Poemas do livro "estribilho: a propósito de tudo"
Por Marcos Freitas Em: 05/07/2025, às 15H39

conversa de louco ritmada pelo bater das asas de borboletas azuis
solitário udu faz ninho na barranca do rio da cerca
tendo chuva, somente 0,8% de água será absorvida
o pato mergulhão ainda vive na floresta de cabeça para baixo
o cerrado tem papel central na distribuição das águas
a celulose de florestas plantadas gera papel para o noticiário e novos livros
os corais do Pacífico estão perdendo a cor rapidamente
a anchova é prejudicada pelo aumento da temperatura do mar
efeito estufa desertificação degelo aerossóis
cantos de cigarras anunciam as chuvas vindouras
urso polar é encontrado, com fome, a 800 km de seu habitat natural
no xingu cacique tenta manter viva a língua walapiti
no chão as folhas secas do outono são pisadas por tênis de palmilhas
recicladas
a partir de plásticos marinhos
covarde
em memória de Noa do Catandê
não adianta chorar
nem pedir perdão
o sangue vermelho
não sairá da mão
zona norte / zona sul (leitura nA Gramma)
ao Edmar Oliveira
do Alto do Jurubeba
defronte às portas talhadas por Sebastião Mendes
avisto o rio
e minha rua, partida ao meio
cherita poems
- 1 -
ouro de minas
a velha senhora na janela
emoldura as paredes
sem reboco da casa
dentro do lar
o cheiro do pequi
cozinhando
- 2 -
segurança alimentar
jatobás floridos
em fevereiro de chuva
e também veranicos
logo adiante, frutos duros
a gerar farinha
no combate à anemia
questão de forma
“o rio que passou agora é lama.” Márcio Borges.
imagino ser amorfa bastante a forma,
porquanto a maioria das tragédias
ocorre sempre na forma da lei.
os resíduos, empilhados a montante.
as vítimas, enterradas a jusante.
os lucros, acumulados nos bancos.
Poemas do livro “estribilho |: a propósito de tudo :|”
Marcos Freitas
ASIN : B07ZVSF8DV
Data da publicação: 2019
Páginas: 150
ISBN-10 : 1704507758
ISBN-13 : 978-1704507750
Prefácio: André Giusti
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