Raridade: índios verdadeiros como atores de fotoromanzo
Por Flávio Bittencourt Em: 03/02/2010, às 20H45
Raridade: índios verdadeiros como atores de fotoromanzo
No Blog do Madeira está essa página de etnofotonovela brasileira, uma verdadeira raridade, enviada por um leitor amigo.
(http://www.blogdomadeira.com.br/wp-content/uploads/2009/04/borba_hq.jpg)
UM FOTOROMANZO E TANTO:
"SOFIA LOREN
Este post foi editado por ROBSON TERRA - 19/2/2008, 01:52"
(A PARTE DA LEGENDA ACIMA TRANSCRITA QUE ESTÁ
ENTRE ASPAS E A REPRODUÇÃO DE CAPA DE REVISTA
ITALIANA DE FOTONOVELAS ESTÃO, NA WEB, EM:
http://fotoromanzilancio.forumfree.it/?t=11207511&st=180)
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FOTOPOTOCAS, de Ziraldo: UM PRODUTO SEMIÓTICO-HÍBRIDO, ENTRE A
CHARGE E A FOTONOVELA (herdeira dos quadrinhos)
(SÓ A FOTO DE CAPA DO Nº 2 DA RESPECTIVA REVISTA, SEM A LEGENDA
ACIMA REDIGIDA, ESTÁ, NA WEB, EM:
"A primeira revista de fotonovela, a “fotoromanzo” italiana, datada de 8 de maio de 1947, surgiu na Itália com o nome "Il mio sogno", elaborada por Stefano Reda, jornalista apaixonado por literatura, e Giorgio Camis De Fonseca, diretor da Editora “Novissima di Roma”; sobre a revista havia as palavras: "settimanale di romanzi d'amore a fotogrammi". Era composta por duas fotonovelas, "Nel fondo del cuore" de Stefano Reda e "Menzogne d'amore" de Luciana Peverelli, protagonizadas por Glauco Selva e Resi Farrel. As primeiras propostas de fotonovelas, porém, não foram histórias inéditas, mas fotos sequenciais de filmes conhecidos da época, tais como: "La principessa Sissi", com Romy Schneider, "Violenza sull'autostrada" com Luisa Ferida e "Eliana e gli uomini" com Ingrid Bergman (...)".
A Ziraldo, à turma do Pasquim
e aos escritores (argumentistas, roteiristas), diretores, atores, fotógrafos,
diretores de arte, cenógrafos, figurinistas, maquiadores [NO CASO
DA FOTONOVELA COM ÍNDIOS AUTÊNTICOS ELES NÃO
PRECISARAM TRABALHAR], técnicos (iluminadores, eletricistas, motoristas
etc.), desenhistas de balões e dos diálogos dentro deles inseridos, montadores
e outros profissionais que trabalharam na elaboração dos - como se diz
na Itália e na França - "FOTORROMANCES", aqui na Coluna "Recontando
estórias do domínio público" denominados (possivelmente) pela primeira
vez como CONTOS FOTOGRÁFICO-SEQUENCIAIS ou, de forma um
pouco mais abreviada, CONTOS FOTOSSENQUENCIAIS, sendo que há,
ainda, uma forma ainda mais sintética, FOTOQUADRINHOS, reconhecida
sua autonomia frente à arte fotográfica dita "pura", à literatura e
à nona arte (a arte dos quadrinhos), da qual foi evidentemente
parida (HÁ AS FORMAS HÍBRIDAS QUADRINHOS/FOTONOVELAS,
algumas que geraram produtos célebres da comunicação de massa
de nossos dias, COMO AQUI SE VERÁ FUTURAMENTE - é o
está previsto e se espera que aconteça)
4.2.20'0 - O "fotorromance" ou estórias fotoquadrinizadas [designação desta modesta Coluna] - Na França, elas são chamadas de ROMAN-PHOTO [pronuncia-se 'ROMÃ-FOTÔ', "romance-fotografia]. Na Itália, elas foram produzidas em grande quantidade. N'O Pasquim (semanário satírico-político carioca, 1969 e anos seguintes), sua linguagem foi utilizada para que charges fotonovelísticas fossem apresentadas. Antes, Ziraldo já tinha criado as FOTOPOTOCAS, charges-"fotonovelísticas"-com-uma foto-só (com uso dos balões, dos quadrinhos). Mas o título do presente suelto refere-se a fotonovelas brasileiras, com índios autênticos. Assim que for possível, aqui se informará um pouco sobre o Sr. Madeira, o Sr. Antônio Borba e a cantora Waldirene - e sobre os índios, naturalmente. Alguns deles - ou todos eles - são de Varginha-MG, lá mesmo onde (dizem) os ETs deram o ar de sua graça, certa vez. Então, essa fotonovela é varginhense, como o "ET de Varginha" NÃO ERA, uma vez que nem mesmo de algum corpo celeste do Sistema Solar veio ele, provavelmente. Flavio A. L. Bittencourt ([email protected])
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[A RARIDADE À QUAL O TEXTO A SEGUIR TRANSCRITO SE REFERE É A FOTONOVELA
COM UMA PÁGINA ACIMA REPRODUZIDA, primeira gravura]
"Fotonovela
April 6th, 2009
"O leitor Carlos Sérgio Cornwall traz uma raridade, parte de uma das fotonovelas estrelada pelo varginhense Antonio Borba. “Essa é de 1969, onde ele fazia par romântico com um dos ícones da Jovem Guarda a cantora Waldirene. Pelos slides, vemos os momentos
"COMENTÁRIO DE "TIA DORA":
Tia Dora // Apr 6, 2009 at 2:25 pm
Muito bom a cidade resgatar os feitos de seus filhos ilustres. A era das fotonovelas, mostrava uma época em que as pessoas eram mais companheiras,amigas e fraternas.
