[Flávio Bittencourt]

Quando Fausto Wolff faleceu

Cunha e Silva Filho escreveu uma comovente crônica de saudade.

 

 

  

 

 

 

 

 

 

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Premio Jabuti, diseño André Koehne

(http://www.ritmodominicano.com/wiki.php?title=Premio_Jabuti_de_Literatura)

 

 

 

 

 Mão Esquerda, A

 (http://www.submarino.com.br/produto/1/21545694/mao+esquerda,+a)

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

(http://operiscopio.wordpress.com/2008/09/07/e-o-velho-lobo-se-entregou/)

 

 

 

 

 

 

"Ele vivia de convicções, embriagado de utopias. Fez de sua caneta uma arma, de rara inteligência, de humor ferino, de contestação à desordem mundial estabelecida. Fausto Wolff, nosso carioquíssimo gauchão, está agitando lá no céu. Camarada jornalista, sua independência já está fazendo muita falta".

(CHICO ALENCAR)

 

 

 

 

 

 

(http://www.socialismo.org.br/portal/comunicacao-social/86-documento/540-fausto-wolff)

 

 

 

 

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CUNHA E SILVA FILHO

(http://www.blogger.com/profile/12037252010900446606)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://operiscopio.wordpress.com/2008/09/07/e-o-velho-lobo-se-entregou/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://operiscopio.wordpress.com/2008/09/07/e-o-velho-lobo-se-entregou/

 

 

 

 

 

                                              AO VELHO JOVEM LOBO,

                                              EM AFETUOSA MEMÓRIA

 

  

 

23.3.2011 - O homem tinha uma impressionante capacidade de produção - Como é que saía tanto texto de suas mãos, por meio de suas privilegiadas inteligência e memória? Como se não bastasse Fausto Wolff TRABALHAR TANTO, os conteúdos por ele produzidos eram generosos e apontavam para um mundo melhor. Sobre a qualidade literária de seus livros, basta que se lembre que, em 1997, recebeu ele o PRÊMIO JABUTI, pelo romance que publicara no ano anterior [1996], cujo título é À MÃO ESQUERDA. (Falecimentos como o de Fausto Wolff deixam muitos milhares de leitores emudecidos, cerrados numa espécie de silêncio eloquente, escandalizados, até: O QUE DIZER, SE AQUELE DESAPARECIMENTO NÃO FOI TIDO COMO "acontecido na hora certa", MAS PRECOCE [afinal, ele ainda não tinha completado 70 anos de idade, e, mesmo se já tivesse completado 90, continuaria sendo um rapaz combativo pra caramba!].)  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

CUNHA E SILVA FILHO ESCREVEU, EM 6.9.2008, SOBRE

O GRANDE LOBO:

 

"Fausto Wolff: jornalismo e coragem

  

