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PERDA DE MIM MESMA
 
  A perda de mim mesma me faz sofrer..

  Houve um curto tempo que trabalhei numa Seção do Ministerio
  da Saúde, na Av. rio Branco.
  Ali, era minha colega uma pintora chamada ANABELA.
  Anabela morava num apartamento no Leblon, perto de Ipanema,
  mas tinha familia no Suburbio - e não me lembro qual...
  Um dia, ela me pediu para posar para ela.
  Fui buscar emprestado, um sari (peça de pano de 5 a 7 metros
  que é enrolada com uma volta na cintura e a ponta jogada pelo
  ombro esquerdo ou sobre a cabeça como um véo - naturalmente,
  indiana) - naquela época eu ainda não fora à India, e não sabia
  se o destino me levaria lá....
  Na minha mocidade, eu tinha duas coisas bonitas: os seios e o
  traçado da boca; por isso ficou combinado que eu posaria com
  os seios nús e o sari como véo sobre a cabeça - o sari´era
  vermelho sulferino.
  Algo etranho aconteceu: uma tarde, fui visitar minha amiga espirita
  Esther Calderon, na sua rica mansão na rua Francisco Otaviano
  em Copacabana.  Estávamos na biblioteca conversando, quando
  Esther disse: - Clarisse, você está crescendo...  Aos olhos dela
  de vidente, eu estava me expandindo...Esse fenômeno, entre os
  espiritas, tem o nome de Expansão do Eu.
  Pois bem... sem se dar conta, a pintora Anabela, foi pintando uma
  figura maior do que eu...  no quadro, eu não estou no meu tamanho
  natural... sou miuda, tenho 1,51m.
  Bom, a minha chefe era terrivel; saí do emprego.  Minha mãe
  estava horrorisada com o quadro e não me dava dinheiro para eu
  compra-lo.  Anabela estava sempre chorando miseria e acabei
  por saber que ela havia se separado do marido e fora para o suburbio.
  Fazem anos, e eu nunca mais soube do paradeiro desse quadro.