[Flávio Bittencourt]

29 de março de 2012: Luís Antônio Pimentel faz cem anos

Parabéns ao grande mestre Pimentel!

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://valedaspalavras.blogspot.com.br/2009_11_01_archive.html)

 

 

 

 

 

Papa

Oom

Mow Mow!

 

(ESTRANHAS EXPRESSÕES

OUVIDAS NA PRISÃO

POR UM NOTÁVEL

MÚSICO DOS ESTADOS UNIDOS)

 

 

 

 

 

(http://www.soompi.com/news/iu-is-sexy-and-mature-for-japanese-magazine-cover)

 

 

 

 

 

200208955-001

 

 

 

  

 

 

(http://www.jardinaria.com.br/site/2010/02/jardim-zen/)

 

 

 

 

O SÁBIO BRASILEIRO LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL,

JÁ NONAGENÁRIO, E A VENERANDA SENHORA

ZULEIKA HALLAI:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://ler-e-escrever.blogspot.com/2008/03/lus-antnio-pimentel-faz-96-anos-e.html)
 

 

 

 

 

Série Haicais: Jardim Japonês,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=xL4vokutTJ4,

onde se lê:

"Enviado por em 26/07/2010

Em Haicais do Brasil, dez vídeos de 30 segundos ilustram através de belas imagens, gestos sutis e ideogramas, a atmosfera zen ideal para representar a dança, as lutas marciais e a arte japonesas.

Os interprogramas falam de ikebana e jardim japonês, judô, origami, preparo de sushi, a tradição das geixas, a cerimônia do chá, a arte do mangá e do anime, o teatro dramático e extremamente colorido kabuki e a música extraída dos enormes tambores taikô.

As locuções foram gravadas pelo ator e apresentador Carlos Takeshi e a trilha sonora composta em uma parceria entre músicos brasileiros e japoneses, com a participação de Fernando Moura, do Brasil, e Miyazawa Kazufumi, Claudia Oshiro e Imafuku Kenji, todos japoneses.

www.futura.org.br"

 

 

 

 

"Minibiografia:
Luís Antônio Pimentel, jornalista, professor e escritor, nascido em 29 de março de 1912, em Miracema (RJ), mora desde a infância em Niterói (RJ). De família em que se destacam intelectuais como seu tio Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), começou cedo sua atuação na imprensa carioca. Parte de sua produção de jovem jornalista, publicada na Gazeta de Notícias, compõe o livro Crônicas do rádio, nos tempos áureos da Mayrink Veiga (v. 3 das Obras Reunidas). Em 1937, já afastado da Escola Nacional de Belas Artes, cujo curso não chegaria a concluir, recebeu bolsa de estudos para o Japão. Encantado com a cultura nipônica, lá ficou até 1942, saindo apenas quando houve a evacuação de estrangeiros do país, em guerra. Retornou a Niterói e passou a dedicar-se ao ensino técnico e à imprensa na antiga capital fluminense. Diplomou-se em jornalismo pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia, em 1952. Construiu uma obra literária marcada profundamente pela cultura japonesa. Seu segundo livro, Namida no Kito (Prece em lágrimas), publicado no Japão, em 1940, foi o primeiro traduzido naquele país de poeta de língua portuguesa. Contos do velho Nipon, editado no Brasil, também em 1940, foi talvez o primeiro livro de autor brasileiro a divulgar a cultura tradicional japonesa em nosso país. O livro Tankas e haikais, de 1953, de rara beleza, tem como matriz estilística a poesia tradicional nipônica (v. 2 das Obras Reunidas). Desde a sua juventude, dedica-se também à pesquisa sobre a história e a cultura brasileiras, especialmente às suas tradições populares. Compositor bissexto em sua juventude, teve músicas gravadas por Carmem Miranda e Odete Amaral. Fotógrafo, artista plástico, historiador, biógrafo, memorialista, pertence a várias academias de Letras, Folclore e História, à Sociedade Fluminense de Fotografia e é presidente de honra do Grupo Mônaco de Cultura. Parte de sua colaboração na imprensa fluminense e seus livros sobre a cidade formam a Enciclopédia de Niterói (v. 1 das Obras Reunidas). Publica semanalmente a seção “Artes Fluminenses” nos jornais A Tribuna e Jornal de Icaraí, de Niterói (RJ)."


