A ABORDAGEM DO CICLO DA BORRACHA NA FICÇÃO AMAZONENSE
Por Rogel Samuel Em: 11/02/2012, às 07H49
POR
LUCILENE GOMES LIMA
http://ciclodaborracha.blogspot.com/
O veio aberto pela pesquisa histórica sobre o “ciclo da borracha” foi também amplamente explorado pela ficção amazônica e amazonense, em particular. Do final do século XIX, passando por todas as décadas do século XX, foram escritas obras que abordaram integralmente ou fizeram referência parcial ao ciclo. O paroara (1899), de Rodolfo Teófilo, é uma das primeiras obras a abordar o ciclo através da aventura de um imigrante cearense na selva amazônica. Seguem-lhe Inferno verde, especialmente o conto “Maiby” (1908), de Alberto Rangel; o conto “Judas- Asvero” , em À margem da história (1909), de Euclides da Cunha; Deserdados (1921), de Carlos de Vasconcelos; A selva (1930), de Ferreira de Castro; Amazônia que ninguém sabe (1932) , de Abguar Bastos; Terra de ninguém (1934), de Francisco Galvão; Marupiara (1935), de Lauro Palhano; Um punhado de vidas (1949), de Aristófanes Castro; No circo sem teto da Amazônia (1955), de Ramayana de Chevalier; Beiradão (1958), de Álvaro Maia; Arapixi (1963), de Adaucto de Alencar Fernandes; Dos ditos passados nos acercados do Cassianã (1969), de Paulo Jacob; Terra firme (1970), de Antisthenes Pinto; Coronel de barranco (1970), de Cláudio Araújo Lima; Regime das águas (1985), de Francisco Vasconcelos; O amante das Amazonas (1992), de Rogel Samuel e “Três histórias da terra”, em O tocador de charamela (1995), de Erasmo Linhares.
Através dessas obras, o “ciclo da borracha” e, mais especificamente, o mundo do seringal, desfilou na ficção, tornando-se um tema comezinho abordado na literatura amazonense. Surgiu, desse modo, um ambiente comum à ficção composto pela margem, onde se localiza o barracão com as atividades que lhe são peculiares, e pelo centro, o local onde se move o seringueiro e se desenrolam acontecimentos a ele ligados. Geralmente, o enfoque das obras acentua mais um ambiente do que o outro ou, ainda, os dois têm pouco destaque no sentido de serem tratados sem detalhamento. Nesse último caso, importa aos ficcionistas explorar imagens estereotipadas em torno do seringalista e do seringueiro, personagens centrais na ficção sobre a borracha. Em romances como A selva e Coronel de barranco, entretanto, os ficcionistas expõem em detalhes o funcionamento do seringal e o processo econômico do ciclo. Em A selva, tanto a margem quanto o centro recebem um enfoque didático. Alberto, o protagonista do romance, inicia uma ação romanesca que vai desde o recrutamento para o trabalho no seringal até a sua integração nele, conhecendo-o em profundidade. Inicialmente, Alberto observa e analisa a viagem no vapor, o tratamento dado ao nordestino, depois conhece o funcionamento do seringal e sua ingerência na vida dos seringueiros. Indo para o centro, é guiado pela personagem Firmino, seringueiro manso que lhe ensina pacientemente a técnica de coleta do látex e os conhecimentos necessários para sobreviver na selva.
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O veio aberto pela pesquisa histórica sobre o “ciclo da borracha” foi também amplamente explorado pela ficção amazônica e amazonense, em particular. Do final do século XIX, passando por todas as décadas do século XX, foram escritas obras que abordaram integralmente ou fizeram referência parcial ao ciclo. O paroara (1899), de Rodolfo Teófilo, é uma das primeiras obras a abordar o ciclo através da aventura de um imigrante cearense na selva amazônica. Seguem-lhe Inferno verde, especialmente o conto “Maiby” (1908), de Alberto Rangel; o conto “Judas- Asvero” , em À margem da história (1909), de Euclides da Cunha; Deserdados (1921), de Carlos de Vasconcelos; A selva (1930), de Ferreira de Castro; Amazônia que ninguém sabe (1932) , de Abguar Bastos; Terra de ninguém (1934), de Francisco Galvão; Marupiara (1935), de Lauro Palhano; Um punhado de vidas (1949), de Aristófanes Castro; No circo sem teto da Amazônia (1955), de Ramayana de Chevalier; Beiradão (1958), de Álvaro Maia; Arapixi (1963), de Adaucto de Alencar Fernandes; Dos ditos passados nos acercados do Cassianã (1969), de Paulo Jacob; Terra firme (1970), de Antisthenes Pinto; Coronel de barranco (1970), de Cláudio Araújo Lima; Regime das águas (1985), de Francisco Vasconcelos; O amante das Amazonas (1992), de Rogel Samuel e “Três histórias da terra”, em O tocador de charamela (1995), de Erasmo Linhares.
Através dessas obras, o “ciclo da borracha” e, mais especificamente, o mundo do seringal, desfilou na ficção, tornando-se um tema comezinho abordado na literatura amazonense. Surgiu, desse modo, um ambiente comum à ficção composto pela margem, onde se localiza o barracão com as atividades que lhe são peculiares, e pelo centro, o local onde se move o seringueiro e se desenrolam acontecimentos a ele ligados. Geralmente, o enfoque das obras acentua mais um ambiente do que o outro ou, ainda, os dois têm pouco destaque no sentido de serem tratados sem detalhamento. Nesse último caso, importa aos ficcionistas explorar imagens estereotipadas em torno do seringalista e do seringueiro, personagens centrais na ficção sobre a borracha. Em romances como A selva e Coronel de barranco, entretanto, os ficcionistas expõem em detalhes o funcionamento do seringal e o processo econômico do ciclo. Em A selva, tanto a margem quanto o centro recebem um enfoque didático. Alberto, o protagonista do romance, inicia uma ação romanesca que vai desde o recrutamento para o trabalho no seringal até a sua integração nele, conhecendo-o em profundidade. Inicialmente, Alberto observa e analisa a viagem no vapor, o tratamento dado ao nordestino, depois conhece o funcionamento do seringal e sua ingerência na vida dos seringueiros. Indo para o centro, é guiado pela personagem Firmino, seringueiro manso que lhe ensina pacientemente a técnica de coleta do látex e os conhecimentos necessários para sobreviver na selva.