Belo resgate cultural . O cacique ao lado do Antonio Borba parece o Juruna". (IDEM)
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VERBETE 'FOTONOVELA', DA WIKIPÉDIA
"Fotonovela
Fotonovelas são novelas em quadrinhos que utilizam, no lugar dos desenhos, fotografias, de forma a contar, sequencialmente, uma história.
No Brasil, as fotonovelas tiveram um mercado cativo por mais de 25 anos, entre os anos 50 e 70, representando a idéia de uma imprensa popular feminina, com milhões de leitores de histórias publicadas em revistas com grande circulação nacional.
Índice |
Histórico
A primeira revista de fotonovela, a “fotoromanzo” italiana, datada de 8 de maio de 1947, surgiu na Itália com o nome "Il mio sogno", elaborada por Stefano Reda, jornalista apaixonado por literatura, e Giorgio Camis De Fonseca, diretor da Editora “Novissima di Roma”; sobre a revista havia as palavras: "settimanale di romanzi d'amore a fotogrammi". Era composta por duas fotonovelas, "Nel fondo del cuore" de Stefano Reda e "Menzogne d'amore" de Luciana Peverelli, protagonizadas por Glauco Selva e Resi Farrel.
As primeiras propostas de fotonovelas, porém, não foram histórias inéditas, mas fotos sequenciais de filmes conhecidos da época, tais como: "La principessa Sissi", com Romy Schneider, "Violenza sull'autostrada" com Luisa Ferida e "Eliana e gli uomini" com Ingrid Bergman.
Muitos atores de cinema protagonizaram fotonovelas, entre eles Vittorio Gassman, Sofia Loren, Laura Antonelli, Silvana Pampanini, Gina Lollobrigida, Silvana Mangano, Raf Valone, Ornella Muti, Terence Hill, Massimo Serato.
Fotonovela no Brasil
A primeira revista de fotonovela publicada no Brasil foi "Encanto", pois embora "Grande Hotel" circulasse desde 1947, só em seu nº 210, de 31/07/1951, publicou a primeira fotonovela, intitulada "O primeiro amor não morre". O primeiro número de "Capricho" circulou em 17/07/1952.
Nos anos 70, mais de 20 revistas de fotonovelas chegaram a circular no Brasil, publicadas por várias editoras: Bloch, Vecchi, Rio Gráfica, Abril e Prelúdio, sendo que, na época, ao contrário das demais editoras que importavam as fotonovelas da Itália, a Bloch produzia suas fotonovelas no Brasil, com a revista "Sétimo Céu"[1].
Em pesquisa de 1974, as revistas de fotonovela só eram superadas, em venda, pelas revistas de quadrinhos infantis. A revista "Capricho", da Editora Abril, era na época a mais vendida (média quinzenal de 211.400 exemplares), perdendo apenas para "Pato Donald", "Mickey" e "Tio Patinhas" (cada uma com uma média periódica aproximada de 400 mil exemplares)[2].
Em 1975, o Instituto Verificador de Circulação analisou a receptividade que as revistas de fotonovelas tinham em todo o país, na venda avulsa. A revista "Capricho" vendia quinzenalmente 273.050 exemplares, sendo que possuía, em todo o país, apenas três assinaturas[3]. Com fotonovelas italianas, "Capricho" também vendia em Portugal e colônias ultramarinas, num total de 11.186, com apenas um assinante, anônimo. Super Novelas Capricho, com circulação quinzenal, vendia 104.903 exemplares, com apenas dois assinantes no Brasil, "Ilusão" vendia quinzenalmente 108.319 exemplares, e "Noturno", com venda mensal de 72.007<Idem, ibidem>.
