Fliporto 2012:"Dá gosto de ver"
[Dílson Lages -  da Fliporto 2012]
 
OLINDA - A 8a. Feira Literária Internacional de Pernambuco, uma das maiores feiras literárias do país, foi aberta na noite de quinta-feira, 15, com show de Maria Bethania, em Olinda-PE. Em sessão especial para 400 pagantes e 500 convidados, a cantora apresentou-se inspirada no disco "Oásis de Bethania". Muitos dos presentes na Praça do Carmo, a principal da cidade, acompanharam o show em telão do lado de fora da gigantesca tenda armada para os Congressos Literários.
 

Show de Bethania
 
O  festival impressiona pela diversidade da programação. Além dos tradicionais seminários com figuras de destaque nacional e internacional, em mesas-redondas por todo o dia, os participantes se dividem em palestras simultâneas e democráticas. Algumas, organizadas pela UBE-PE; outras, pela Academia de Letras de Pernambuco. Além dessas palestras, tem-se a oportunidade de integrar programação especial acerca do mercado do livro digital,  de participar de seminários sobre os ofícios literários, de ouvir apresentações sobre publicações acadêmicas, de somar-se às discussões sobre as experiências de publicar e ser lido em espaço organizado pelo Site e Editora  Casa do Autores. Acrescente-se a esses eventos, saraus literários, programação especial para crianças, música da melhor qualidade por todo o canto.
 
O homenageado de 2012 é o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, cujo centenário de nascimento se comemora neste ano. 
 
 
Silvio Meira, Robert Darnton e Cory Doctorow - O primeiro congresso literário da Fliporto uniu três vozes antenadas no destino do livro. O passado, o presente e o futuro do livro foram discutidos com empolgação para uma plateia atenta e participativa, na manhã da sexta-feira, 16.  O pernambucano Silvio Meira, que pesquisa sobre o texto no meio digital; o novayouquino Robert Darnton, que é célebre professor universitário e diretor da Biblioteca de Harvard, e o também norte-americano Cory Dactorow, ativista da liberdade de expressão na internet,  fizeram um levantamento das pespectivas do livro na pós-modernidade e discutiram  o novo papel do autor neste cenário. 
 
Darnton pronunciou apaixonadas palavras sobre o passado do livro impresso com o propósito de discorrer a respeito do processo de democratização da leitura pela Internet. Ele apontou como grande obstáculo para isso a lei de direitos autorais. "A maioria dos livros publicados no século 20 estão indisponíveis para serem compartilhados. Nosso desafio é mudar a legislação para conseguir colocar à disposição ao menos aquelas obras esgotadas", defende, esclarecendo que essa ação não alcançaria livros ainda no mercado.
 
Para Meira, a expansão do mercado do livro digital em países como o Brasil pode significar uma oportunidade ímpar para assegurar a democratização do saber. Ele lembra que os indicadores de leitura no Brasil são lamentáveis em se observando que, dos 5000 municipios brasileiros, 4500 não contam com livrarias. Para ele, os grandes inimigos do livro não é a internet, nem o livro digital, mas o videogame, a mobilidade e as redes sociais que estariam diminuindo as horas de leitura.
 
Para acompanhar a mesa-redonda a plateia teve acesso a equipamentos de tradução simultânea.
 
E-porto party - Uma programação específica para discutir o universo da leitura e o livro no mundo digital. Esse é eixo temático focalizado no espaço e-porto party, que abrigou, na Biblioteca Pública de Olinda, interessados em compreender e discutir o mercado do livro digital. Em cursos e oficinas, os participantes obtiveram informações sobre ferramentas e processos editoriais do mercado do livro digital, além de pensarem em questões filosóficas e práticas  do novo cenário que se desenha para o livro e para a literatura. Entre os ministrantes de palestras, cursos e oficinas, neste espaço, no dia 16,  Ednei Procópio, autor de O livro da Era digital (Giz Editorial) e a curadora da Wikipedia no Brasil, Oona Castro. No mesmo espaço,o professor  Robert Danrton, às 19 horas,  discutiu a verdadeira origem dos blogs.
 
Ednei Procópio fez um passeio pela cadeia editorial do livro antes e depois da internet. Segundo ele, o mercando do livro está sendo radicalmente modificado pela internet. Nesse contexto, "a figura do escritor passa a ser mais central, embora o e-book ainda não se tenha consolidado no mercado". O autor, agora, não apenas escreve, mas também publica, divulga e comercializa o próprio livro. "Com midias digitais concorrendo diretamente com o livro, este dever estar também numa tela", pontua, esclarecendo que a discussão que se realiza sobre o texto em formato impresso é econômica. "Lamento, mas o livro impresso acabou, por uma questão econômica", conclui.  
 
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Na foto, abertura do Congresso literário, Silvio Meira, Robert Danrton e Cory Doctorow