[M. T. Piacentini]

-- Vide. Essa expressão é usada amiúde, como imperativo do verbo ver. Ex.: Vide rodapé; vide página 13 etc. Pergunto se o correto não seria vede e em que hipótese devemos usar o vide acertadamente. Aparecido Ladislau Favini, Campo Mourão/PR


Usa-se vide quando se quer remeter alguém a um livro, capítulo, página ou trecho diferente do que se está vendo. Abrevia-se v. ou V. – inicial maiúscula quando no início da frase.


O imperativo do verbo ver de fato é vede, que se refere a vós, pronome raro no Brasil, o que talvez explique a preferência pelo latim “vide”. Melhor seria usar ver ou veja, por exemplo:


Veja pág. 10.
Ver bula.
Ver referência no final do capítulo.


--- Gostaria de saber se a palavra barato, referente a preço, tem feminino; por exemplo, a roupa é barata. Wagner de Jesus Baptista, São Paulo/SP


O adjetivo barato tem o feminino barata, sim. E tem plural. Ou seja, flexiona em número e gênero quando qualifica um substantivo na sua proximidade [exemplos 1 e 2] ou em frases com verbos de ligação, dos quais ser e estar são os principais [exemplos 3 a 6]. O mesmo vale para o adjetivo “caro”:


1) Eles levam uma vida barata.

2) Encontraram diversões baratas na cidade.

3) A roupa é muito barata nos nossos estabelecimentos.

4) Os pãezinhos estão cada vez mais caros, quando deviam ser baratos.

5) As viagens internacionais ficaram mais caras com o aumento do dólar, o que não significa que as nacionais estejam mais baratas.

6) Com a redução do IPI, os carros podem ficar mais baratos.


Barato só não flexiona (permanece no masculino singular) quando é usado adverbialmente, isto é, junto com verbos que não sejam de ligação, como custar e sair:


A roupa custa barato, mas os móveis custam caro.

Os tapetes saíram barato; as aulas afinal saíram caro.

O candidato promete que os itens da cesta básica custarão mais barato.


--- A expressão “por si só” é usada sempre no singular ou deve também ser flexionada no plural? Por exemplo: as provas apresentadas, por si só, não foram suficientes para caracterizar o dano. Caroline de Souza, Florianópolis/SC


Deve-se pluralizar a expressão de acordo com o substantivo em referência. Quando reforça o pronome si (que serve para singular e plural), a palavra  tem valor adjetivo e é portanto flexionável. É como se disséssemos “a ação por si mesma, as provas por si mesmas, os fatos por si próprios”. Alguns exemplos:


Os fatos por si sós recomendam a punição do infrator.

Essas medidas por si sós resolverão o caso.

As provas apresentadas, por si sós, não são suficientes para caracterizar o dano.


--- O que significa a expressão (sic) presente em diversos artigos de jornais e revistas? D. P. B., Rio de Janeiro/RJ


O termo sic – advérbio latino que quer dizer “assim” – é usado entre parênteses depois de qualquer palavra ou frase que contenha um erro gramatical ou um dito absurdo que o redator quer deixar claro que não é dele, mas sim da pessoa que falou ou escreveu aquilo. Em resumo: ao colocar (sic), você mostra ao leitor que é assim mesmo que estava no original, por mais errado ou estranho que pareça. Mas veja bem, não se deve usar (sic) a torto e a direito. Ao transcrever um trecho que contenha evidentes lapsos de datilografia ou digitação, é melhor consertá-los. A propósito, e para deixar bem claro: somente erros de ortografia podem ser alterados para conserto (e os de grafia antiga para atualização). Se o autor cometeu muitos erros de outra natureza, é preferível não citá-lo, não é mesmo?