[Flávio Bittencourt]

7 de janeiro de 57: dia D da batalha urbana de Argel

O depois tristemente famoso general Massu decidiu-se por uma operação final.

 

 

 

 

 

 

 

DE ACORDO COM A. TEIXEIRA (PORTUGAL),

EM SEU BLOG Herdeiro de Aécio

"(...) Como parece acontecer nas favelas brasileiras [O GRIFO JÁ ESTAVA NO TEXTO ORIGINAL], na Casbah vigorava uma autoridade diferente da do resto da cidade.

Os franceses acabaram por se aperceber que, mais importante do que combater os braços do movimento, se devia visar o cérebro da FLN na Wilaya IV, impondo um bloqueio sistemático aos movimentos de saídas e entradas na Casbah (em Maio de 1956). A FLN reagiu a esse bloqueio iniciando uma campanha de ataques bombistas nas zonas europeias da cidade a que as organizações clandestinas dos pieds-noirs ripostaram, por sua vez, de forma simétrica.

 


 

 

 

 

 

 

 

  

 

Entre dois fogos, em Janeiro de 1957, o Governador Geral Robert Lacoste deu à 10ª Divisão Pára-quedista e ao seu comandante, o General Massu (acima), os poderes de manutenção da ordem pública e começou efectivamente a Batalha de Argel. Os pára-quedistas entraram pela Casbah dentro e iniciaram um processo de prisões e interrogatórios sistemáticos que durou até Outubro de 1957, mas que, acabou por pôr fim aos atentados, tanto de um lado como doutro.

A extrema eficácia dos resultados não conseguiu iludir, porém, a controvérsia dos métodos excessivos empregues para os atingir. Muitos dos que foram torturados acabaram por morrer. O próprio General Massu estimou depois que tinha havido cerca de 300 mortos em resultado da sua batalha para pôr fim às outras duas batalhas (de terror e contra-terror) que, por sua vez, se haviam saldado por um total de 751 atentados, com 314 mortos e 917 feridos, em 14 meses.




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No caso da Batalha de Argel não se põem quaisquer dúvidas sobre a quem terá pertencido a vitória militar. Mas também se trata de um caso exemplar de qual é a importância relativa da componente militar e da componente política numa guerra que reúna estas características. Os homens de Massu não haviam recebido qualquer tipo de preparação para lidar com o absurdo de terem causado muito mais baixas do que as provocadas pelas acções que estavam a reprimir. (...)".

(http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2008/03/batalha-de-argel.html)

 

 

 

 

 

"BRUTAIS GUERRAS NAS RUAS HOUVE, COMO É DO CONHECIMENTO GERAL,

NAS DUAS GRANDES GUERRAS MUNDIAIS E EM GUERRAS CIVIS DIVERSAS,

MAS A BATALHA DE ARGEL, POR SUA MAGNITUDE, ENTROU NA HISTÓRIA

DO OCIDENTE (SÉCULO XX), DE FORMA FULGURANTE"

 

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

"(...) Na manhã do dia 7 de janeiro de 1957, [o general Massu, "O Carrasco de Argel"] determinou que as forças especiais entrassem em ação. Era o dia de Santa Melaine, protetora dos pára-quedistas, a quem ele, bom devoto, pediu a benção. Oito mil homens fortemente armados, a tropa de choque do colonialismo francês, começaram então a dar uma batida-monstro, revirando de alto a baixo a vida cotidiana dos 800 mil habitantes da Grande Argel. (...)".

(TRECHO DO ARTIGO ADIANTE REPRODUZIDO NA ÍNTEGRA)

 

 

 

 

 

Na Guerra da Indochina, na Batalha de Dien Bien Phu (1954), derrota francesa:
os "parás" (pronúncia: 'parrá', paraquedistas) franceses quiseram se vingar de
fracasso militar no Sudeste Asiático... na África (MAS AS ORDENS VIERAM
DE PARIS E A VERDADE É QUE NÃO SE SABE EXATAMENTE SEQUER
SE O GENERAL MASSU ATACARIA DAQUELA  MANEIRA SE NÃO TIVESSE
RECEBIDO - houve ordens superiores, certamente - A MISSÃO DE DEFLAGRAR
TÃO CRUENTA GUERRA NAS RUAS [e nos interiores de edificações urbanas,
lá de onde se podiam ouvir o gritos causados por terríveis sessões de tortura
que aconteciam, sem perdão às vítimas dos violentos maus tratos físicos e
morais inflingidos a argelinos, por militares da República Francesa])
 