Características
A fotonovela apresenta uma narrativa que utiliza em conjunto a fotografia e o texto verbal. Como nas histórias em quadrinhos desenhadas, cada quadrinho da sequência corresponde a uma cena da história, no caso, corresponde a uma fotografia acompanhada da mensagem textual.
São, em geral, publicadas no formato de revistas, livretos ou de pequenos trechos editados em jornais e revistas, e algumas são divididas em capítulos que, geralmente, têm um desfecho próprio, uma espécie de cliffhanger, que cria suspense e curiosidade no leitor, levando-o a comprar a continuação.
A característica principal das histórias é a intriga sentimental, geralmente apresentando uma heroína de origem humilde que luta por um amor difícil e complicado, alcançando seu objetivo de felicidade no final da narrativa. As personagens são pouco trabalhadas psicologicamente, com características maniqueístas e as consequências são sempre estereotipadas.
Críticos e estudiosos consideraram a fotonovela, quase sempre, como um “subgênero da literatura”[4]. Entre os anos 1967 e 1971, Angeluccia Bernardes Habert, como tese de doutoramento no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, pesquisou o campo das fotonovelas, resultando o "estudo de uma forma de literatura sentimental fabricada para milhões", subtítulo que deu à "Fotonovela e Indústria Cultural", editada pela Vozes (1973)[5].
Principais revistas de fotonovelas no Brasil
- Capricho (Editora Abril)
- Super Novelas Capricho (Editora Abril)
- Grande Hotel (Editora Vecchi)
- Ilusão
- Noturno
- Encanto
- Fascinação
- Contigo
- Sétimo Céu (Editora Bloch)
- Carinho
- Carícia
Atores brasileiros de fotonovelas
- Rose di Angelis
- Marie Luise Indrik
- Elisângela
Atores italianos de fotonovelas
- Franco Gasparri
- Franco Dani
- Franco Andrei
- Michella Roc
- Rosana Galli
- Katiuscia
- Marina Coffa
- Sandro Moretti
- Jean Mary Carletto
- Claudia Rivelli
- Adriana Rame
- Claudio De Renzi
- Gianni Vannicola
- Alex Damiani
- Sebastiano Somma
- Alessandro Inches
- Franco Califano
- Ornella Pacelli
- Maurizio Vecchi
- Gioia Scola
- Barbara De Rossi
- Francesca Dellera
- Luc Merenda
- Kirk Morris
- Ivan Rassimov
- Renato Cestiè
- Pascal Persiano
- Maura Magi
- Luciano Francioli
Notas e referências
- ↑ MILLARCH, Aramis. As Fotonovelas. Curitiba: Jornal Estado do Paraná, 10/02/1974
- ↑ Idem, ibidem
- ↑ MILLARCH, Aramis. Curitiba: Jornal Estado do Paraná, 15/03/75
- ↑ JOANILHO, André Luiz; JOANILHO, Mariângela Peccili Galli. Sombras literárias: a fotonovela e a produção cultural (dez 2008). In: [1]
- ↑ MILLARCH, Aramis. As Fotonovelas. Curitiba: Jornal Estado do Paraná, 10/02/1974
Referências bibliográficas
- JOANILHO, André Luiz; JOANILHO, Mariângela Pecciolli Galli. Sombras literárias: a fotonovela e a produção cultural. Revista Brasileira de História, vol. 28, nº 56. In [2]
- MILLARCH, Aramis. Fotonovelas. Curitiba: Jornal Estado do Paraná, 15/03/75. In: [3]
- MILLARCH, Aramis. As Fotonovelas. Curitiba: Jornal Estado do Paraná, 10/02/1974 In: [4]
Ligações externas
"As fotonovelas"
(Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1974)
Representando o segundo grupo de revistas em tiragem e circulação, as Fotonovelas merecem o primeiro estudo de nível acadêmico publicado no Brasil - e um dos poucos realizados em todo o mundo. A baiana Angeluccia Bernardes Habert, como tese de doutoramento no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, pesquisou entre 1967/71, o fértil campo das FN, resultando um "estudo de uma forma de literatura sentimental fabricada para milhões", subtítulo que deu a "Fotonovela e Indústria Cultural", editada pela Vozes na mesma coleção por onde anteriormente saíram ensaios de Moacy Cirne sobre histórias-em-quadrinhos, e o do jornalista curitibano, Roberto Muggiati, "Rock, o Grito e o Mito". As revistas de fotonovela só são superadas em venda pelas revistas de quadrinhos infantis. "Capricho" da Editora Abril, a mais vendida (média quinzenal de 211.400 exemplares) só perde para "Pato Donald", "Mickey" e "Tio Patinhas" (cada uma com uma média periódica aproximada de 400 mil exemplares). No Brasil as revistas de FN correspondem à idéia de uma imprensa popular feminina. O caráter feminino é reforçado no sentido de veicular o romanesco e o sentimental, e o popular por destinar-se aos grupos sociais de baixo nível de renda e escolaridade. A primeira revista de FN publicada no Brasil foi "Encanto" (São Paulo, 1981), pois embora "Grande Hotel" circulasse desde 1947, só em seu nº 210, de 31-7-51, publicou a primeira FN ("O primeiro amor não morre"). O primeiro número de "Capricho" circulou a 17-7-52. Hoje, mais de 20 revistas de FN são publicadas pela Bloch, Vecchi, Rio Gráfica, Abril e Prelúdio, sendo que a única a produzir fotonovelas no Brasil é a Bloch ("Sétimo Céu").
