SOMOS AINDA HUMANOS?
Por Cunha e Silva Filho Em: 08/11/2023, às 14H50
SOMOS AINDA HUMANOS?
CUNHA E SILVA FILHO
A pergunta do título deste artigo é dura e vai desagradar muita gente que ainda defende o mal olhando somente para uma dimensão de um tema, ou seja, não ultrapassa o seu eu, o seu individualismo obtuso, o seu lado cômodo, confortável e suas próprias ideias relativizadas. Não é certo nem coerente tal posicionamento diante do terror, que é uma guerra entre dois estados autônomos. E esta premissa vale para qualquer conflito bélico, no qual um país ou um grupo terrorista atacam outro por motivos religiosos ou ideológicos (caso do Hamas e Hezbolah) ou um país invade a soberania de outra nação (caso da Rússia contra a Ucrânia). Ou mesmo, no mesmo país guerras ferozes se travam entre irmãos do mesmo sangue (caso da Síria, do Congo, entre outros guerras fratricidas.
No caso de Israel e dos terroristas( creio que os judeus assim o entendem, mas não os palestinos e outros países que não veem como certo que a Faixa e Gaza deva pertencer aos judeus. O nó górdio envolve os palestinos e os israelenses (os judeus). Cada qual tendo suas própria versão do que seja terrorista ou não). Lembro-me agora que uma jovem escritora palestina já respeitada pela crítica não pensa do mesmo modo que um autor judeu sobre quem está com a razão: palestinos ou judeus?
É lógico que ninguém aceita, em sã consciência, que um massacre feito pelo Hamas durante um festa na qual havia muitos jovens judeus em Gaza a barbárie perpetrada contra esses jovens. Contudo, é também verdade que a escritora palestina muito contrafeita, declara que os palestinos foram até hoje hostilizados duramente por Israel, sobretudo após a imposição, em 1947, de uma área territorial que formaria o Estado de Israel, em detrimento de uma parte da Palestina que abrangeria a Faixa de Gaza. Não queremos mais ouvir falar em Holocausto – essa atrocidade que concretizou o nazismo hitlerista.O que faz lembrar uma advertência também aos judeus: que não se deixem levar pelo ódio contra os palestinos porque seus antepassados bem sabem que eles, os judeus, foram sacrificados impiedosamente na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Ou seja, os judeus foram pouco a pouco, invadindo geograficamente o Estado Palestino tomando terras deste. Desde a divisão daquela parte do Oriente Médio feita artificialmente por organismos internacionais, uma forte inimizade entre os dois povos surgiu e se mantém até hoje. O curioso é que, no Brasil, judeus e palestinos convivem em paz, o que demonstra que a questão entre os dois Estados antagônicos bem poderia ser solucionada, bastando apenas haver a imperiosa necessidade de se chegar - humanisticamente - e com a ajuda contínua da diplomacia.
O curioso é que, na Faixa de Gaza, existe convívio pacífico entre palestinos, judeus e estrangeiros, inclusive brasileiros descendentes ou não de palestinos ou de judeus. A partir da criação dos dois Estados, religiosa e geopoliticamente adversários, várias conflagrações ocorreram e a questão da paz entre os dois países ainda hoje não foi resolvida definitivamente por organismos internacionais como a ONU e o seu Conselho de Segurança.
Por outro lado, penso que a paz duradoura entre palestinos e judeus só se dará quando as decisões tomadas pela ONU não passarem apenas de um “recomendação” a fim de que os dois países do Oriente Médio cheguem a uma conclusão pacífica: são os entraves das votações do Conselho de Segurança na qual estão envolvidas países que têm o peso de veto, ou seja, países que se posicionam contrariamente a outros na questão dos prós ou contras para que uma solução desejável seja encontrada. Cada um dos dois povos têm seus aliados que não são no plano da geopolítica mundial, aliados entre si. Quer dizer, por exemplo, os EUA são aliados dos judeus, ao passo que os iranianos são aliados dos palestinos, sem se falar dos grupos terroristas radicais que tornam a solução do problema ainda mais difícil. A meu ver, é preciso que cada um dos lados opostos faça concessões, i.e., saiba perder nesse jogo de xadrez no qual o egoísmo não prevaleça .
Cumpre também que, na esfera religiosa, cada um respeite a doutrina do outro, sem usar de extremismos nocivos para que os dois povos possam viver pacificamente. As guerras, já o disse alhures, são inúteis e só servem para destruir nações em combate entre si, com prejuízos enormes materiais e humanos sem precedentes para os países que ainda teimam em usar a força das armas letais ou mesmo ameaçam empregar armas nucleares como, por vezes, ouvimos de porta-vozes da Rússia. Digo isto porque todos sabemos que uma guerra nuclear será fatal para o planeta Terra. Já o dissera em texto de natureza apocalíptica o grande filósofo e matemático inglês Bertrand Russsell (1872-1970) tantas vezes por mim lembrado sobre o tema de uma guerra nuclear.