(SEM A LEGENDA QUE É EXCLUSIVAMENTE DESTA COLUNA "RECONTANDO...",
SÓ A FOTO ACIMA REPRODUZIDA ESTÁ EM:

 

 
 
"História - Século XX
por Voltaire Schilling
SÉCULO XX

Massu, o carrasco de Argel

Faleceu no dia 26 de outubro de 2002, aos 94, em sua residência na França, o tristemente famoso general Jacques Massu, o chefe dos pára-quedistas franceses na Batalha de Argélia. Naquela ocasião, nos anos de 1957-58, travou-se na capital da Argélia um dos mais ferozes combates de rua da história recente, ocasião em que os regimentos franceses foram utilizadas em operações policiais, abusando largamente da violência para sufocar a revolta dos árabes. Ele foi apontado como um dos que instituiu a prática da tortura como norma operacional para sufocar a rebelião árabe, lançando assim uma triste sombra sobre o exército francês que antes havia lutado contra Hitler.

 

O começo da batalha de Argel

  

Um campo de prisioneiros na Argélia

“Meu nome foi para sempre associado à tortura, foi isso o que se tornou mais duro de suportar.”
General Jacques Massu, em entrevista ao Le Monde, 22.11.2000

O general Massu, comandante militar da área norte da Argélia, um veterano oficial francês que acompanhara De Gaulle desde 1940, decidiu-se por uma operação final. A cidade de Argel, a capital da Argélia colonizada, encontrava-se conflagrada pela luta entre os fellahs, militantes da FLN (Frente de Libertação Nacional argelina), e os moradores franceses, apelidados de pieds-noirs.(*) Eram as preliminares do conflito entre as duas concepções de Argélia: a francesa, que queria mantê-la como província do império, e a islâmica, que a desejava árabe e independente. A cada bomba que os ativistas argelinos colocavam , os colonos brancos desencadeavam o que diziam ser uma “ratonada” (um desentocar dos ratos), pogroms que devastavam as zonas árabes, queimando-lhes as tendas e linchando ou matando a tiros aqueles que lhes pareciam suspeitos. Para por um fim naquele amadorismo, o general Massu recebeu instruções de por um fim drástico naquilo – restabelecer a ordem em Argel.
Na manhã do dia 7 de janeiro de 1957, determinou que as forças especiais entrassem em ação. Era o dia de Santa Melaine, protetora dos pára-quedistas, a quem ele, bom devoto, pediu a benção. Oito mil homens fortemente armados, a tropa de choque do colonialismo francês, começaram então a dar uma batida-monstro, revirando de alto a baixo a vida cotidiana dos 800 mil habitantes da Grande Argel.


Eles, os “parás”, tinham combatido na Indochina e, mais recentemente, em 1956, fizeram parte, junto com os britânicos, da fracassada reocupação do Canal do Suez. Derradeiro gesto do colonialismo europeu decadente. Na boca de cada soldado francês havia um gosto ruim de frustração e derrota. Viram na ocupação total de Argel um momento de revanche da derrota que os vietnamitas lhe impuseram em Diên Biên Phu, em 1954. Era o momento de ensinar à canalha árabe que eram eles que ainda mandavam. Os cristãos, ocupando a Argélia desde 1830, não a abandonariam sem luta.

(*) O Front de libération nationale (FLN) da Argélia havia sido fundado em 1954 por um pequeno grupo de patriotas argelinos decididos a recuperar a independência do país através da guerra revolucionária.