A Novela - Fotonovela - Telenovela - Radionovela
Novela em português é uma narração em prosa de menor extensão do que o romance. Se bem que a distinção entre novela e romance não seja clara, pode-se dizer que a novela apresenta, por um lado, uma maior economia de recursos narrativos do que o romance e, por outro, um maior desenvolvimento de enredo e personagens do que o conto, com diversos personagens e linhas narrativas. Etimologicamente, folhetins televisivos de longa duração deveriam ser chamados em português de telerromances, mas o termo origem espanhola já está consagrado: telenovelas. No Brasil, os termos novela e telenovela são sinônimos, mas o primeiro é muito mais usado.
A novela literária
Os estudos de gênero da literatura em língua portuguesa classificam uma narrativa, grosso modo, em Romance, Novela ou Conto. É comum dividirmos romance, novela e conto pelo número de páginas. Em média, a novela tem entre 50 e 100 páginas, ou seja 20 mil a 40 mil palavras. Entretanto, o romance tem diferenças estruturais importantes em relação à novela e ao conto, estes sim gêneros sem diferenciação em determinados países. Os equivalentes de novela em inglês e francês são novella e nouvelle, respectivamente, enquanto romance se diz novel em inglês e roman em francês.
Para Carlos Reis (2003), enquanto no conto a ação manifesta-se como uma ação singular e concentrada, no romance há um paralelo de várias ações e, na novela, uma concatenação de ações individualizadas.
Eikhenbaum, formalista russo, define a diferença entre um e outro em artigo de 1925. Para ele "o romance é sincrético, provém da história, do relato de viagem, enquanto novela é fundamental, provém do conto (Poe) e da anedota (Mark Twain). A novela baseia-se num conflito e tudo mais tende para a conclusão."
Primórdios da novela
As origens da novela enquanto gênero literário remontam aos primórdios do Renascimento, designadamente a Giovanni Boccaccio (1313-1375) e a sua grande obra, o Decameron, ou Decamerão, que rompe com a tradição literária medieval, nomeadamente pelo seu carisma realista. Trata-se de uma compilação de cem novelas contadas por dez pessoas, refugiadas numa casa de campo para escaparem aos horrores da Peste Negra, a qual é objeto de uma vívida descrição no preâmbulo da obra. Ao longo de dez dias (de onde decameron, do grego deca, dez), as sete moças e os três jovens, para ocuparem as longas horas de ócio do seu auto-imposto isolamento, combinam que todos os dias cada um conta uma estória, geralmente subordinada a um tema designado por um deles. Refira-se ainda outra obra, escrita em francês, com o mesmo tipo de estruturação: o Heptameron, da autoria de Margarida de Navarra (1492-1549), rainha consorte de Henrique II de Navarra. Aqui, são dez viajantes que se abrigam de uma violenta tempestade numa abadia. Impossibilitados de comunicarem com o exterior, todos os dias cada um conta uma estória, real ou inventada. Em jeito de epílogo, cada uma é concluída com comentários dos participantes, em ameno diálogo. Era intenção da autora que, à semelhança do Decameron, a obra compreendesse cem estórias, porém a morte impediu-a de realizar o seu intento, não indo além da segunda estória do oitavo dia, num total de 72 relatos. Será também a morte prematura que poderá explicar uma certa pobreza de estilo, contrabalançada porém por uma grande perspicácia psicológica.
Instituição da novela enquanto estilo literário
Mas será apenas nos séculos XVIII e XIX que os escritores fundam a novela enquanto estilo literário, regido por normas e preceitos. Os alemães foram então os mais prolíficos criadores de novelas (em alemão: "Novelle"; plural: "Novellen"). Para estes, a novela é uma narrativa de dimensões indeterminadas – desde algumas páginas até às centenas – que se desenrola em torno de um único evento ou situação, conduzindo a um inesperado momento de transição (Wendepunkt) que tem como corolário um desfecho simultaneamente lógico e surpreendente.
