[Clarice de Oliveira]

                A casa era grande, tinha uma escada de ferro, com  corrimão forrado de madeira.
                O assoalho, de longas tábuas de "madeira de Lei.
                Ali, morava um casal com uma filha de seus 20 anos...   cuja saúde frágil, lhes trazia muita preocupação.
                Essas pessoas, faziam reuniões semanais de Espiritismo.
                Angélica, a filha frágil, tinha um cabelo castanho claro,    que ela repartia em duas tranças caidas sobre seu colo - seus olhos eram castanho-dourados e sua boca  pequena.
                Um cãozinho peludo, branco, de porte pequeno, era sua grande distração: levava-o a passear, acompanhada por                uma criada mestiça de india e africana.
                Nas reuniões, os instrutores espirituais avisavam o pai de  Angélica, que a missão da jovem na Terra, era pequena e   preparavam a familia para em breve, sofrerem sua separação.
                E realmente, logo surgiu uma pneumonia que iria abrir caminho para uma tuberculose.
                Foi então, que chamaram um jovem médico, recém formado  na França, para ver Angélica.
                O médico, que se chamava Albert, era de temperamento doce    e sonhador, o que influiu muito no sentimento romantico e   espiritualista da jovem                Esboçou-se uma atração romantica entre Angélica e Albert...
                A familia notou, mas, como faziam para a moça a realização  de todos os seus desejos, não impediram o namoro entre o   casal - naturalmente fazendo ver a Albert, que havia permissão
                e contentamento num casamento...  mas, Albert, ja havia percebido   que a saúde da jovem, poderia vir a trair, toda felicidade na Terra.
                O casal de namorados, saía a passear, pelas praças e jardins   da cidade do Rio de Janeiro, lá pelos Anos do começo de 1900.
                Como tinham uma certa liberdade para os seus encontros, se   aventuraram pelas florestas e parques havidos em torno da Cidade.
                A vida mais livre entre os franceses, principalmente em Paris, levou    a conduta de Albert no seu namoro com Angélica, um pouco mais
                audaciosa para o que a moça sonhara para um noivado - mas, com   medo de perder o namorado, foi cedendo, até o latejar do sangue              que se deixava levar pelo impulso da paixão... dái, ao desejo do
                sempre "o mais", e também o Desejo de qual dos dois poderia dominar a relação amorosa, após o Climax "de qual era o mai forte",   uma Ansiedade constante, habitava o corpo da moça, mesmo sem    provar o que muito ainda existia para usufruir do quanto a Paixão   pode levar a ansiedade de um corpo que lateja...
                Albert, teve que viajar com a familia para a Europa... estiveram em    paises de idioma latino, como Portugal, Italia, o que mais encantou
                Albert na sua liberdade de rapaz ... até a Espanha, na dança com   as castanholas que a bailarina fazia estalar como um convite para
                maior sensualidade...
                Contemplando o Luar do Bairro de São Cristovão, no Rio de Janeiro,                Angélica se perguntava o que deveria fazer com as raizes da Vida...
                A Existencia na Terra, parecia o debrum de um imenso Deserto...
                ela olhava aquele Infinito de Areia, que ela queria gozar rolando   na terra, na areia, entre as ramagens das caichoeiras nas Florestas
                que circundavam o Rio de Janeiro, e o mais que conseguia, era um   imenso desejo... apenas isso... um imenso Desejo...
                O Silencio era a única resposta... até seu corpo ser colocado com   todo Amor e Carinho dentro de um esquife branco como a pureza  das Virgens que muitas vezes têm mais potencia na sensualidade  do que muito prostituta de rua...