Viva o que você prega

 

Antonio Rocha

 

No tempo em que o Mahatma Gandhi (1869-1948) andava pregando pela Índia a libertação de seu país por vias pacíficas e perdoando os ingleses, aconteceu um fato deveras curioso.

 

Havia um menino adolescente que comia muito açúcar, e a característica desse rapaz é que ele gostava muito das propostas do advogado Mohandas Karamchand Gandhi e tornou-se um admirador do líder.

 

Belo dia apareceu no ashram (comunidade tipo um mosteiro) onde Gandhi morava este menino e sua mãe, que solicitou ao líder independentista uma audiência.

 

Afável como era, e atendia a todos, Gandhi entrou numa sala, sentou-se no chão, como fazia, a mãe e o menino também e ela foi logo dizendo.

 

- Gandhiji o meu filho adora o senhor.

 

- E qual é o problema madame?

 

- É que ele come açúcar demais, ele é viciado em açúcar e a família já não sabe mais o que fazer, é demais da conta.

 

“Gandhiji” é uma forma carinhosa que os indianos tem para chamar os amigos e as pessoas que admiramos, respeitamos e afins. Por exemplo posso escrever Dilsonji, Rogelji...

 

Voltando ao Gandhi e seus visitantes. O advogado Mohandas simplesmente falou:

 

- Minha senhora, por favor volte daqui a 15 dias.

 

A mulher agradeceu, levantou-se com o filho e saiu com o menino.

 

Na data combinada voltaram, quinze dias depois. Sentaram-se na mesma sala, na mesma esteira e Gandhi afirmou para o rapaz:

 

- Ô menino, pare de comer tanto açúcar, isso faz mal à saúde ! Tudo que é exagerado prejudica.

 

O jovem agradeceu, disse que faria o esforço porque ele considerava Gandhi um mestre. A mãe, estupefata, perguntou ao libertador de seu país:

 

- E por que o senhor não falou isso quinze dias atrás?

 

- É porque naquela época eu também comia açúcar demais e já estava me preparando para abandonar o vício, assim, a chegada de vocês me ajudou bastante.

 

- No fundo o senhor está certo, é a “força da verdade” que o mestre tanto fala.

 

- Exatamente, senhora, agora eu e seu filho, conscientes de nossa dificuldade nessa glutonice, vamos ter mais energia para evitar o tal açúcar.

 

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Quem quiser saber mais sobre a vida deste singular homem, que era um excelente democrata pluralista recomendo o livro “Mahatma Gandhi – o Apóstolo da Não-Violência”, do filósofo e teólogo jesuíta gaúcho Huberto Rohden. Existem edições antigas, que podem ser encontradas em sebo e publicação moderna.

 

Sobre Gandhi, disse o famoso cientista Albert Einstein: “Futuras gerações dificilmente acreditarão que tenha passado  sobre a face da terra, em carne e osso, um homem como Gandhi”.