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As aventuras de Circe Irinéia, 15


VIII

E CIRCE SE LEVANTA PARA O CAFÉ DA MANHÃ

Depois do instigante sonho,
sonho reanimado no diferente Sonhado,
com o Sapinho Feioso,
anteriormente, Fermoso,
um Príncipe muito Valente;
no Glorioso Passado,
um Príncipe Praláde de Influente,
um destemido, um ousado
que fora amaldiçoado
por uma Bruxa Demente,
por ver seu amor recusado,
a Circe se pôs a pensar,
remexendo o cogitar:
por que a estória de fada,
de seu tempo de criança,
entrou, sem pedir licença,
com pressa e sem detença,
na sua primeira aventura
de um Sonho de Incomum Andança,
após a incrível loucura
pelo Portal Sem-Igual?
E repetindo a questão,
por certo!, bem insistente,
a Circe, com lentidão,
foi refazendo o refrão:
Por que a história do Sapo
foi a sua primeir’aventura,
depois da incomum passada
pelo Portal Sem-Cesura?,
perguntou-se intensamente
a Circe Remotivada,
repleta de suave ternura
e muito et cetera e tal.
E com os pensamentos rolando
em sua mente ativada,
a Circe se levantou
daquela caminh’alada,
cedida, com muito agrado,
por Vênus Madrinha Fada
e a manhã a saudou, com louvor,
naquela Terra Sonhada,
e o Carro de Apolo Cantor
já passava em disparada
pelos domínios do Quirão,
um Rei forte e bonitão!,
o Fermoso Malaquia,
marido da Rainha-Fada,
a Idéia Lúcia Luzia
da Longa Cabeleir’Alada,
uma cabeleira indomada,
com lacinhos, muit’ornada!,
lacinhos bem bonitinhos
de fitinha prateada,
que àquela hora do dia,
o Fermoso Malaquia,
montado em uma Estrela-Guia,
viajava para o Norte,
conduzindo um rebanho de nuvens de alto porte,
umas nuvenzinhas brilhantes,
branquinhas, reverberantes,
em direção ao Santo Monte
avistado no horizonte,
o Monte de Santa Luzia,
local de antiga confraria da dita Fada Consorte,
a Vênus Idéia Luzia
da Santa Luzia afilhada,
ou Idéia Lúcia Maria de Cabeça Coroada.

Por que a Estória Simplória
do Príncipe tão Bello e tão Guapo,
que fora amaldiçoado pela Bruxa do Cerrado,
que o transformara em um Sapo
que jamais seri’amado,
se o mesmo não fosse beijado
por sua Princes’Amada,
aquela qu’estava trancada,
trancada e bem vigiada
por grande e terrível Fera,
no Palácio da Quimera,
fora a primeira aventura,
aventura bem segura,
de sua nova caminhada?,
perguntou-se a Circe Alada,
três vezes!, remotivada,
depois da grande passada
pela Portaria Sonhada,
graças ao aval imortal
de Jano Patulcial
Demiurgo do Portal.