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            [Miguel Carqueija] 

            Em 15 de dezembro de 1966 o mundo foi surpreendido com a notícia do passamento de Walt Disney, então com 65 anos, para a maioria uma morte inesperada e tida como prematura. Afinal, o “mago da tela” encontrava-se em plena atividade naquele ano, tendo produzido muitos filmes e deixado outros em andamento. Em outubro, porém, um exame constatara o câncer de pulmão. Mesmo a extração do tumor (noticiado na imprensa, curiosamente, como um “abcesso pulmonar”) não resolveu, pois o mal, ao ser descoberto, já estava muito adiantado. Disney recebeu alta e ainda voltou ao estúdio em novembro, mas uma recaída o levou de volta ao hospital, onde veio a falecer.

            Houve comoção mundial e até mesmo a imprensa soviética (levando em conta que ele nunca foi bem visto pelas esquerdas) o homenageou. De fato poucos falecimentos provocaram comoção semelhante: John Keneddy, Marilyn Monroe, João Paulo II, Elvis Presley, Ayrton Senna. Disney era muito amado pelas gerações. Eu o estimava demais e, de certa forma, busquei em minha vida seguir os seus passos.

            Até hoje, Walt Disney é um dos assuntos mais comuns na mídia e o seu baú até hoje não foi esgotado. Talvez ninguém tenha deixado tantas obras póstumas em potencial, e de 1967 para cá muitas vieram à luz. A última de que eu tenho notícia é “Frozen” (2013), adaptação do conto de fadas “A Rainha da Neve”, de Hans Christian Andersen, e que Disney já pretendia filmar em 1943, segundo informações colhidas na internet. Isso aliás não é de espantar: dificilmente um conto de fadas famoso como esse não estaria nas cogitações do produtor, mas o projeto original é dele. Com certeza, quando não se está mais vivo perde-se o controle e é difícil imaginar como teria sido uma versão que Walt supervisionasse pessoalmente e na íntegra, ou quanto seria diferente da versão definitiva que John Lasseter finalizou: mas a participação pessoal de Disney na gênese do projeto o torna também um dos autores, até porque cinema é trabalho de equipe.

            Porém o baú está longe de esgotar. Entre os projetos deixados por WD, um deles me parece muito especial: uma versão animada do Dom Quioxote de Cervantes. Quando a veremos?

            Segue uma pequena relação de películas produzidas por Walt Disney ao longo dos anos (são mais de 700):

 

O barco a vapor Willie (1928) com a estréia de Mickey

Dança dos esqueletos (1929)

Os Três Porquinhos (1933)

A galinha sábia (1934) – estréia do Pato Donald

O time de polo do Mickey (1936) – participação de Chaplin em desenho animado

Branca de Neve e os sete anões (1937) – primeiro longa de animação de WD

O velho moinho (1938)

Pinóquio (1940)

Fantasia (1940)

O dragão relutante (1941)

Canção do Sul (1946)

A lenda do cavaleiro sem cabeça (1949)

A ilha das focas (1949) – primeiro documentário natural de WD

A ilha do tesouro (1950) – primeiro filme de ação viva sem desenhos

Cinderela (1950)

Alice no País das Maravilhas (1951)

Peter Pan (1952)

O drama do deserto (1953)

Vinte mil léguas submarinas (19540 – marcou a minha infância

A dama e o vagabundo (1955)

A bela adormecida (1958)

Pollyanna (1960)

O professor distraído (1961)

As três vidas de Thomasina (1963) – verdadeiramente maravilhoso

Mary Poppins (1964) – inesquecível

Aquele gato danado (1965)

Sigam-me, garotos! (1966)

 

OBRAS PÓSTUMAS

 

Mowgli, o menino-lobo (1967)

O fantasma do Barbanegra (1967)

O show do aniversário de Mickey Mouse (1968 – compilação com imagens de Disney)

Aristogatas (1970)

Pateta, o superatleta (ou pateta nas Olimpíadas) (1972) – colagem de desenhos esportivos com o Pateta, da década de 40

Jubileu de aniversário de Mickey Mouse (1978) – coletânea

A pequena sereia (1989) – projeto dos anos 40

Fantasia 2000 – ao filmar “Fantasia” em 1940, Disney planejou uma continuação

Walt Disney, o homem por trás do mito (2001) – documentário realizado pela família do cineasta, com amplas imagens de Walt e suas obras

Frozen (2013) – projeto dos anos 40.

 

Rio de Janeiro, 26 de novembro de 2016.