Cunha e Silva Filho



                         Há pessoas a quem admiramos que moram anos e anos na mesma cidade que nós e que, no entanto, nunca conheceremos pessoalmente. Acredito que, caso haja outra vida, essa lacuna do conhecimento que não chegamos a travar com alguém, há de ser preenchida. 
                         Essas pessoas que caem na nossa simpatia provavelmente fazem e farão muita falta na continuidade de nossa passagem pela Terra visto que entre elas e nós existem pontos comuns de identificação de visões da vida, de certas comunhão de idéias e de posições morais que, na distância, quer física, quer metafísica, nos aproximam. Talvez seja isso o que aconteça com as nossas preferências por certos ídolos, certos ícones em todas as manifestações culturais. 
                        Nunca vi pessoalmente Fausto Wolff que se tornou, lamentavelmente assunto desta crônica. Digo “lamentavelmente” porque ontem, 5 de setembro, faleceu esse notável jornalista,o qual por tantas vezes me empolgou pela grandeza e coragem de suas crônicas sobre temas da vida política e social brasileira, publicadas na coluna do Caderno B do Jornal do Brasil a partir das mudanças gráficas para o novo formato que, a princípio, reprovei, uma vez que o queria sempre no formato tradicional com maior número de páginas, e o novo formato me parecia mais um tablóide, dando a impressão de jornalzinho de segunda qualidade. 
                     Wolff escrevia sua coluna diariamente, mas eu só a lia aos sábados. Bastava, contudo, uma vez por semana para que pudesse avaliar-lhe a capacidade e o talento de jornalista.
                    Fausto Wolff, cuja grafia original do seu nome é Faustus von Wolffbüttel, lembra um nome aristocrático, nasceu em 1940 em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul. Era de família pobre.Já aos 14 anos trabalhava como repórter policial e contínuo do jornal Diário de Porto Alegre, conforme me informa a nota obituária do JB Veio para o Rio de Janeiro aos 18 anos. Como vemos, sua morte foi relativamente prematura. Ainda tinha muito a produzir intelectualmente.
                  O grande jornalista, grande também fisicamente, não resistiu a uma hemorragia intestinal. Entrara em coma e com um quadro agravado pela insuficiência respiratória..
                  Jornalista, tradutor, contista, romancista, professor de literatura por algum tempo em Copenhague e Nápoles, falando e escrevendo em mais de uma língua, foi, além disso, ou melhor, foi sobretudo jornalista dos melhores que o país já conheceu, principalmente se levarmos em conta o tipo de jornalismo que sua pena praticou: o de opinião, mas de opinião expressa em linguagem original, dessa em que o leitor sentia, borbulhante, o relato de um fato ou de um acontecimento transmitidos com alusões ricas de conhecimentos e mesmo de erudição. Tudo, porém, de forma comedida, na dose certa.
                  O Brasil, sobretudo no governo Lula, sentiu na carne o corte ferino, cáustico, irreverente de sua pena. Creio que com ele morre praticamente esse temperamento de jornalista sem papas na língua, desassombrado, atuante profissionalmente nos momentos mais tristemente dramáticos de nossa vida política atual, causadores de tantos estragos à democracia brasileira se pensarmos no que temos visto acontecer nos três poderes, principalmente no executivo, a ponto de deixar a nós todos eleitores enojados de tantos escândalos e de tanto cinismo. Por isso, entendemos as palavras do escritor Antonio Torres, ao lamentar, chorando, a morte de Wolff e ao afirmar ter o jornalista “... sempre ter se colocado na contramão das tendências.” 
                 Desde os tempos do Pasquim (1969) e mesmo do Pasquim 21, sua atuação no jornal soube dar o tiro certo na denúncia corajosa de nossos erros de nação, e particularmente, de políticos e de política minúscula e sem escrúpulos. Seu verbo não edulcorava fatos e desmandos dos poder público ou privado. Dissecava o ventre de um país injusto em tantos aspectos. Não era de usar eufemismos contra os ímpios e traidores da pátria, ainda que fosse o Chefe da Nação..
              O cartunista e escritor Ziraldo incluía Wolff entre os cinco melhores contistas brasileiros.Não cheguei a ler a sua produção ficcional. Entretanto, dele li, e assim mesmo na parte que me interessava em trabalho de pesquisa para o doutorado sobre camadas mais baixas da sociedade brasileira, o calhamaço Rio de Janeiro: um retrato (a cidade contada pelos seus habitantes) – obra organizada por ele com uma equipe de repórteres e fotógrafos publicada pela Fundação Rio em 1990. A obra, com 712 páginas, reflete a extensa pesquisa de campo da realidade do cotidiano carioca da década de 1980. Seria publicada em 1986, mas houve obstáculos de vária natureza e só veio a lume na data acima referida. No prefácio, Wolff considera essa obra como resultado de um objetivo seu: “... publicar um livro de autoria do povo carioca”. (op. cit., p. 20).
               Passando de relance os olhos pelo Índice do livro, vemos como a pesquisa foi intensa e de vulto, com títulos de capítulos que atestam a multiplicidade de seus depoentes: “A velhinha da rodoviária”, “No banheiro do cinema Íris”, “Os pivetes”, “A prostituta que evita homens”, “O lumpen”, “O professor mal remunerado”, etc., etc.
              Vale a pena, pela pertinência das idéias do autor e da sua atuação como jornalista intrépido, ler o prefácio ao livro e o seu posfácio. Digo valer a pena porquanto é, no discurso livre e desreprimido desse jornalista, que compreendemos como funciona a engrenagem de nosso país. Dissecar com a virulência e corrosão dos grandes críticos bem penso ter sido um dos lemas de Fausto Wolff..
               Nos últimos tempos, quando estava dando sinais evidentes de seus males físicos, houve um breve período no qual o próprio Fausto usava o espaço de sua coluna ou parte dela, para publicar textos de seus leitores e admiradores, o que comprova o quanto prezava o leitor, em especial o leitor com talento para expor suas idéias.
               Informa a edição do JB, já referida, que, nos últimos dias, já por não poder escrever suas crônicas com a regularidade devida, o Caderno B do JB estava republicando-lhe artigos antigos. O deste sábado, dia 6, repito, fora escrito em 2006 e tem por título “A força da verdade” - crônica que analisa um filme de George Clooney – Boa noite, boca sorte. O filme narra os momentos difíceis da vida de um repórter e apresentador de TV, o americano Edward Roscoe Murrow, da CBS, nos difíceis tempos da era McCarthy. Murrow – confessa Wolff -, era um dos seus heróis jornalísticos. O filme mostra como a dignidade, a ética de um grande jornalista deve ser preservada a todo custo. A crônica não deixa, pois, de ser uma espécie de imagem especular do próprio Fausto que, ao longo de sua bela carreira de jornalista, manteve-se afastado dos poderosos, os quais por ele foram sempre alvos de seu jornalismo combativo, enérgico, pondo a ética do jornalismo acima do poder da mídia subserviente e cúmplice das venalidades humanas.             