(http://ler-e-escrever.blogspot.com/2008/03/lus-antnio-pimentel-faz-96-anos-e.html)

  

 

 

 

OUVIDO NA PRISÃO,

POR UM INTEGRANTE DO

CONJUNTO ESTADUNIDENSE

THE RIVINGTONS (RELAÇÃO

DE IDEIAS ESTABELECIDA

COM ESTA SINGELA MATÉRIA

DO PORTAL ENTRETEXTOS:

o grande Pimentel foi preso

por ser socialista, durante o

Estado Novo do ditador Vargas,

e por isso aqui está a presente 

"dica" amiga, MUSICAL-CELEBRATÓRIA,

no transcurso do CENTENÁRIO DO NASCIMENTO

DO PROFESSOR LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL

[NA CADEIA, PIMENTEL POSSIVELMENTE

PRODUZIU INÚMEROS HAICAIS!]):

 

"- PAPA OOM MOW MOW! "

(OS RIVINGTONS, EM 1962,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=gMVGJVgsoHg&feature=related)

 

 

 

 

 

[PIMENTEL, NO PRIMEIRO PLANO DA FOTOGRAFIA,] No Japão, entre amigos e amigas, c. 1938. Fonte: Um tupiniquim na Terra do Sol Nascente, de Alaôr Eduardo Scisínio, 1998:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://ler-e-escrever.blogspot.com/2008/03/lus-antnio-pimentel-faz-96-anos-e.html)

 

 

 

 

 

"O CENTENÁRIO DO PROFESSOR PIMENTEL

NÃO É, PROPRIAMENTE, UMA SIMPLES DATA,

É UMA GRANDE CAUSA! "

(COLUNA "Recontando...")

 

 

 

 

"(...) E na boca de um canhão
Um ninho de pássaros.
" (LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL):

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

(http://planetavegetariano.blogspot.com.br/2009_07_01_archive.html)

 

 

 

 

 

AO GRANDE MESTRE PIMENTEL,

COM CARINHO:

 

         

 

  

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

Paz. Forte em ruínas,
E na boca de um canhão
Um ninho de pássaros.

Hôkô ni tori no su
toride ato shizuka

 

Luís Antônio Pimentel
 

(http://www.kakinet.com/caqui/brasil5.htm,

 [Extraído de] O Haikai de Oldegar Vieira).

 

 

 

 

 

OBRIGADO, ALBERTO ARAÚJO! 

 

 

29 de março de 2012 - Parabéns ao grande mestre Pimentel - Hoje, Luís Antônio Pimentel faz cem anos!  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

ALBERTO ARAÚJO PRODUZIU

A SEGUINTE MATÉRIA,

VERDADEIRAMENTE ESPETACULAR:

"23 de março de 2012
LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL - 100 ANOS EM FOCO - EXPO NO SOLAR DO JAMBEIRO
LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL - 100 ANOS EM FOCO 
EXPOSIÇÃO NO SOLAR DO JAMBEIRO

 
Banner produzido pelo Cecchetti


Foi linda demais a exposição 100 anos em foco - em homenagem ao baluarte da poesia haicai, o queridíssimo escritor secular Luís Antônio Pimentel, aconteceu dia 22 de março no Solar do Jambeiro, e tudo ficou a cargo do grande promoter e curador Paulo Roberto Cecchetti. Estiveram presentes muitas personalidades fluminenses e todos queriam de perto prestigiar o grandioso evento, e acima de tudo valeu todo o esforço de Cecchetti e de vários amigos de Pimentel que fizeram desse evento um dos maiores que o Focus já presenciou, e este Portal tem orgulho de mostrar as imagens que foram selecionadas com tanto carinho para vocês queridos leitores foculistas. Confiram as imagens de muitas personalidades que estiveram presentes.
Um dos Outdoors / Convite - expostos pela cidade de Niterói

 

 
Parte frontal do Solar Jambeiro
local da exposição
"Luís Antônio Pimentel - 100 anos em foco"
22 de março à 29 de abril 2012

