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Félix Pacheco

Cerca-te a nobre fronte uma auréola bendita,

Na nostalgia azul dos teus olhares leio

Uma Balada atroz com Lágrimas escrita.

És para mim, ó Mãe, o vigoroso esteio

Que sustenta de pé a velha e augusta Cripta,

A colunata de oiro erguida em frágil seio,

Para amparar a Torre Astral dos Meus Cismares,

E impedir que ela tombe, em pó desfeita, em ruínas.

A tua voz espalha, em ondas, pelos ares,

Suaves, doridos sons de aflitivas surdinas,

Enchendo o Oceano, enchendo os Céus, enchendo os Mundos

Como um Réquiem cantado através de neblinas.

Vieste para extinguir os tormentos profundos!

Vieste para apagar as velhas cicatrizes,

Para descortinar o Céu aos moribundos!

Vieste para aliviar a Dor dos Infelizes!

Vieste para espancar as Traves de Minh’Alma,

Para arrancar à Dor as rígidas raízes!

Arcanjo de asa branca e protetora espalma,

Emissário de Deus, ó Mãe, tu me trouxeste,

Como uma Bênção do Alto, a esplendorosa calma.

Abrandas a Agonia, exterminas a Peste,

Escravizas o Leão ao teu olhar piedoso,

E o Corvo teme, e o Tigre, a alvura que te veste.

Arcanjo, Santa, Lírio, Estrela, Sol glorioso,

Filtro que os Corações Humanos fortalece,

Tamareira que ensombra o deserto arenoso,

Mater! Suprema Força! Acolhe minha prece!

Félix Pacheco (José F. Alves P.), jornalista, político, poeta e tradutor, nasceu em Teresina, PI, em 2 de agosto de 1879, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de dezembro de 1935.