 

O assalto à Casbah

 

 

Dividida a cidade em quatro zonas militares, a Casbah, o velho bairro medieval onde se abrigava a população pobre de Argel, um forte núcleo da resistência ao colonialismo, foi presa dos zuavos, as tropas mercenárias a soldo da França. Era um intricando sem-fim de ruelas, um labirinto de milhares de casinhas coladas umas nas outras e que podiam tornar-se mortíferas para as tropas de ocupação. Na retaguarda deles caminhavam os “leopardos”, a elite da 10ª divisão de pára-quedistas, assim chamados pelo seu uniforme camuflado com pintas escuras, e também, por sua ferocidade. No alto, pelos céus da cidade, viam-se os helicópteros de guerra, Bell 47, Alouettes e Sikorsky circulando como pássaros sinistros atrás de sangue, vomitando rajadas e foguetes. Onde encontrava resistência dos árabes, Massu era implacável, ordenando a explosão do local com material plástico.

Assim se deu com Ali-la-Pointe, um dos chefes operacionais da F.L.N., morto com alguns dos seus em 8 de outubro de 1957 (episódio reproduzido por Gillo Pontecorvo no filme “A Batalha de Argel”, de 1966). Outros eram submetidos à execução sumária, à assassinatos seletivos como o de Larbi Ben M`Hidi que pertencia ao C.C. da resistência argelina e que foi “suicidado” na sua cela. De certo modo eles tiveram sorte, pois o inferno estava reservado aos que eram levados aos empurrões e arrastões para os porões do CCI (Centro de coordenação intramilitar), do DOP (Disposição operacional de proteção), ou ainda para os altos do Paradou Hydra, o posto de comando dos pára-quedistas. Destino do infeliz Maurice Audin, um professor de matemática que nunca mais foi visto. Irritava particularmente a Massu (ver o seu livro La vraie bataille d´Alger , 1971) o crescente engajamento de moças árabes na preparação dos atentados. Geralmente submissas e indiferentes às coisas da política, várias delas, para surpresa dos órgãos de repressão, tornaram-se voluntárias para carregarem armas e bombas nas bolsas e sacolas, sendo elas também presas e levadas aos trancões para os calabouços de Massu, como o existente na tenebrosa Villa Susini (**).

(**) A historiadora Raphaëlle Branche apresentou, em 2000, uma tese de doutorado de 1.211 páginas, intitulada "O Exército e a tortura durante a guerra da Argélia. Os soldados, seus chefes e as violências ilegais", concluindo que “a tortura não foi apenas ação de alguns militares sádicos e isolados. Pelo contrário, ela se inscreve dentro da história da colonização. Antes da Argélia, foi praticada na Indochina." (Edouard Bailby, Cadernos do Terceiro Mundo, nº227, 2001)".

(http://educaterra.terra.com.br/voltaire/seculo/2002/11/28/001.htm)

 

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"03 Março 2008

 

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(7/5/1954 - 7/5/2010) “Lừng lẫy năm châu, chấn động địa cầu”..
Thứ sáu, 07/05/2010 07:06 am

 

 
Hoan hô chiến sĩ Điện Biên
 
Tin về nửa đêm
Hoả tốc hoả tốc
Ngựa bay lên dốc
Đuốc cháy sáng rừng
Chuông reo tin mừng
Loa kêu từng cửa
Làng bản đỏ đèn đỏ lửa…
 
Hoan hô chiến sĩ Điện Biên
Hoan hô đồng chí Võ Nguyên Giáp
Sét đánh ngày đêm xuống đầu giặc Pháp!
Vinh quang Tổ quốc chúng ta
Nước Việt Nam dân chủ cộng hoà !
Vinh quang Hồ Chí Minh, cha của chúng ta
                                          ngàn năm sáng mãi
Quyết chiến quyết thắng, cờ đỏ sao vàng vĩ đại!
 
Kháng chiến ba ngàn ngày
Không đêm nào vui bằng đêm nay
Đêm lịch sử, Điện Biên sáng rực
Trên đất nước, như huân chương trên ngực
Dân tộc ta, dân tộc anh hùng!
Điện Biên vời vợi nghìn trùng
Mà lòng bốn biển nhịp cùng lòng ta
Đêm nay bè bạn gần xa
Tin về chắc cũng chan hoà vui chung.
Hoan hô chiến sĩ Điện Biên
Chiến sĩ anh hùng
Đầu nung lửa sắt
Năm mươi sáu ngày đêm, khoét núi, ngủ hầm, mưa dầm,
                                                                               cơm vắt.
 