Grandes novelas da literatura mundial
1759: Cândido, ou o otimismo, de Voltaire
1882: O Alienista, de Machado de Assis
1886: A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói
1887: Um estudo em vermelho, de Sir Arthur Conan Doyle
1891: Billy Budd, Herman Melville
1898: A volta do parafuso, de Henry James
1903: Tufão, de Joseph Conrad
1915: Metamorfose, de Kafka
1952: O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway
1959: Adeus, Columbus, de Philip Roth
1962: Aura, de Carlos Fuentes
1973: O Exército de um homem só, Moacyr Scliar
FOTONOVELA
Uma fotonovela é uma espécie de novela em formato de história em quadrinhos onde o tipo das imagens predominantes são fotos em vez de desenhos.
É uma forma de arte seqüencial que conjuga texto e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos. São, em geral, publicadas no formato de revistas, livretos ou de pequenos trechos editados em jornais e revistas.
Assim como as telenovelas, algumas fotonovelas são divididas em capítulos que geralmente tem um desfecho próprio, para dar a sensação de suspense e curiosidade ao leitor que certamente ficará tentado a comprar a continuação.
História da Fotonovela
Considerada um subgênero da literatura, a fotonovela é uma narrativa mais ou menos longa que conjuga texto verbal e fotografia. A história é narrada numa seqüência de quadradinhos (como a banda desenhada) e a cada quadradinho corresponde uma fotografia acompanhada por uma mensagem textual.
A fotonovela teve início na década de 40 em Itália e a sua origem foi motivada pela crescente popularização do cinema e a fama dos atores. A estabilização e o aperfeiçoamento técnico da fotografia, o acesso mais ou menos difícil de um público geral ao cinema e a inexistência ou limitada difusão da televisão são também fatores importantes para o surgimento e sucesso da fotonovela . O neo-realismo em voga na Itália determinou as descrições quotidianas e a temática urbana e realista presente nas fotonovelas. Os iniciadores da fotonovela em Itália foram Stefano Reda e Damiano Damiani que começaram por publicar em revistas adaptações de filmes de sucesso (o chamado cine-romance que adaptou obras como O Conde de Monte Cristo, O Monte dos Vendavais, Ana Karennina, e A Dama das Camélias). Essas primeiras fotonovelas eram protagonizadas por atores populares e as revistas tentavam realçar um determinado tipo de imagem do ator em questão.
Mais tarde a fotonovela torna-se independente do cinema e caracteriza-se pelas suas intrigas sentimentais (a heroína é quase sempre uma rapariga de origem modesta que sonha com um amor cheio de obstáculos e dificuldades, mas no final consegue o seu objetivo), as personagens não demonstram um grande desenvolvimento psicológico e são sempre estereotipadas (os bons são sempre bons e os maus arrependem-se no final ou sofrem as conseqüências), predomina o imaginário exótico, e, mais tarde o “suspense” e o sexo, os temas variam entre problemas afetivos, sociais, a procura de sucesso numa carreira, a justiça na sociedade, a ascensão social, a marginalidade, etc.
O público da fotonovela é um público majoritariamente feminino e culturalmente pouco exigente, com pouca formação e com um baixo poder econômico. As revistas de fotonovela têm como finalidade a transmissão dos princípios éticos, morais e sociais concordantes com o sistema de valores da ideologia dominante através da integração da mulher na sociedade urbana.
Em França a primeira fotonovela data de 1949 e a sua expansão para Luxemburgo e Bélgica acontece logo depois. Em Espanha, a fotonovela surge nos finais dos anos 60 e conta com um público bastante extenso. Mais tarde a fotonovela chega à América latina e África do norte (a maior parte das revistas são traduções dos originais italianos). A fotonovela é um fenômeno que não tem ocorrência no mundo anglo-saxônico. É um produto de literatura de massas tipicamente latino.
A articulação narrativa da fotonovela é semelhante à da banda desenhada: um fotograma que apresenta um plano da ação acompanhado do texto verbal que reproduz o discurso das personagens, funcionando também como legenda ou resumo. O encadeamento da ação é lógico e cronológico, utilizando-se muitas vezes o recurso à elipse. A ação é, muitas das vezes, arrastada ao longo de vários números de uma revista o que aproxima a fotonovela do romance-folhetim do séc. XIX e do folhetim radiofônico. O narrador desempenha um papel importante na fotonovela uma vez que, para além de elucidar o leitor sobre a ação, enuncia também juízos de valor, ilações de teor moral, justificações sobre o comportamento das personagens e controla a ação, retardando-a e alongando-a. A linguagem utilizada nas fotonovelas é, normalmente redundante e expositiva para evitar a possibilidade de dúvidas ou conflito.