                 Suas palavras finais, na referida crônica, trazem essa lição de ética do autêntico jornalismo e soam como sábias palavras, sábias também como advertência, àqueles futuros jornalistas e repórteres que a imprensa brasileira está a merecer: “(...) Aconselho aos jovens jornalistas que vejam o filme e compreendam que nossa bela profissão ou é  feita daquela maneira ou é outra profissão.” ( B2,JB, Caderno B)

(http://www.portalentretextos.com.br/colunas/letra-viva/fausto-wolff-jornalismo-e-coragem,212,894.html

e em:

http://www.olobo.net/index.php?pg=colunistas&id=1027,

Publicado dia 7.9.2008
Fonte deste artigo: sítio Entre-textos - Dilson Lages Monteiro - na coluna de Cunha e Silva Filho


[O Lobo - O pasquim de Fausto Wolff e amigos na web])

 

 

 

 

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CUNHA E SILVA FILHO

 

"Quem sou eu",

no BLOG AS IDEIAS NO TEMPO: 

"Doutor em Literatura Brasileira pela UFRJ. Titular de língua inglesa aposentado do Colégio Militar. Lecionou literatura brasileira, língua inglesa inglês instrumental nos cursos de Comunicação Social(Universidade Castelo Branco. Ensaísta, crítico literário, cronista, tradutor, colaborador, desde 1963, em jornais e revistas, sobretudo do estado do Piauí. Autor de Da Costa e Silva: uma leitura da saudade (Editora da UFPI/Academia Piauiense de Letras, 1996; Da Costa e Silva: do cânone ao Modernismo. In: SANTOS, Francisco Venceslau dos. Geografias literárias - Confrontos: o local e o nacional. Rio de Janeiro: Editora Caetés, 2003, p. 113-124; Breve introdução ao curso de Letras: uma orientação. Rio de Janeiro: Editora Quártica, 2009; As ideias no tempo. Teresina: APL/Senado Federal, 2010. Inéditos: Aquela noite de Shakespeare, A solidão na terra, Poemas traduzidos e literatura: as duas faces. Colunista de Letra Viva, site Entretextos, de Dílson Lages. Colabora para o Diário do Povo, Teresina, Piaui. Seus interesses em literatura brasileira se concentram na relação entre literatura, pobreza e marginalidade. Da União Brasileira de Escritores (Piauí)".

(http://www.blogger.com/profile/12037252010900446606)

 

 

 

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VERBETE 'FAUSTO WOLFF ',

WIKIPÉDIA

  

"Fausto Wolff

Fausto Wolff
Fausto Wolff
Nascimento 8 de julho de 1940
Santo Ângelo, Brasil
Morte 5 de setembro de 2008
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileiro
Ocupação jornalista, escritor

Fausto Wolff, pseudônimo de Faustin von Wolffenbüttel[1] (Santo Ângelo, 8 de julho de 1940Rio de Janeiro, 5 de setembro de 2008) foi um jornalista e escritor brasileiro.

Índice

Biografia

Fausto Wolff começou a trabalhar aos catorze anos de idade como repórter policial e contínuo do jornal Diário de Porto Alegre. De família humilde, mudou-se para o Rio de Janeiro aos dezoito anos.[1]

No Rio, chegou a manter três colunas simultâneas, escrevendo sobre televisão no Jornal do Brasil, sobre teatro na Tribuna da Imprensa e sobre política no Diário da Noite. Suas opiniões polêmicas e independentes também começaram a aparecer na TV, com o Jornal de Vanguarda de Fernando Barbosa Lima a partir de 1963.

Em 1968, atingido pela censura do governo militar, Fausto Wollf exilou-se na Europa, onde passou 10 anos, na Dinamarca e na Itália. Ainda no exílio, foi um dos editores de O Pasquim, além de diretor de teatro e professor de literatura nas universidades de Copenhague e Nápoles.[1]

Na volta ao Brasil, com a Anistia de 1978, trabalhou em jornais como O Globo e Jornal do Brasil,[2] mas em seguida passou a dedicar-se apenas à imprensa independente, em especial a O Pasquim. Apoiou Brizola em sua eleição para o governo do estado do Rio de Janeiro em 1982 e, a partir dessa experiência, organizou o volume "Rio de Janeiro, um Retrato: a Cidade Contada por seus Habitantes" (1985), considerado um dos mais completos retratos sociológicos da cidade.

