IV

CIBELE SE DEPARA COM
O CHEIRO HORRÍVEL
DO BASILISCO TERRÍVEL

Depois de se disfarçar e de se enfeitar,
adonando-se invisível do corpo terreno
de Almandina Rubirosa Cristina
do Instigante Olhar,
a diva Cibele Gisele Ducéu e Dumar,
pelas ruas da Tijuca Guerreira
e das Maravilhas Sem-Par,
em uma mágica quarta-feira,
resolveu passear,
deveras contente,
acompanhada evidentemente
per seus oito Leões-de-Chácara
invisíveis,
provenientes da Ilha de Madagascar.
Anteriormente,
ao sair de casa para passear,
a Cibele, coitada!,
não muito acostumada
com os imprevistos vivenciais
do Novo Tempo Assinalado,
não pode imaginar
o que iria encontrar.
Se aquela mulher fascinante
de aura faiscante
fosse realmente
a Sacerdotisa
Almandina Otomante
De Mente Brilhante,
por certo!,
teria receio do terribilíssimo azar,
e não se atreveria a andar
pelas ruas da Cidade Escura
e Vazia,
em plena noite fechada
esfumada
e de muita magia.
Mas a verdade anteriormente
já vos foi relatada!
Aquele corpo feminino vivente,
naquele momento diferente,
já não pertencia
a Almandina Rubirosa
Brilhante Otomante De Mente.
O tal corpo feminino iluminado,
naquele intervalo de tempo do passado,
pertencia deveras,
e com muito penhor!,
à mitológica Deidade do Afamado
Veículo Veloz Voador.

A Cibele Gisele Romanelli
passeava enlevada
pelas ruas da Tijuca Heroicizada
em plena madrugada
de inverno inclemente,
encantada e agitada,
impaciente,
mas muito bem protegida,
certamente!,
quando os seus oito Invisíveis
Leões Valentões pararam,
os ouvidos e narizes apuraram
e o perigo iminente farejaram.
A ameaça se manifestava
através de um cheiro medonho
de corpo sem banho
que por ali se espalhava.
O fartum era tanto
que a Deidade Cibele
Gisele Romanelli
do Antigo Misterioso Acalanto
não pode conter seu espanto.
A Cidade, a Deidade
já há muito sabia!,
aos poucos estava a perder
seu encanto e alegria,
pois um terço de seus habitantes
cantantes vibrantes
na mais extrema miséria vivia.
Debaixo de viadutos e pontes,
e nas íngremes
e tortuosas
e estranhas ruelas
de seus diversos montes,
aquela pobre população se escondia.
A comida era escassa, sem graça!,
e água farta não havia;
o que realmente existia
era uma grande terrível agonia.
Os ex-governantes
dos tempos passados
não se preocuparam
com as vidas sofridas
daqueles pobres coitados.