Le chemineau


Il s’en va, le front lourd, l’air las, le long d’un mur,
Car il sait que son coeur n’est plus fait pour la joie,
Lui que fuit tout le jour et de peur qu’on ne voie
Sous le faix qu’est le sien, ce qu’il y sent de dur…

Des chants gais e des ris, il n’en a rien, pour sûr!
Le soir a mis sur lui, tel un poids que le broie,
Le deuil de tous les biens, qui le suit, veut sa proie.
Pour lui, plus rien de bon, plus rien que lui soit pur!..

.”Où vas-tu de ce pas? --- Eh bien! je bois la lie!...
Et sa voix n’a plus rien de ce qui fait les forts;
Et sa main, vers de le ciel, a cru voir tous les torts
“Tiens, prends ce peu pain… Quand le mal en ta vie
A mis des pleurs de sang, là-haut, du fond des cieux,
Le Dieu né loin de tous a tout vu dans tes yeux…


O Mendigo

Lá vai ele, o olhar fundo, a lassidão junto à parede a caminhar.
De seu coração a alegria não partilha.
De dia some a fim de que não lhe vejam
O fardo e a aflição em que vive...

No seu viver não há lugar para alegria e risos.
Sobre ele, esmagando-o com seu peso se abateu a noite
Despojado dos seus bens, seu destino segue, sua vítima procura.
Segundo ele, nada de bom e de puro a vida lhe reserva!...

“Aonde vais com tanta pressa? Queres saber? beber a borra fétida!...
Na sua voz de resistência não há mais sinal algum.
Erguida ao céu sua mão só injustiças vislumbra.
“Ei, leve esta lasca de pão... Quando o mal de tua vida
Prantos, se fez sangue, lá nas Alturas, dos confins celestiais
Longe de todos, o Deus nascido em teus olhos tudo viu...!

                                                                                          (Trad. de Cunha e Silva Filho)


Nota do Tradutor:
     Como pode o prezado leitor verificar, os versos do poema se compõem de palavras monossilábica, por exemplo: “Il”, “s’en “, “va, ” “le”, “front.”Daí ter o poeta intitulado a composição de Poèmes monossilabiques.     Entretanto, por impossibilidade de vertê-los nestas condições, o fiz sem esse traço distintivo
     Sobre o autor do poema , até agora, tive dificuldades de obter informações biobibliográficas. Por esse motivo, não coloquei a data de nascimento e de falecimento segundo venho costumeiramente adotando em minhas traduções.
    O pequeno poema foi extraído do volume 1 de La grammaire par la langue, de J. de Matos Ibiapina. Porto Alegre: Editora Globo, 1936, p. 149-150. Esta obra pertencia aos livros de meu pai e leva a assinatura dele na página de rosto. Se por acaso algum leitor de poesia francesa puder me fornecer mais dados sobre Henri Henri Gilères, me prestaria, assim, um grande favor.