 
O Solar do Jambeiro, também conhecido como Palacete Bartholdy, Rua Presidente Domiciano, 195, São Domingos, Niterói, RJ. Belíssimo casarão que abriga exposições de artes plásticas, seminários e cursos sobre preservação e restauração de bens culturais.
O Solar foi construído em 1872 pelo comerciante português Bento Joaquim Alves Pereira. Em 1892 a propriedade foi vendida ao diplomata dinamarquês Georg Christian Bartholdy. O Solar do Jambeiro foi tombado em 1974 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e é um amplo sobrado erguido em uma bela chácara arborizada, revestido de azulejos típicos das construções portuguesas, constituindo um dos mais importantes conjuntos de azulejaria do século XIX existentes no Brasil.
Em 1997 o Solar foi desapropriado pela Prefeitura Municipal de Niterói para fim de preservação e restauração. Desde a sua reinauguração, após meticulosa restauração, em 2001, desde então, o Solar do Jambeiro tem abrigado exposições, seminários e cursos sobre preservação e restauração de bens culturais, e ainda seus belíssimos jardins também estão abertos à visitação.
Atualmente o Solar do Jambeiro é administrado pela Fundação de Arte de Niterói - FAN, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Cultura de Niterói, órgão que também administra o Teatro Municipal de Niterói, o Museu de Arte Contemporânea e o Teatro Popular de Niterói. O Solar do Jambeiro, juntamente ao Museu Antônio Parreiras e o Museu do Ingá, da FUNARJ, e a Sala José Cândido de Carvalho, também da FAN, torna o Ingá um dos bairros com o maior número de aparelhos culturais públicos no Estado. Também, o Solar do Jambeiro, prédio de arquitetura antiga e acervo de belas-artes, acabou tornando-se um contraponto cultural a um outro aparelho cultural ali próximo, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, localizado no vizinho bairro de Boa Viagem, prédio de arquitetura moderna e que abriga acervo de arte contemporânea.

 

 
                                                                          foto Cecchetti
Cecchetti fez a abertura do evento

 
                                                                         foto Cecchetti
Sávio proferiu palavras ao homenageado

 
                                                                      foto Cecchetti

 

 

 

 

 

 

 
Luís Antônio Pimentel Nasceu em Miracema, 29 de março de 1912 é um poeta, professor, jornalista e memorialista brasileiro. É membro da Academia Fluminense de Letras - AFL; Academia Niteroiense de Letras - ANL e presidente de honra no Grupo Monaco de Cultura.
Sobrinho por parte de pai do literato Figueiredo Pimentel, de quem reconhece a influência da obra sobre os primeiros trabalhos literários. Tendo sido aluno bolsista em intercâmbio no Japão, residiu lá entre os anos de 1937-1942, familiarizando-se com o haicai ao ter contato com autoridades como Hagiwara Sakutarô e Takamura Kôtarô. Pimentel tem sua poesia traduzida para o inglês, o alemão, o francês, o espanhol e o sueco.
Pimentel é um dos precursores do haicai no Brasil, responsável pela divulgação deste estilo de poesia ao lado de Olga Savary e Helena Kolody. Tem parte na cunhagem definitiva do termo “haicai” em língua portuguesa quando, estudante da faculdade de filosofia da Universidade do Brasil, encaminhou a Aurélio Buarque de Holanda, por intermédio do gramático Celso Cunha, o pedido de dicionarização, evitando que o termo se dispersasse em outras transliterações como hai-cai, hai-kai, haikai, haiku, hai-ku e hokku. Com seu livro Namida no Kito, obra escrita em português no japão e traduzida para o japonês no ano de 1940, Pimentel se tornou o primeiro autor brasileiro traduzido para o japonês que se tem notícia.
O autor reconhece ter se permitido inovar o haicai ao tratar de temas tropicais, criando também o haicai erótico, o engajado politicamente e o étnico. Contudo, estas pequenas transgressões não corrompem o cânon estético inaugurado por Matsuô Bashô como a rigorosa métrica e a exigência da indicação da estação do ano (Kigo) e dos fenômenos da natureza.
Sua vasta obra literária, conta com livros como: Contos do velho Nipon (1940), Tankas e haicais (1953), Cem haicais eróticos e um soneto de amor nipônico (2004). E se encontra reunida em três volumes publicados pela editora Niterói Livros, que contém o texto integral de Tankas e haicais, tal como coordenada pelo professor Nelson Eckhardt em 1953.
A obra reunida, em acurada edição crítica de três volumes, conta também com poesias compiladas inéditas até 2004, data desta edição e versões para diversas línguas, entre elas o japonês, na tradução de Yonekura Teruo.
Além da primeira biografia, assinada por Alaôr Eduardo Scisínio, a obra do poeta recebeu diversos estudos, como o escrito pelo filósofo brasileiro R.S. Kahlmeyer-Mertens, que nos últimos anos vem dedicando trabalhos sobre a produção de haicais do poeta, destacando o relevo do pensamento de Pimentel para a contemporaneidade.