Relativamente à fotografia nem sempre as fotonovelas possuem grande qualidade uma vez que a preocupação do consumo rápido e imediato das revistas e a preocupação do lucro fácil sobrepõem-se a uma maior noção artística. Os planos e os enquadramentos utilizados nas fotografias são quase sempre retirados do cinema.
TELENOVELA
Uma telenovela é um folhetim televisivo de longa duração, diferentemente da minissérie, que é de curta duração. A telenovela caracteriza-se por explorar enredos de fácil aceitação pelo público, como histórias de amor e conflitos familiares e sociais. Diferencia-se do teatro e do cinema basicamente por ser um produto cultural rapidamente descartável, além de funcionar como uma espécie de obra aberta, cujo desenvolvimento e desfecho podem ser alterados a qualquer momento, de acordo, principalmente, com os índices de audiência (Ibope), ou seja, segundo o interesse imediato do público na história.
História da telenovela no Brasil
Em 1950 surge a televisão e logo depois, em 1951, a primeira telenovela é transmitida na TV Tupi, Sua vida me pertence. Este novo tipo de narrativa era uma aquisição recente, e não se sabia ainda como explorá-lo, então o passado radiofônico foi usado como apoio. Durante praticamente toda a década de 50, a telenovela evoluiu no interior de uma TV pautada pela improvisação técnica, organizacional e empresarial. Este quadro que irá se transformar na década de 60. A implantação de uma indústria cultural modifica o padrão de relacionamento com a cultura, uma vez que definitivamente ela passa a ser concebida como um investimento comercial, e transforma a mentalidade na forma de gerir o patrimônio.
O advento da telenovela diária está estreitamente ligado a este quadro mais amplo de transformações. Com o surgimento do videoteipe, a primeira telenovela diária, 2-5499 ocupado, do argentino Alberto Migré, é levada ao ar em julho de 1963 pela Excelsior. Ela surge como uma narrativa apropriada para ampliar o público das emissoras e dá certo, embora no início o público tenha tido ainda algumas dificuldades para se acostumar à sua seqüência diária. Ela entrou no cotidiano e já em 1964, tornou-se mania nacional, com o grande sucesso O Direito de Nascer. Entre 1963 e 1969 são levadas ao ar 195 novelas, número superior ao do período de 1951 a 1963, com uma diferença significativa, trata-se agora de estórias diárias, que preenchem a programação durante toda semana.
Programação obrigatória das emissoras, elemento fundamental na distribuição dos horários e dos custos, a telenovela é também responsável pela elevação dos índices de audiência das emissoras e alteração na distribuição da programação. O horário entre 19h e 20h30, antes preenchido prioritariamente com filmes e telejornalismo, passa a ser ocupado quase que inteiramente pelas novelas. Somente em 1965 foram produzidos 48 textos diários. Isto significa, por um lado, o fortalecimento do gênero, mas por outro, demonstra ainda a ausência de um modelo de produção que racionalize a relação entre duração e custo operacional, e permita determinar com alguma precisão qual o número de capítulos que uma estória deve ter para ser rentável.
Uma periodização histórica, de 1963-66, nos permite ter uma idéia do tipo de novelas que marcam os anos 60. O que caracteriza o período é a presença do melodrama. Mas se é verdade que o melodrama era homogêneo, é importante levarmos em consideração que a década de 60 não se caracteriza exclusivamente pela sua presença. Existiram algumas tentativas que buscaram reformular as temáticas e os referenciais de linguagem circunscritos até então ao modelo folhetinesco, como Beto Rockefeller que aparece como um marco no gênero. A contradição que existia entre teleteatro e telenovela nos anos 50, enquanto elemento de distinção entre dois gêneros dramático, se repõe no interior da própria novela.
A partir da virada dos anos 60/70, a telenovela se encontra imersa num processo cultural cada vez mais atravessado pelos influxos modernizadores da sociedade. A época será de busca de padrões de excelência no campo empresarial, de estabilização da programação, e também de qualificação da ficção televisiva. A TV Globo emerge, então, como emissora exemplar e as telenovela passam a enfatizar o uso de linguagem coloquial, cenários urbanos contemporâneos e referências compartilhadas pelos brasileiros. Hoje, a telenovela é responsável pela sustentação econômica e pela maior parte dos lucros das emissoras de televisão. A atração do público pelo universo ficcional e a rentabilidade que ela gera são os principais componentes para o sucesso desse gênero.