Máu trộn bùn non
Gan không núng
Chí không mòn!
Những đồng chí, thân chôn làm giá súng
Đầu bịt lỗ châu mai
Băng mình qua núi thép gai
Ào ào vũ bão,
Những đồng chí chèn lưng cứu pháo
Nát thân, nhắm mắt, còn ôm.
Những bàn tay xẻ núi, lăn bom
Nhất định mở đường cho xe ta lên chiến trường tiếp viện.
 
Và những chị, những anh, ngày đêm ra tiền tuyến
Mấy tầng mây, gió  lớn mưa to
Dốc pha Đin, chị gánh anh thồ
Đèo Lũng Lô, anh hò chị hát
Dù bom đạn, xương tan thịt nát
Không sờn lòng, không tiếc tuổi xanh.
Hỡi các chị, các anh
Trên chiến trường ngã xuống!
Máu của anh chị, của chúng ta, không uổng:
Sẽ xanh tươi đồng ruộng Việt Nam
Mường Thanh, Hồng Cúm, Him Lam
Hoa mơ lại trắng, vườn cam lại vàng
 
Lũ chúng nó phải hàng, phải chết,
Quyết trận này quét sạch Điện Biên!
Quân giặc điên
Chúng bay chui xuống đất
Chúng bay chạy đằng trời?
Trời không của chúng bay
Đạn ta rào lưới sắt!
Đất không của chúng bay
Đai thép ta thắt chặt!
Của  ta, trời đất, đêm ngày
Núi kia, đồi nọ, sông này của ta!
Chúng bay chỉ một đường ra
Một  là tử địa, hai là tù binh.
Hạ súng xuống rùng mình run rẩy
Nghe pháo ta lừng lẫy thét gầm!
 
Nghe trưa nay, tháng năm mồng bảy
Trên đầu bay, thác lửa hờn căm!
Trông: Bốn mặt, luỹ hầm sụp đổ
Tưởng quân bay lố nhố cờ hàng
Trông: Chúng ta cờ đỏ sao vàng
Rực trời đất Điện Biên toàn thắng!
Hoan hô chiến sĩ Điện Biên!
Tiếng reo núi vọng sông rền
Đêm nay  chắc cũng về bên Bác Hồ
Bác đang cúi xuống bản đồ
Chắc là nghe tiếng quân hò quân reo...
Từ khi vượt núi qua đèo
Ta đi, Bác vẫn nhìn theo từng ngày
Tin về mừng thọ đêm nay
Chắc vui lòng Bác, giờ này đợi trông
Đồng chí Phạm Văn Đồng
Ở trên đó chắc đêm nay không ngủ.
Tin đây Anh, Điện Biên Phủ hoàn thành.
Ngày mai, vào cuộc đấu tranh
Nhìn xuống mặt bọn Bi-đôn, Smít
Anh sẽ nói:”Thực dân, phát xít
Đã tàn rồi!
Tổ quốc chúng tôi
Muốn độc lập, hoà bình trở lại
Không muốn lửa bom đổ xuống đầu con cái
Nước chúng tôi và nước các anh.
Nếu còn say máu chiến tranh
Ở Việt Nam, các anh nên nhớ
Tre đã thành chông, sông là sông lửa.
Và trận thắng Điện Biên
Cũng mới là bài học đầu tiên!”
                                         
5-1954"
 
  

 

 

 

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A.TEIXEIRA, em seu blog HERDEIRO DE AÉCIO,

escreveu:

 

 

"A BATALHA DE ARGEL

 
Por se ter falado mais abaixo em subversão e contra-subversão urbana, vale a pena recordar e analisar (não nos esquecendo, quanto à profundidade da análise, que isto é um blogue …) a Batalha de Argel, um dos episódios mais importantes dos conflitos que se caracterizaram por se terem travado em ambientes urbanos e simultaneamente um dos mais famosos episódios da Guerra da Argélia (1954-62), que acabou por terminar com a independência argelina.
Argel, a capital da Argélia francesa, era uma típica cidade colonial, que teria um pouco mais de 300.000 habitantes em 1954, com os seus bairros de europeus e os bairros de nativos devidamente segregados, com as particularidades de que a população de origem europeia (designados por pieds-noirs) ser ali numericamente muito significativa (representavam entre 45 a 50% da população total) e de haver um bairro indígena (a Casbah) no centro da cidade.