 



 
Leia na íntegra a entrevista de Luís Antônio Pimentel
concedida ao Promoter e Curador Paulo Roberto Cecchetti

 

 

 
LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL
Completou 100 anos em 29 de março de 2010. Nasceu em Miracema, RJ. É jornalista, pesquisador, professor, folclorista, historiador, fotógrafo, haicaísta e poeta. Dentre seus inúmeros livros publicados, destacam-se: Ciranda, Cirandinha, Namida no Kitô (editado em Tóquio, Japão, em 1940), Contos do Velho Nippon, Doze dias com Leviana, Cantigas para o povo, Topônimos Tupis de Niterói, Estuário, Obras reunidas - Volumes 1, 2 e 3 e Haicais onomásticos. É membro das academias Fluminense e Niteroiense de Letras e colunista dos jornais A Tribuna e Icaraí. Foi o jornalista responsável, durante 15 anos de O CAIS em revista.
PRC - No início da sua carreira você conviveu com inúmeros jornalistas famosos.
LAP - No meu tempo de jornal convivi com o velho Mário Rodrigues, do jornal "A Manhã". Ele, pai do consagrado Nelson Rodrigues e do Mário Rodrigues Filho, que escrevia crônica esportiva; J.E.Macedo Soares, do "Diário Carioca"; Oséas Mota, da "Vanguarda"; Irineu Marinho, pai dos "marinhos todos"... Roberto Marinho de O Globo; João do Rio, grande jornalista e repórter do jornal "A Pátria". João foi brilhantíssimo, revolucionou a imprensa. Os demais, naquela época, faziam artigos de fundo mostrando ao povo a linha do jornal. Convivi também com meu amigo (mesmo!) e irmão mais velho, o Barão de Itararé. Ele me chamava carinhosamente de "Pimentelzinho"... o Barão surgiu em 1915 como redator comum de jornal, mas depois virou uma figura obrigatória na imprensa com seus artigos irônicos no suplemento "A Manha", que vinha encartado gratuitamente no "A Manhã", do Mário Rodrigues. O Barão de Itararé alcançou grande sucesso nos meios literários com o livro "Pontas de cigarro", publicado em 1916. No prefácio, mostrava mais uma vez seu lado irônico: "... que essas pontas de cigarro não venham queimar os lábios sensíveis dos senhores críticos e sejam bem recebidas nos cinzeiros da opinião pública!". Outra passagem engraçada do Barão foi com Getúlio Vargas. Ambos gaúchos, o presidente encontra com ele numa solenidade e diz: "Oh, és tu Barão?!" que imediatamente responde: "Não, tu-barão é vossa excelência!!!" (risos).
PRC - Você teve uma música gravada pela "Pequena Notável"?
LAP - É. Carmen Miranda mostrou interesse e gravou, em 1935, uma música junina, parceria minha com Mário Travassos de Araújo. No tempo em que se fazia concurso de música junina! Carmen era a estrela da Rádio Mairynk Veiga, a "Pequena Notável"! Mário era o acompanhador de todos os artistas da rádio. Daí essa oportunidade.
PRC - O que representa o Japão na sua vida?
LAP - O Japão me deu um verniz de civilização oriental! Como pretexto, disse que gostaria de estudar jornalismo japonês e conhecer escolas profissionais. Lá encontrei um jornal simples onde tudo que eles queriam dizer estava ali naquelas seis páginas... Depois, estudando melhor os jornais do oriente, descobri que existia o ‘Diário de Pequim’, fundado há mais de dois mil anos... e que sai, até hoje, di-a-ri-a-men-te! É incrível!!!
PRC - Por que você foi para o Japão?
LAP - Eu fui porque precisava defender a minha pele... estava marcado para ser torturado e morto... eles me ameaçavam... eram os fascistas, os integralistas (que era uma forma de fascismo nacional) que, por acaso, teve um intelectual como chefe do movimento: o Plínio Salgado. Foi um bom escritor, um bom autor, mas não foi um bom líder! Na hora do aperto ele não quis assumir a responsabilidade... quando Getúlio Vargas deu o golpe no integralista, ele negou! A tal passeata dos cem mil, ridicularizada pelo jornalista Augusto Donadel Jorge, assim foi descrita: Getúlio Vargas, sentado em frente ao Palácio das Laranjeiras, assistia a passeata ao lado de sua filha Alzira. Anauê! Anauê! Anauê! (era o grito de guerra dos integralistas). Quando o presidente disse: "Alzirinha, vê o que está acontecendo pois aquele capenga que lá vai pela quinta vez já passou aqui!" (risos). Os integrantes da passeata ficavam dando voltas ao redor do palácio para impressionar o presidente, que logo observou a passagem do mesmo bloco de integralistas.
 
