O  JOGO NO JARDIM 

  Liu Sung foi para o terreno de Li Wang. 
  Se sentaram em bancos de madeira, diante 
  do tabuleiro de jogo de bloquinhos de marfim; era 
       uma espécie de xadrez artistico, com 
       trabalho mental. 

  Como o jogo era lento, dava para conversar, que 
   era o que mais gostavam os amigos, de fazer. 

 - Então, amigo Liu Sung você contempla o painel 
   anterior do jardim? 
 - O painel se realiza sem os raciocinios de nossa 
   Contemplação, que se faz aos bocados... 
 - Os bocados não se coadunam com a Eternidade. 
 -  Li Wang, o perfume do jasmineiro expande nosso 
    pensamento que não se prende como no momento 
    de tomarmos chá com jasmin seco. 
 

 Com seus dedos longos, Li Wang moveu uma pedra 
 do jogo - e contemplou a jogada com um sorriso 
 de alegria e paz. 

  Liu Sung soprou  uma longa tragada de 
  cigarro - e ficou contemplando a fumaça se diluir 
  no ar, sobre as plantas do jardim. 

  A criada de Li Wang trouxe um bule de chá e 
  derramou nos potinhos com tampa para conservar 
  por mais tempo a quentura da infusão. 

  Os dois amigos estavam extáticos diante da nature- 
  za com as flores,  os pássaros e insetos que a 
  sobrevoavam. 

  O segredo dessa conversa, eram as pausas entre 
  os pensamentos formulados pelo raciocinio pro- 
  veniente da contemplação. 

  - Liu Sung contemplação e conversa, jogo e chá, e 
    o Verdadeiro Estado que é a Impermanencia 
     mantida pela Paz da Alma...