Influência da Telenovela na Sociedade Brasileira
A televisão tem uma capacidade peculiar de captar, expressar e atualizar representações através da construção de uma comunidade nacional imaginária. Ela fornece um repertório, anteriormente da alçada privilegiada de certas instituições tradicionais como a escola e a família por meio do qual as pessoas de classes sociais, gerações, sexo e religiões diferentes se posicionam, sendo emblemática do surgimento de um novo espaço público. Ironicamente esse espaço surge sob a égide da vida privada. Não por coincidência, o panorama de maior popularidade e lucratividade da televisão brasileira é a telenovela.
A telenovela exerce um papel de fundamental importância na representação da sociedade brasileira no meio televisivo. A representação é, de uma maneira geral, o ato de tornar algo presente, através de imagens abstratas ou concretas, de conteúdos mentais, de discursos e de outros meios, sem que a ausência material seja superada. No caso da telenovela, a representação diz respeito à capacidade artística de tornar presente, através de formas e figuras, um mundo real ou possível, da experiência direta e concreta ou da fantasia, do delírio ou da intimidade mais idiossincrática.
Abordando temáticas fortes e contundentes, a telenovela se firmou como um dos mais importantes e amplos espaços de problematização do Brasil, das intimidades privadas às políticas públicas. Seus textos sintetizam o público e o privado, o político e o doméstico, a notícia e a ficção, convenções formais do documentário e do melodrama. São vários os exemplos de telenovelas que trataram de forma incisiva temas do âmbito público através da representação da ficção: Verão Vermelho (1960) e Rei do Gado (1996) com a reforma agrária; Gabriela (1975), Saramandaia (1976), O Bem Amado (1973) e Roque Santeiro (1985) com o coronelismo direta ou indiretamente; Vale Tudo (1988), Que rei sou eu (1989), Deus nos Acuda (1992) e Porto dos Milagres (2001) com a corrupção política.
Esse gênero é capaz de propiciar a expansão de dramas privados em termos públicos e de dramas públicos em termos privados. Os modelos de homem e mulher, de relacionamentos, de organização familiar e social são amplamente divulgados e constantemente atualizados pela telenovela para todo o território nacional. Ela estabelece padrões com os quais os telespectadores não necessariamente concordam mas que servem como referência legítima para que eles se posicionem e dá visibilidade a certos assuntos, comportamentos, produtos e não a outros. O vestuário, a decoração, as gírias e as músicas que cada telenovela lança transmitem uma certa noção do que é ser contemporâneo. Personagens usam telefones sem fio, celulares, faxes, computadores, trens, helicópteros, aviões, meios de comunicação e de transporte que atualizam de modo recorrente os padrões vigentes na sociedade.
Nota lingüística
A palavra telenovela é uma palavra que surgiu inicialmente na língua castelhana, baseada nas palavras televisión (televisão) e novela. Novela, ou melhor, novel tem em língua inglesa que predomina uma linguagem mundial o sentido de história longa e enredo complexo, ou seja romance, e é esse o sentido que se lhe dá em telenovela. Em português, as novelas passaram a ser transmitidas em outros países da América Latina, no entanto, novela significa história curta, ou seja, aproximadamente 7 meses, (O equivalente inglês é novelette.) Folhetins de longa duração deveriam ser chamados em português tele-romances. Essa palavra foi usada em Portugal com a telenovela Chuva na Areia de Luís de Stau Monteiro, mas o termo não criou uso. No Brasil, o gênero é chamado simplesmente "novela" (como abreviação da palavra telenovela).
RADIONOVELA
Radionovela é uma novela exibida em rádio. O lugar que atualmente cabe à televisão no entretenimento doméstico era ocupado pelo rádio, incluindo a exibição de novelas. Jerônimo, o Herói do Sertão, é talvez a radionovela nacional mais famosa do Brasil. A versão de O direito de nascer também fez sucesso.
Jerônimo foi adaptada pela TV Tupi como Telenovela, protagonizada pelo ator Francisco Di Franco ao lado de Eva Christian (Aninha),Canarinho (Moleque Saci), Toni Tornado (João Corisco) e Ítalo Rossi (Coronel Saturnino de Bragança, avô de Aninha). A versão televisiva teve três episódios: Laços de Sangue (que contava a origem do herói), Fronteiras do Mal e Sendas do Crime.
História da Radionovela no Brasil
A pequena Rádio São Paulo dá abrigo a Oduvaldo Vianna , que retornando de uma temporada como correspondente do jornal A Noite em Buenos Aires, trazia como grande novidade o enorme sucesso das novelas transmitidas pela Radio El Mundo. Entusiasmado Oduvaldo escreveu algumas novelas e, inutilmente , procurou patrocinadores . Convidado a dirigir a Rádio São Paulo aceitou o cargo e aproveitou para levar ao ar sua radionovela : A predestinada.
