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                       Teresina é fruto de dois movimentos políticos que agitaram a província do Piauí durante meados do século XIX. Um na vila do Poti, capitaneado pelo vigário Mamede Antônio de Lima, visando transferir a sede municipal para terreno mais plano, arejado e salubre, a fim de fugir de doenças que atacavam a população ribeirinha por aqueles dias; outro, liderado pelas autoridades provinciais, desde o segundo governo da capitania, de Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, passando por Dom João de Amorim Pereira e José Antonio Saraiva, visando retirar a capital do Piauí, do árido sertão para ponto mais estratégico. Então, a ideia abraçada pelo presidente Saraiva, uniu-se ao sonho do padre Mamede, resultando na fundação de uma nova cidade, que recebeu o nome de Teresina, homenagem à imperatriz Teresa Cristina.

De imediato, a nova cidade sediou a vila do Poti e a capital da província. A fundação foi oficializada em 16 de agosto de 1852.

Portanto, Teresina já nasceu predestinada a comandar, a ser o centro político, econômico e social do Piauí. Fundada na Chapada do Corisco, entre as matas ciliares do Parnaíba e Poti, mais tarde receberia o codinome de cidade verde, pelo poeta Coelho Neto. Verde, esperança de novos tempos, logo arrebataria de Caxias a preponderância do comércio no médio sertão do Piauí e Maranhão, cumprindo, assim, outro de seus objetivos.

É a primeira capital planejada do Brasil, sendo também a primeira cidade construída em traçado geométrico.

Por sua posição geográfica, é uma cidade mesopotâmica, situada entre os rios Parnaíba e Poti, que se abraçam formando o parque Ambiental Encontro dos Rios, na antiga vila do Poti, hoje bairro Poti Velho, anexado à nova cidade, com seu crescimento, em meados do século passado. Como paisagens naturais, pode-se citar ainda, o Parque Zoobotânico e a floresta fóssil do Poti. Como não poderia deixar de ser, em seus rios habitam lendas, como a do Cabeça de Cuia, tão conhecida de nosso povo.

A tradição da gente piauiense está presente em suas comidas típicas, a exemplo do baião-de-dois, da maria-isabel, do beiju, do cuscuz e de bebidas como a cajuína, tão nossa.

O labor de seu povo obstinado transformou a pequena cidade de Saraiva numa metrópole com moderno e complexo centro de saúde, que atrai pacientes de todas as partes do norte e nordeste do Brasil. É, também, um atraente centro de negócios.

Teresina hoje tem hotéis que não deixam a desejar, centros culturais e educativos, modernos shopping centers e tudo o que há no mundo moderno. Mas não podemos deixar de lembrar do velho Troca-Troca, mercado de escambo da população local, onde dinheiro não entra, apenas a troca de mercadorias e produtos.

É esta a cidade em que cheguei ainda na adolescência, vindo do sul do Estado. E aqui construí a minha vida: estudei, me iniciei em muitas coisas, namorei, casei, lutei, exerço a minha profissão, amealhei alguma coisa, plantei árvores, constitui família, fiz amigos e escrevi livros. Sinto-me à vontade, é a minha casa. Amanhã a cidade me reconhecerá, outorgando-me a sua comenda maior, com o nome do fundador. Obrigado Teresina.

(Meio Norte, 15.8.2014)