A Casbah (abaixo, vista do ar - é a palavra árabe para cidadela), era a Argel do período medieval com o seu emaranhado labiríntico de ruelas típicas do mundo mediterrânico. Desde o princípio da insurreição era considerada território hostil, que um europeu ou qualquer elemento das forças de segurança francesas não poderia percorrer isolado sem correr um sério risco de ser morto da forma tradicional: degolado. Mas a Casbah não era considerada frente de batalha.
A princípio, depois de expurgar do bairro os indicadores da polícia, os outros movimentos rivais e colocado sob controlo as organizações criminosas, a Casbah foi utilizada pela FLN (a Frente de Libertação Nacional) como santuário dos seus quadros e base de apoio logístico dos guerrilheiros que combatiam contra o exército francês nas zonas rurais. Como parece acontecer nas favelas brasileiras, na Casbah vigorava uma autoridade diferente da do resto da cidade.

Os franceses acabaram por se aperceber que, mais importante do que combater os braços do movimento, se devia visar o cérebro da FLN na Wilaya IV*, impondo um bloqueio sistemático aos movimentos de saídas e entradas na Casbah (em Maio de 1956). A FLN reagiu a esse bloqueio iniciando uma campanha de ataques bombistas nas zonas europeias da cidade a que as organizações clandestinas dos pieds-noirs ripostaram, por sua vez, de forma simétrica.
Entre dois fogos, em Janeiro de 1957, o Governador Geral Robert Lacoste deu à 10ª Divisão Pára-quedista e ao seu comandante, o General Massu (acima), os poderes de manutenção da ordem pública e começou efectivamente a Batalha de Argel. Os pára-quedistas entraram pela Casbah dentro e iniciaram um processo de prisões e interrogatórios sistemáticos que durou até Outubro de 1957, mas que, acabou por pôr fim aos atentados, tanto de um lado como doutro.

A extrema eficácia dos resultados não conseguiu iludir, porém, a controvérsia dos métodos excessivos empregues para os atingir. Muitos dos que foram torturados acabaram por morrer. O próprio General Massu estimou depois que tinha havido cerca de 300 mortos em resultado da sua batalha** para pôr fim às outras duas batalhas (de terror e contra-terror) que, por sua vez, se haviam saldado por um total de 751 atentados, com 314 mortos e 917 feridos, em 14 meses.


No caso da Batalha de Argel não se põem quaisquer dúvidas sobre a quem terá pertencido a vitória militar. Mas também se trata de um caso exemplar de qual é a importância relativa da componente militar e da componente política numa guerra que reúna estas características. Os homens de Massu não haviam recebido qualquer tipo de preparação para lidar com o absurdo de terem causado muito mais baixas do que as provocadas pelas acções que estavam a reprimir.

Pelo padrão das campanhas militares clássicas, o volume de baixas no inimigo são problema dele. Se forem em quantidade suficiente para que ele desista de combater, melhor: ganha-se a batalha e a guerra. Não foi o caso da de Argel, porque a frente de batalha se transferiu para outro local, além de que a FLN adquiriu com ela uma legitimidade política reforçada, ao devolver ao poder político democrático francês as suas enormes contradições entre prática e teoria.
É uma boa lição para aqueles políticos que, em situações de aperto, convocam os militares como se se tratasse de uma espécie de polícias, mas em mais musculado: dá sempre asneira… A outra lição, aplicada à situação brasileira da actualidade, é que, com competência, o exército brasileiro até poderia ser capaz de conseguir erradicar o problema da influência do PCC nas favelas brasileiras (acima)… Os custos políticos dessa batalha é que seriam insuportáveis…

* A FLN tinha dividido o território em 6 Regiões Militares distintas, denominadas por Wilayas e numeradas à romana de I a VI. Por causa dos acontecimentos que levaram à Batalha de Argel, a FLN resolveu depois destacar a própria cidade da Wilaya adjacente (IV), constituindo uma Zona Autónoma (ZAA).

** As estimativas variam, conforme as fontes, entre esses assumidos 300 e os 3.000 mortos.