PRC - Onde você morou no Japão?
LAP - Morei em Tóquio, capital do Japão. Depois de terminar minha bolsa de estudo trabalhei no Consulado de Yokohama e na Rádio de Tóquio (fui locutor de língua portuguesa). A rádio era uma cópia da BBC de Londres. Lá nós irradiávamos em dezoito línguas, entre línguas e dialetos...
PRC - Mas você também morou no bairro das gueixas?
LAP - Morei por habilidade (risos)... lembrando do Itararé: "Nós não somos latinos, somos ladinos! Espertos!!!" Então eu morei seis meses na Casa dos Estudantes. Lá, os mais antigos já falavam a língua japonesa... eu me aproximei dos estudantes que falavam inglês e espanhol... como eu dominava estas duas línguas, comecei a sair com eles que eram meus intérpretes... aí percebi, no fim de alguns meses, que eu nunca iria aprender japonês... fui ao pessoal da Casa dos Estudantes e propus que me deixassem morar numa pensão ou num quarto, onde eu fosse o único estrangeiro... gostaram da idéia! (risos). O intérprete da embaixada arranjou um bairro fim de linha, um lugarzinho chamado Arakyokocho, rua Funa-machi, no 33, onde circulavam as gueixas! Depois que eu fiz isso, aqueles seis meses perdidos... recuperei com muito lucro... eu então falava que era uma beleza! Surpreendi muitos japoneses!
PRC - Morar no bairro das gueixas você não aprendeu só a língua japonesa? (risos)
LAP - Morei no Japão durante cinco anos e meio. Cheguei em 02 de maio de 1937 e saí em fins de 1942. Aprendi costumes, dança, história, a arte japonesa... porque a gueixa tem uma educação especial... ela aprende na escola desde a infância até a velhice... está sempre aprendendo para ter condições de contar a história de qualquer região. Quando você tem contato com a gueixa você adquire um manancial incrível de cultura e de folclore japonês.
PRC - Foi por esta aproximação com os japoneses que você escreveu um livro? Você foi o primeiro brasileiro a ser editado no Japão?
LAP - O que o povo foi me contando eu escrevi no livro "Contos do velho nippon". Havia por lá dois livros famosos de dois portugueses: "Peregrinações", de Fernão Mendes Pinto e outro de Venceslau de Moraes. Até hoje são livros cobiçados e publicados no Japão!
PRC - Qual foi a participação do presidente Getúlio Vargas quando do seu retorno ao Brasil?
LAP - O Getúlio sabia de tudo que estava acontecendo por lá... ele namorava o Japão e pretendia trocar nosso café de péssima qualidade pela vinda do japonês para implantar e desenvolver aqui a siderurgia. O consul naquela época era Raul Bopp, que depois foi para Los Angeles, USA; então chegou o José Gomide que ficou até o fim da guerra... quando regressou num navio de troca de prisioneiros chamado "navio de evacuação", os brasileiros logo apelidaram de "cocô-maru"! (risos). Aí Getúlio disse para o seu assessor: "Não esqueçam do Pimentelzinho!".
PRC - Como você vê a cultura hoje em nossa Niterói?
