SOMOS AINDA HUMANOS?

CUNHA E  SILVA FILHO

        A pergunta  do título deste artigo é dura e vai desagradar  muita gente  que  ainda  defende o mal olhando somente  para  uma  dimensão  de um  tema,  ou seja, não  ultrapassa  o seu  eu, o seu  individualismo  obtuso, o seu    lado  cômodo,  confortável  e suas  próprias  ideias  relativizadas.  Não é certo  nem  coerente tal   posicionamento  diante  do  terror,   que  é  uma guerra  entre  dois  estados  autônomos.   E esta  premissa vale  para  qualquer conflito  bélico, no qual  um  país ou um grupo  terrorista  atacam outro por  motivos religiosos ou ideológicos (caso do Hamas e Hezbolah)   ou um país  invade  a soberania  de  outra nação (caso da Rússia  contra a Ucrânia). Ou mesmo, no mesmo  país  guerras ferozes  se travam  entre  irmãos do   mesmo sangue (caso da Síria, do Congo,  entre  outros   guerras fratricidas.

 

       No caso de Israel  e dos  terroristas( creio que os  judeus   assim  o entendem,  mas  não os palestinos   e  outros   países   que não veem  como  certo   que a  Faixa e Gaza  deva  pertencer  aos  judeus.   O   nó  górdio  envolve os  palestinos   e os  israelenses  (os  judeus). Cada qual tendo suas  própria  versão  do que seja  terrorista  ou  não). Lembro-me agora que uma  jovem escritora  palestina já respeitada  pela crítica   não  pensa  do mesmo  modo que  um  autor   judeu   sobre  quem  está  com a razão: palestinos   ou  judeus?

     É lógico  que  ninguém aceita,   em sã consciência,  que   um massacre  feito  pelo Hamas  durante  um festa    na qual  havia  muitos  jovens   judeus  em  Gaza a barbárie   perpetrada  contra   esses   jovens. Contudo,   é também  verdade que  a escritora   palestina     muito  contrafeita,   declara que  os palestinos   foram   até hoje  hostilizados  duramente   por  Israel,   sobretudo   após  a  imposição,   em  1947,  de  uma área  territorial   que  formaria   o  Estado  de  Israel,  em detrimento  de  uma parte    da Palestina  que  abrangeria  a  Faixa de Gaza. Não queremos mais   ouvir  falar em  Holocausto – essa atrocidade  que   concretizou  o  nazismo  hitlerista.O que faz  lembrar uma advertência  também  aos  judeus:  que  não  se deixem  levar   pelo    ódio  contra  os  palestinos porque seus antepassados bem  sabem  que eles, os judeus,    foram   sacrificados   impiedosamente na  Segunda Guerra Mundial (1939-1945).    

    Ou seja,  os  judeus  foram    pouco a pouco,  invadindo  geograficamente   o Estado Palestino    tomando   terras deste. Desde  a divisão  daquela  parte  do Oriente Médio  feita artificialmente  por  organismos   internacionais, uma forte  inimizade  entre  os dois  povos   surgiu e se mantém  até  hoje.  O curioso  é que,  no  Brasil,   judeus e palestinos    convivem  em  paz, o que demonstra que a questão  entre os dois  Estados   antagônicos   bem  poderia  ser  solucionada, bastando  apenas      haver a  imperiosa  necessidade  de se chegar  - humanisticamente -   e com a ajuda contínua   da diplomacia.

   O curioso  é que,  na Faixa de Gaza,  existe  convívio  pacífico   entre  palestinos,   judeus  e  estrangeiros,   inclusive  brasileiros    descendentes   ou não  de   palestinos   ou de   judeus. A partir da criação  dos  dois   Estados, religiosa  e geopoliticamente  adversários, várias conflagrações ocorreram e a questão  da paz entre  os dois países   ainda  hoje  não foi   resolvida  definitivamente  por  organismos  internacionais   como  a  ONU e o seu  Conselho de Segurança.

    Por  outro lado,   penso que  a paz duradoura  entre   palestinos e judeus  só se dará  quando  as decisões   tomadas  pela  ONU  não passarem  apenas de um    “recomendação”   a fim de que  os dois   países  do Oriente Médio   cheguem a  uma  conclusão  pacífica: são  os entraves    das votações   do Conselho de  Segurança   na qual   estão  envolvidas  países  que   têm  o peso  de veto,  ou seja,  países   que  se  posicionam   contrariamente  a  outros   na questão  dos  prós  ou  contras   para  que uma solução desejável  seja   encontrada.  Cada  um dos  dois povos  têm  seus aliados  que  não  são    no  plano da  geopolítica  mundial,    aliados   entre si. Quer dizer,  por exemplo,  os EUA  são aliados dos judeus,  ao passo que os iranianos são aliados  dos palestinos, sem  se falar   dos grupos terroristas  radicais que tornam   a solução do   problema  ainda mais  difícil. A meu ver,   é preciso  que cada  um dos lados  opostos  faça concessões, i.e., saiba  perder nesse  jogo de xadrez  no qual   o egoísmo  não  prevaleça .

        Cumpre  também  que,  na esfera  religiosa,   cada  um  respeite  a doutrina  do  outro, sem  usar de extremismos  nocivos    para que   os dois  povos   possam   viver  pacificamente. As guerras,    já o disse alhures,  são  inúteis  e só  servem   para destruir   nações    em combate  entre si,  com  prejuízos  enormes  materiais e  humanos  sem  precedentes   para  os países que ainda  teimam   em usar a força   das armas  letais ou mesmo ameaçam  empregar  armas  nucleares  como,   por  vezes,  ouvimos   de porta-vozes da Rússia.  Digo  isto  porque todos sabemos que uma  guerra   nuclear  será fatal   para  o   planeta   Terra. Já o dissera  em  texto  de natureza  apocalíptica  o  grande filósofo e matemático   inglês Bertrand  Russsell (1872-1970) tantas  vezes  por   mim lembrado  sobre  o tema  de uma  guerra   nuclear.