A partir daí, longe do cotidiano das redações de jornais, dedicou-se à literatura, também se responsabilizando pela tradução de algumas obras. Voltou a colaborar para o Pasquim através da reedição do periódico, lançada em 1 de abril de 2002 e rebatizada de Pasquim 21.[3] Em 1999, participou da revista de humor e política Bundas, onde assinava uma irônica coluna com o pseudônimo de Nataniel Jebão, um colunista social direitista e defensor da corrupção do poder.

Em seus últimos anos, manteve uma coluna diária no "Caderno B" do Jornal do Brasil.[4]

Internado em 31 de agosto de 2008 com hemorragia digestiva, morreu por disfunção de múltiplos órgãos, no Rio de Janeiro, em 5 de setembro de 2008.[1]

Prêmios

Fausto Wolff ganhou em 1997 o Prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileiro do Livro, por seu romance À Mão Esquerda. Voltou a ficar entre os dez finalistas do Jabuti em mais duas oportunidades: em 2004 na categoria Poesia e em 2006 na categoria Contos, com A Milésima Segunda Noite.[5] Em 2008 foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura.[6]

Cinema

Fausto Wolff teve também algumas participações no cinema.[7] Em 1977 foi co-roteirista do filme dinamarquês Jorden er flad, no qual igualmente foi ator. Fez ainda pequenos papéis em filmes dirigidos por amigos seus - como Tanga (Deu no New York Times?) (1987), do cartunista Henfil; Natal da Portela (1988) e O Viajante (1999), ambos de Paulo César Saraceni.

Obras publicadas

  • 2008: Olympia (Editora Leitura)
  • 2007: Branca de neve e outras Histórias (Tradução, original dos Irmãos Grimm)
  • 2005: A Milésima Segunda Noite (Bertrand Brasil)
  • 2004: A Imprensa Livre de Fausto Wolff (L&PM)
  • 2003: Gaiteiro Velho (Bertrand Brasil)
  • 2002: O Ogre e o Passarinho (Atica)
  • 2001: O Pacto de Wolffenbüttel e a Recriação do Homem (Bertrand Brasil)
  • 2000: O Lobo Atrás do Espelho: (o romance do século) (Bertrand Brasil)
  • 2000: Cem poemas de amor: e uma canção despreocupada (Bertrand Brasil)
  • 1998: O Nome de Deus: 10 Histórias (Bertrand Brasil)
  • 1997: O Homem e Seu Algoz: 15 histórias (Bertrand Brasil)
  • 1997: Detonando a Notícia: como a Mídia Corrói a Democracia Americana (Tradução, original de James Fallow)
  • 1996: À Mão Esquerda (Civilização Brasileira)
  • 1988: ABC do Fausto Wolff (L&PM)
  • 1984: Carta (com pretensão de conto) de um autor aos estudantes (Companhia Editora Nacional)
  • 1984: Tristana: a maior gota d'água do mundo (Companhia Editora Nacional)
  • 1982: Os Palestinos: Judeus da 3ª Guerra Mundial (Alfa-Omega)
  • 1982: O Dia em que Comeram o Ministro (Codecri)
  • 1979: Sandra na Terra do Antes (Codecri) (reeditado pela Civilização Brasileira, 1996)
  • 1978: Matem o cantor e chamem o garçom (Codecri)
  • ????: O Sorriso Distante (co-autor Anita Brookner) (Bertrand Brasil)
  • 1966: O Acrobata Pede Desculpas e Cai (José Alvaro Editores) (rreditado pela Codecri, 1980)

Sobre o autor

O interesse sobre o autor se estende também à área acadêmica, com dissertações de mestrado defendidas sobre a obra de Fausto Wolff:

  • Carlos José Pinheiro Teixeira. Escrita liminar em tempos de neblina: uma leitura de À mão esquerda, de Fausto Wolff. UFRN, 004.
  • Eunice Esteves. Vozes e imagens na escrita de Fausto Wolff: relações intertextuais com Shakespeare, Poe, Stevenson e Conan Doyle. PUC Minas, 2004.
  • Fabio Eduardo G. Soares. Forma Literária e forma Social: fragmentação e totalidade em À Mão Esquerda, de Fausto Wolf. UFSC, 2005.

Referências

Ligações externas