LAP - Vejo em grande projeção, em grande estilo. Niterói sempre brilhou nas artes! Vamos ver? Escritores: Xavier Placer, Lili Leitão e Antônio Calado; na música: Nathan Shwartzman (o maior violino do mundo!), Ciro Monteiro, Cauby Peixoto, Sérgio Mendes, a família Medalha (Marília, Marly e Luiz), Gadé (o La Fontaine do rádio!); no teatro: Leopoldo Fróes, Isaac Bardavid; na pintura: Antonio Parreiras, Milton Dacosta, Abelardo Zaluar, Quirino Campofiorito e Miguel Coelho (o mineiro mais niteroiense que eu conheci!); no cinema: Leila Diniz; na escultura: Honório Peçanha; no balé: Márcia Haydée; no esporte: Gérson, os irmãos Grael (Torben e Lars), e não poderia deixar de citar meus conterrâneos de Miracema, os irmãos Aymoré e Zezé Moreira!
PRC - Você é imortal nas academias Fluminense e Niteroiense de Letras. Como é frequentar essas academias?
LAP - Na Fluminense eu levei 42 anos para tomar posse... é recorde! Poderia entrar no Guinness Book! (risos). Na Niteroiense é fácil, pois há reuniões às quartas-feiras e sempre tratando de cultura com palestras de acadêmicos.
PRC - Você é o único fotógrafo fundador da Sociedade Fluminense de Fotografia/SFF ainda vivo. Recentemente a SFF prestou uma homenagem a você. Como começou seu interesse pela fotografia?
LAP - Começou quando eu tinha doze anos. O meu tio Bilusca (Emídio Ribeiro), fotógrafo profissional (trabalhou com o prefeito Feliciano Pires de Abreu Sodré na sua obra de urbanização de Niterói, em 1914/1918 e, depois, em 1922/1927), me levou numa casa fotográfica, a J. Perpéa, na rua da Assembléia, e comprou uma máquina caixão 2A filme 116 / 6,5 mm X 11,0 mm. Com essa câmara fiz muita coisa, mas não guardei nada... A SFF armou uma sala com fotografias que eu tirei há cinquenta e dois anos atrás, quando mandamos para vários países. A associação é reconhecida em todo mundo!
PRC - Você quando retornou ao Brasil trouxe na bagagem o haicai, poesia nipônica de 5-7-5 sílabas. Existe uma preocupação sua com o rumo que esta poesia anda tomando. Por quê?
LAP - Eu trouxe do Japão o cânone e a história do haicai! A rigor é uma história da era da deusa Sol. Naquele tempo o japonês já fazia sua poesia, que hoje chamam de tanka (poesia curta) e uaka (poesia de trinta e uma sílabas). A língua japonesa não tem rima. As frases terminam sempre com verbo. Bashô determinou que o haicai tivesse um grande lirismo! Fiz um haicai das estações do ano: "Manhã: primavera. / Ao sol: verão. Tarde: outono. / Noite: inverno em Sampa." Certa vez um discípulo apresentou um haicai que, traduzido, dizia: "Se nós tirarmos as asas de uma falena fica uma pimenta"; Bashô corrigiu: "Se nós colocarmos asas numa pimenta vira uma libélula"... a evolução do haicai vem de uma poesia de dois mil e seiscentos anos! Mas esta poesia vive por aqui como se fosse um refugiado de Hiroxima!... qualquer poeta hoje faz haicai... e o mau haicai... todo deturpado... sem a métrica (5-7-5 sílabas)... é preciso denunciar isso!
PRC - Qual o seu recado literário para os novos escritores?
LAP - Que leiam mais... e procurem ouvir os grandes mestres da poesia e da língua... e que procurem sempre olhar a natureza... respeitar a natureza! Não alimentar a coisa predatória... para não ficar como no meu haicai do sapo: ‘Predador perene / pula o sapo pipa e parte / o espelho do poço.’
Paulo Roberto Cecchetti é publicitário, poeta, editor, curador. Membro da Academia Niteroiense de Letras /ANL e da Associação Niteroiense de Escritores/ANE.

