[Maria do Rosário Pedreira]

Uma colega editora passou-me um artigo muito interessante – e assustador – sobre os números de 2012 em Espanha em matéria de vendas de livros (julgo que do jornal ABC). Fiquei deprimida: não só aquilo que safou o mercado é de um nível confrangedor (nem vale a pena citar títulos, porque são os mesmos em todo o lado) como já nem os livros médios (Isabel Allende ou Antonio Gala, por exemplo, que eram best sellers assumidos) ultrapassam os 2500 exemplares em três ou quatro meses – e estamos a falar de um país com cerca de 40 milhões de habitantes... Esta razia, se ainda cá não chegou, deve colher-nos em 2013 e mandar-nos ao tapete – e, além dos naturais constrangimentos (melhor nem pensar nisso), a situação aborrece-me especialmente porque, desde que comecei a trabalhar na LeYa, não tive nenhum ano que fosse literariamente tão rico como o que se avizinha. Pois é, pela minha mão, passam neste momento as páginas de muitos romances extraordinários – alguns de mulheres, para quebrar a rotina, e já não era sem tempo! E não consigo deixar de pensar na injustiça que é conseguir juntar tanto livro bom e tanto talento num só ano e saber que esse ano vai ser, infelizmente para quase toda a gente, de contenção, quando não de penúria. Quero, por isso, perdendo completamente a vergonha (mas é por uma boa causa), pedir que se guardem (ou que guardem uns trocos) para algumas obras que porei à vossa disposição em 2013 – para começar, O Ano Sabático, de João Tordo, que será o meu primeiro lançamento deste ano. Aos poucos, falarei de cada uma das obras em pormenor – e juro não juntar muitas no mesmo mês para vos facilitar a vida. Fiquem atentos.