OS LIVROS QUE NÃO CONSEGUIREMOS LER
Por Cunha e Silva Filho Em: 28/08/2022, às 22H20
OS LIVROS QUE NÃO CONSEGUIREMOS LER CUNHA E SILVA FILHO Um ilustre linguista brasileiro, já aposentado, uma vez, numa crônica, se não me engano, ou num texto ensaístico, não tenho certeza, lamentava não ter tido tempo de ler alguns livros de suma importância - aduzo de seu texto -, quer da literatura brasileira, quer da literatura estrangeira.Sua pesquisas, enquanto lecionava numa importnte universidade, por serem intensas e lhe tomarem quase todo o tempo de sua mocidade e vida adulta, não lhe permitiam mais vagar a fim de que pudesse tirar maior proveito de mais extensa leitura literária e, ainda suponho, em todos os gêneros literários. Mas, fique sabendo o "scholar" que ele não está sozinho em tal situação no que tange a leituras não feitas em tempos idos. Mesmo o pesquisador de alto nível das áreas da literatura, provavelmente dirão o mesmo que o aludido linguista. Portanto, eu mesmo também teria que confessar os meus grandes "gaps" de leituras que deveriam ser muito mais intensas e extensas no campo dos estudos literários e mesmo da leituras de autores nacionais e estrangeiros, mesmo se tratando de obras-primas da literatura universal. Palavras puxam palavras um professor, ensísta e crítico literário da minha terra, já falecido, leitor compulsivo de literatura e de outros campos de estudos literários ou não-literários, costumava dizer: "Por favor, leitor, não morram sem ler esse livro." Por isso, leitores, não pensem que um "scholar," um grande estudioso, tenham lido tudo durante a vida.E posso me referir também aos clássicos universais, aoso autoaress filósofos desde a velha Grécia. O certo é que o melhor tempo de ler mais extensamente é na juventude e na mocidade, pois, à medida que evelhecemos não teremos mais aquele tempo sem limite durante esses períodos áuraeos de nossa existência na Terra. Pergunto-lhe. leitor, como contornarems esse impasse? Creio que não o coseguiremos. Tempo decorrido e não aproveitado é tempo morto e superado. Contentemo-nos com o pouco que nos resta e aproveitemos, sem exagero nem ansiedade, o que não se conseguirá fazer pela frente. O tempo, sendo uma categoria avassaladora, não nos perdoa pelos erros e omissões amiúde contra a nossa vontade, visto que se erros, omissões e descuidos houve foram eles ditados pelas circunstâncias pretéritas a que não pudemos fugir. Não podemos vancer o tempo, quer por entendimentos ou conceituações filosóficos, quer pela cronologia irreversível. Um grande livros não lido dói como num poema conhecido de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) ou num grito de um emparedado como o grandioso poeta simbolista Cruz e Sousa (1861-1898) Olho, então, para os meus muitos e muitos livros não lidos e sinto-me abatido pela melancolia do 'spleen" romântico. Porém, ali estão eles me espiando e entristecidos pela minha falta de energia e pelo meu cansaço de tantas e tantas outras leituras ao longo do tempo. O "vasto mundo" dos livros a serem lidos me deixa numa encruzilhada de leitor amante e ao mesmo tempo relapso por não ter logrado ler todos, sem distinção de gêneros. E não tenho pejo de afirmar aos quatro ventos que os mecionados "gaps" , a esta altura da vida, lançam olhares de repreensão, de admoestações e de insultos. Dizem eles: "A culpa é vossa leitor escapista, perdeste tempo demais e o gastaste com coisas frívolas e pecaminosas. Foste dionisíaco demais e o sol apolíneo te deu as costas, asssim como os deuses da sabedoria helênica, os deuses latinos, as vozes da sabedoria oriental da mesma sorte te abandonaram de vez. Restam-te as "últimas disponibilidades." Urge, pois, te contentares com as migalhas que te restam. Estas migalhas talvez em parte te darão algums consolo. Contudo, por teu descuido, elas não te perdoarão. Ficarás cativo e submisso a elas caso não te consolares com a "imortalidadade da alma" naquele sentido, que não deixa de ser o grande conforto que te dá o escritor latino Cícero ( 106 a.C- 43 a.C), conforme expresso na obra A amizade.Já que falei em Cícero que, pelo menos, eu dê início à leitura de "A velhice saudável." do mesmo Cícero.