 


 

 
Sequencial de imagens da Expo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vídeo sobre Luís Antônio Pimentel

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Leia a poesia do
poeta José Pais de Moura em homenagem
ao centenário

 

 

 
LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL
-- seu centenário –

 

 

 
O vento passa, passou, tanto destruiu,
não o Papa da literatura, fotografia...
Anos tantos, onde nasceu de lá saiu,
Niterói, - aqui estudou - inda sua moradia.

 
Tormentos já passados no longínquo Japão,
com afinco aprendeu haicais, do seu labor.
Sempre benévolo sempre abraço de união,
expondo suas fotos, dos versos... Professor!...

 
Memória que realça inda ativada,
humano, simplicidade enraizada.
O Papa que referi aqui presente!
Pimentel, baluarte, relicário...
Ao ídolo, salve, salve centenário!
Orgulho: Miracema, Niterói... Desta, sua gente.

 

 
29/março/1912
     
José Pais de Moura Simões

 


 

Belvedere Bruno e Angela Gemesio

 

 

 

 
As recepcionistas japonesas
Larissa Mitie yui e Nicia Tanaka 

 

 

Luis Antônio Barros, Carlos Rosa e Gracinda Rosa

 
Glória Blauth, Pimentel e Hana Hamalho

 

 

Tela pintada pelo saudoso Miguel Coelho
Luis Antonio Pimentel - Tuba
Alaôr Scisinio - Sax
Paulo Roberto Cecchetti - Bateria
Miguel Coelho - Piano

 

 

 


 
Pimentel escrevendo haicai para a acadêmica
Anna Tedeschi, uma relíquia

 
Anna Tedeschi recebe um haicai de Luis Antônio Pimentel

 
 Silvinha Junqueira e Luis Antônio Pimentel

 
Glória Blauth, Pimentel e Jenaina Presidente e
Secretaria da Bibilioteca de Niterói

 
Alberto Araújo - Mediador do Focus
e Luis Antônio Pimentel 

 
Luís Pimentel e a Artista Plástica Shirley Araújo 

 
Cecchetti e Glória Blauth
duas personalidades que Niterói tem orgulho,
seus trabalhos em prol a cultura fluminense
são incansáveis

 

 

 

 
O Trio Azymuth
animou o grande evento 

 
Azymuth é um trio brasileiro de diversas influências. Suas canções são "fusion" de forte personalidade em suas músicas. Fundado em 1970 no Rio de Janeiro.

 


 
Cecchetti, Sávio, Larissa, Pimentel e Nicia Tanaka

 

 

Lívia Malheiros (esposa do Alex da Azzimuth)
Tereza Melo - escritora e interprete
Beveldere Bruno - jornalista e escritora
Carlos Rosa, Shirley Araújo e Gracinda Rosa

 
Márcia Pessanha (presidente da ANL) e Pimentel 

 
Luiz Augusto e Márcia Erthal
Proprietários da Editora Nitpress
dois grandes incentivadores e apoiadores da cultura fluminense
acesse o blog: http://blog.nitpress.com.br/



EU ESTIVE LÁ E CLIQUEI TUDO...

 
7 comentários:
  1. Grande cobertura, Alberto!

    Parabéns!

    Admiro seu trabalho com o Focus!

    Abraços
    ResponderExcluir
    Respostas
  2. Alberto, mais uma vez: OBRIGADO!
    P.R.Cecchetti / Curador da expo
    "Luís Antônio Pimentel - 100 anos em foco"
    ResponderExcluir
  3. beleza de trabalho! parabéns!
    belvedere
    ResponderExcluir
  4. Maria das Graças Carvalho - Niterói - RJMar 23, 2012 01:53 PM
    Muito bom o trabalho do Cecchetti, ele sempre nos surpreende, ficou uma maravilha a exposição, linda, um sucesso mesmo, Parabéns. Maria das Graças Carvalho - Niterói - RJ
    ResponderExcluir
  5. Paulo Maia - Niterói - RJMar 23, 2012 02:23 PM
    Que homenagem linda, que presente hein Pimentel, pelo que sei será uma semana de eventos dedicados a você,já vi pelos outdoors na cidade. Parabéns - Prof.Paulo Maia
    ResponderExcluir
  6. Arnoldo Wiecheteck – escritor e poetaMar 23, 2012 03:55 PM
    Caro amigo Alberto:

    Obrigado pela mensagem sobre o poeta Luiz Antonio Pimentel, e sua remessa.
    Visitei seu blog e gostei da sua apresentação no perfil, em que o tema é a FÉ, onde
    o amigo citou tanta verdade, com clareza, simplicidade e compreensão. Sigo muito essa verdade, no momento, só consigo orar pelos próximos, que necessitam de amparo e muitas vezes nem sabem pedir ao Todo Poderoso um acalento, desconhecedores da lenitiva FÉ.

    Um abraço amigo

    Arnoldo Wiecheteck – escritor e poeta

    Responder"

    (http://poetalbertoaraujo.blogspot.com.br/2012/03/luis-antonio-pimentel-100-anos-em-foco.html)

     

     

     

    ===

     

     

     

    "Que é um haicai?  

    É o cintilar das estrelas  

    num pingo de orvalho"

     

    Luís Antônio Pimentel

     (http://w3.ufsm.br/revistaideias/Arquivos%20em%20PDF%20rev%2022/a%20menor%20forma%20poetica%20do%20mundo.pdf)