O sucesso foi tão rápido e consistente que em poucos meses a emissora situava-se como líder de audiência em São Paulo. Qual a receita deste inesperado sucesso? A radionovela resgatava, de alguma forma, o imaginário popular reproduzindo através dos contos e casos do cotidiano simples e sofrido da brasileira típica da época : a dona de casa. Em se tratando do universo feminino , numa época em que predominava o comportamento submisso , fruto de uma cultura historicamente machista e autoritária , a radionovela - bem como sua irmã mais próxima : a fotonovela - priorizava temáticas próximas ao papel possível em uma sociedade em transição do rural para o urbano , do arcaico para o moderno.
Voltada para um público onde a subserviência e alienação ditam o modo de agir, a radionovela exerceu papel importante ao reforçar os papéis femininos desejáveis, fortemente enraizados nos quatro mitos da cultura cristã - ocidental em relação à mulher: o amor, a paixão, o incesto e a pureza. Estes elementos, fortemente presentes na cultura latina foram assimilados, codificados e transformados de modo a constituir um produto rentável e facilmente palatável, seja para o ouvinte quanto aos interesses financeiros de mercado . Assim , formatado como um produto direcionado à mulher, os temas desenvolvidos priorizavam as questões ligadas à busca do casamento (objetivo final de toda mulher de família) ; mulheres traídas e/ou abandonadas (decorrência do casamento frustrado) ; mães solteiras (casamento não consolidado) rejeitadas pela família e pela sociedade; adultério (casamento em crise pela incapacidade da mulher em completar os anseios do marido) ; preservação da pureza feminina (condição necessária para concretizar o casamento ) e pecados carnais e luxuriosos (o sexo extra-casamento, novamente causado pela incapacidade feminina e reservado exclusivamente ao homem).
Os títulos das novelas , bem como das fotonovelas, filmes mexicanos , argentinos e italianos exibidos em grande quantidade nos anos quarenta e cinqüenta , deixam claro o tom melodramático e a necessidade de fazer chorar e sofrer : Almas desencontradas; Prisioneira do Passado; Sonhos Desfeitos; Mais forte que o amor; Perdida ; Mulher sem alma e - a maior de todas - O Direito de nascer do cubano Félix Cagnet , cujo enredo tinha início com a frase bombástica de Maria Helena (futura mãe de Albertinho Limonta) :
-"Doutor , não posso ter este filho que vai nascer."
Primeiramente na voz de Walter Foster na Rádio Tupi de São Paulo e de Paulo Gracindo na Nacional do Rio de Janeiro o personagem de Albertinho Limonta , pela primeira vez na história da comunicação brasileira , levou a população a um estado de comoção. O mesmo sucederia nas diversa vezes em que foi exibida pela televisão. Registra Ismael Fernandes em Telenovela Brasileira: Memória que o último capítulo em 13 de agosto de 1965 foi seguido de uma festa no Ginásio do Ibirapuera¸ totalmente lotado e numa espécie de neurose coletiva o povo gritava os nomes dos personagens e chorava por Mamãe Dolores, Maria Helena e Albertinho.
Nas emissoras do ABC o gênero consolidou-se na forma de rádio teatro como o Grande Teatro de Emoções apresentado na Rádio Independência de São Bernardo do Campo e que levava ao ar , no final da década de 50, peças produzidas por Guido Fidélis e Oswaldo Russi . A mesma dupla escreveu para a Rádio São Paulo em 1958 a novela Remorso . Pelas ondas da ZYR - 82 , Rádio Emissora ABC , ia ao ar aos sábados o Grande Teatro Philips com textos de Alves Cabral e Edson Lazari.
Segundo Silvia Borelli e Maria Celeste Mira a partir dos anos 60 a radionovela perde espaço para a telenovela , até desaparecer em 1973. Segundo estas pesquisadoras: com a consolidação da telenovela, risos, lágrimas , medos e ansiedades passam a ser visualizados.(...) O melodrama ocupou novos territórios; construiu sua hegemonia original e passou gradativamente a conviver com aventuras , comédias, policiais, até a plena explosão da diversidade ficcional na televisão , a partir dos anos 70 .
FONTES:
http://www.facom.ufba.br/artcult/brasiltelenovela/
http://br.geocities.com/memorialdatv/radio.htm
http://pt.wikipedia.com/
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/
http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/portugues/generos_textuais/mitos/fotonovela.htm
(http://sandrabarsottiatriz.blogspot.com/2009/11/fotonovelas.html)