?
     Como não é a regra empobrecer no exercício da política, parece que também não o é enriquecer. Entre nós, poderíamos citar três políticos que emblematizam essa teoria. Eles estão concorrendo, nas duas principais cidades do Piauí, aos cargos de prefeitos. São experientes praticantes da atividade política. Já foram secretários executivos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, prefeitos e governadores em mais de uma mandato, senadores, e o patrimônio que cada um amealhou e declarou à Justiça Eleitoral ressalta e conclui que o exercício da política não é um investimento econômico, mas um sacerdócio. Enquanto eles – ou seríamos nós? - ao final da campanha acreditam que despenderão mais de cinco milhões de reais, agora, no início dela, acabaram de declarar, para fins eleitorais, entre bens, rendas e patrimônio: dois deles, por volta de duzentos e cinquenta mil reais, cada; o terceiro, menos de quinhentos mil reais. Viva a honestidade!
     Não estou a serviço de nenhum dos candidatos, mas me sindo orgulhoso como piauiense: certamente, terão, Teresina e Parnaíba, a partir de janeiro próximo, prefeitos que, apesar de haverem dedicado grande parte de suas vidas à política, não conseguiram ficar ricos. Difícil de acreditar? Não, para quem tem fé! Louvado seja Deus! Amém!
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected])